Golpe
Por Alexandre Caetano
No último domingo, o site A Vírgula publicou um artigo de nossa autoria, sobre os acontecimentos do dia 1º de abril de 1964 e Vitória.
A tentativa de resistência movimentos populares e dos setores de esquerda e nacionalistas, bem como sobre a dubiedade do então governador Francisco Lacerda de Aguiar, o Chiquinho, que esperou para ver para onde a balança pendeu e assim decidir de que lado ficaria.
Político conhecido pelo estilo populista, Chiquinho ficou ao lado dos golpistas, mas não foi poupado por eles, como não foram outros políticos que participaram de forma mais estridente da conspiração e da derrubada do governo do presidente João Goulart.
Todos acabariam sendo engolidos pelos militares, que não haviam tomado o poder para entregar o poder aos civis, muito menos para os políticos tradicionais, dos quais sempre tiveram verdadeira ojeriza, desde a época da proclamação da República.
Os governadores da Guanabara, São Paulo e Mina Gerais, respectivamente, o ruidoso Carlos Lacerda, o polêmico Ademar de Barros e Magalhães Pinto, o típico político mineiro, acreditavam estar pavimentando seu caminho para o Palácio do Planalto e que contariam com o apoio dos militares para lhes abrirem o caminho.
Os dois primeiros acabariam tendo os direitos políticos cassados e jogados no ostracismo. Lacerda ainda chegou a ser preso depois da decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5).
Magalhães Pinto também foi jogado no limbo, aceitou a posição subalterna que os militares lhe destinaram com discreta insatisfação, que só se manifestou de forma mais clara já no governo do último general-presidente, João Batista Figueredo (1979-1985). Já era tarde demais.
O governador do Rio Grande do Sul, Ildo Meneghetti, adversário de Leonel Brizola, acreditava que poderia ingressar no palco da política nacional, onde seu inimigo e desafeto ocupava um lugar que ele não havia conseguido ocupar, mas quando terminou seu mandato, lhe ofereceram apenas uma embaixada no exterior, preferiu abandonar a vida pública.
Os governadores do antigo Estado do Rio de Janeiro e de Goiás, Badger Silveira e Mauro Borges, haviam sido aliados de Jango e, assim como Chiquinho, acreditavam que poderiam se salvar do abismo em que seus adversários políticos lhes queriam jogar: engoliram sapos, fizeram concessões humilhantes e sacrificaram aliados.
Não adiantou. Os dois primeiros foram cassados, o governador do Espírito Santo se salvou de um processo de impeachment movido pelos adversários do PSD, que contavam com o apoio dos militares, mas em troca, foi obrigado a renunciar e abandonar a vida pública.
O ex-presidente Juscelino Kubistchek (JK), que pretendia retornar à Presidência da República, também engoliu sapos e acreditou que a situação de exceção era provisória, que seria o preço a pagar para voltar ao Palácio do Planalto.
Assim, agiu pragmaticamente:, apoiou o golpe, aceitou sem protestar a decretação do primeiro ato institucional, a cassação de mandatos dos primeiros 40 parlamentares do Congresso Nacional, depois de outros detentores de mandato que se seguiram, a instalação do ambiente de caças as bruxas, as prisões.
Votou no primeiro general-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, na eleição feita por um Congresso Nacional manietado pelas cassações.
Assistiu calado, sem levantar a voz, as prisões em massa, as invasões e intervenções contra as entidades sindicais, a sanha persecutória contra os setores nacionalistas das Forças Armadas (FFAA) e a abertura de milhares de Inquéritos Policiais Militares pelo país afora.
Agiu como o personagem central do filme alemão da década de 1980, Mephisto. Até que pouco mais de dois meses depois, chegou a sua vez e ele também foi cassado pelos militares.
O ex-presidente Jânio Quadros, que em 1961, aproveitando que Jango estava numa viagem para a China, acreditou que seu extemporâneo pedido de renúncia seria “de mentirinha” e a senha para que ganhasse plenos poderes para governar sem ter que se submeter às regras do jogo democrático e com o apoio das FFAA, também apoiou o golpe de 1º de abril, achando que ainda havia chance de se recuperar do ato vexatório a que se submeteu e da responsabilidade pela crise e instabilidade que havia jogado o país.
Mais uma aposta errada. Os militares o incluíram entre os 100 cidadãos e cidadãs que tiveram os direitos políticos cassados pelo anúncio do primeiro ato institucional, em 10 de abril de 1964.
Seriam muitas e muitas perdas. O estádio Caio Martins, em Niterói, e navios ancorados no Porto de Santos e no Porto do Rio de Janeiro tiveram que ser adaptados para serem transformados em prisões.
Não foi um dia, na madrugada entre os dia 1º e 2 de abril de 1964, quando o então presidente do Congresso Nacional, Auro de Moura Andrade, rasgando a Constituição de 1946, declarou vaga a presidência da República, com Jango em solo brasileiro e ainda analisando se resistiria ao putsch, não estava começando um dia que duraria 21 anos, mas o breu da noite em que as únicas estrelas que brilhavam eram as ostentadas nas fardas dos generais golpistas.
O Brasil mergulhava na noite de uma ditadura que duraria 21 anos, nos quais os militares fizeram de tudo para que o sol não brilhasse novamente. (Alexandre Caetano)
Golpe
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