ABL: Academia Brasileiras de Letras, de Machado de Assis a Gilberto Gil

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AQUI RUBENS PONTES |
Meus poemas de sábado

O Don Oleari Portal de Notícias, de instinto  e formação liberal, impõe algumas necessárias regras de conduta jornalística ao seu pessoal de redação interna.

Um exemplo é a certeza  da verdade conhecida  na comunicação a ser divulgada, onde o “achismo” não é aceito na redação  de notícias que envolvam fatos ou pessoas.

As informações partidas do Don Oleari PN deverão sempre ser embasadas em fatos objetivos e comprováveis.

Por óbvio, o colunista  aceita e entende esses valores e os tem como princípio ao narrar principalmente fatos  da nossa História.

 As próprias fontes devem ser confiáveis, completa o colunista.

É assim que o registro deste sábado, embora não expresse necessariamente a visão do Don Oleari PN, se alicerça em fatos históricos amplamente conhecidos e na constatação de opiniões formuladas por escrito (não achismo, como exige o Editor Chefão).

 Machado_de_Assis_1904-1.jpgAcademia Brasileira de Letras

Criada em julho de 1897 por um grupo de notáveis na área da inteligência no setor, a ABL  projetou-se como entidade destinada ao cultivo da língua portuguesa e sobretudo da literatura brasileira.

Machado de Assis, Olavo Bilac, Graça Aranha, Medeiros de Albuquerque, Joaquim Nabuco, Ruy Barbosa, nomes que se impunham nos círculos da literatura, estão entre os seus fundadores.

A ABL tem 40 cadeiras, ocupadas por 40 membros efetivos , escolhidos entre cidadãos brasileiros que, rezam seus estatutos, tenham publicado obras de reconhecido mérito ou livros de valor literário.

E no entanto de repente esse critério perdeu importância. Em 1943 os membros da ABL escolheram Getúlio Vargas para ocupar uma de suas cadeiras.

Reações

Houve reação e críticos  se posicionaram:

 academia-brasileira-de-letras-1.jpg No geral, consideram que ela, a ABL, deixou de ser séria, que virou um “agrupamento de escritores conformistas e políticos poderosos e vaidosos”.

O Colunista estimula a memória para se lembrar de nomes que foram  imortalizados por suas obras mas não se tornaram imortais pela ABL:

Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade, Gilberto Freyre, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Clarice Lispector, Paulo Leminski. O nosso imortal Rubem Braga.

E de nomes que nunca escreveram nada mas que foram eleitos “imortais” da ABL: Aurélio de Lira Tavares, Ivo Pitangui,  Paulo Niemeyer, Santos Dumont, Assis Chateaubriand, Roberto Marinho, Merval Pereira…

O ex-presidente da República José Sarney é  o mais antigo membro da atual composição da ABL.

Como ele escrevera  seu medíocre livro de poemas “Marimbondos de Fogo” ainda no Maranhão, foi o  bastante para justificar a  eleição do ex-presidente da República como imortal da ABL.

Enquanto isso, nem mesmo escritores indicados ao Prêmio Nobel de Literatura foram convidados:Jorge de Lima e Geraldo Melo Mourão, nem os vencedores do “Prêmio Camões”,  Antônio Cândido de Melo e Souza, Autran  Dourado, Rubem Fonseca, Dalton Trevisan e Raduan  Nassar.

A coluna registra os nomes dos últimos imortais da  Academia: Fernanda Montenegro, José Paulo Cavalcanti, Eduardo Gianetti, Paulo Niemeyer Filho e Gilberto Gil.

Nada contra nenhum deles, todos eles nomes de destaque nos meios artísticos e culturais brasileiros, onde dominam seus espaços,  e a Academia tem autonomia estatutária para a escolha dos seus membros.

Entendemos, no entanto, que o nome  ABL já não é representativo de uma única classe, ABL- Academia Brasileira de Letras, a casa dos  escritores.

O Espírito Santo, que, desde quando suas terras foram ocupadas pelos colonizadores europeus, sempre abrigou  fascinantes escritores, cronistas e poetas, não possui representação na ABL.

Mas bem que deveria. E, apenas como exemplo, entre tantos nomes que honrariam a entidade, figuras do passado e do presente, elencamos de  memória Maria Stela Novaes, Judith Leão Castelo Ribeiro – fundadora da Academia Feminina Espírito-santense de Letras, há mais de 70 anos, hoje presidida por Ester Abreu Vieira de Oliveira, Bernadete Lyra, Haydée Nicolussi,  Geir Campos,  José Carlos  de Oliveira, Amilton de Almeida, Valdo Mota,  Amâncio Pereira, e haja espaço para enumerar todos eles.

O Editor Chefão concorda e pede um parêntesis para lembrar a arte poética de Italo Campos e Matusalém Dias de Moura, nome admirado além fronteiras, membro da Academia  Espírito-Santense de Letras e de outras entidades ligadas à cultura, autor de mais de 30 livros de poemas,  trovas, sonetos, hai-kais.

E expõe pequena mostra do seu talento publicada  pelo Don Oleari Portal de Notícias nesta Coluna, homenageando com ele e por ele, todos os escritores  que honram com seu trabalho a história da inteligência criativa dos espírito-santenses.

Rubens Pontes, jornalista.

Capim Branco, MG

Trova

Manhã de sol e de cores,

abrindo as portas do dia

a reluzir sobre as fores

nos canteiros da alegria

Hai Kai

Sempre ao por do sol

reverenciando a noite

girassol se curva.

Soneto

O Tempo

O tempo, inexorável, vai ,

subtraindo os meus sonhos mais queridos

e transformando-os em cristais partidos

sobre os caminhos que vou palmilhando.

E, assim, sem sonhos, por aí, lutando,

com os pés, a alma e o coração feridos,

juro, não sei se encontro mais sentidos

para seguir em frente pelejando.

Quanta dificuldade, quanta dor,

dia após dia, tenho de transpor

para continuar seguindo a Luz…

Às vezes, paro e choro no caminho,

sinto-me triste, vejo-me sozinho,

mas logo volto a carregar a cruz…

https://www.academia.org.br/

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