A água condensada em pesadas nuvens continua descendo com fúria
ocasionando uma devastação até então nunca vista entre nós..
Sem Noé, barcos sossobram em entumecidos rios brasileiros causando mortes.
Raios rasgam os céus, trovões ribombam como as trombetas de Jericó (à direita)
provocando deslizamentos e soterrando pessoas.
A queima de palha benta como invocação à Santa Bárbara,
sequer é lembrada como nos antigos tempos.
E a chuva cai, os raios iluminam os céus e os trovões assustam.
Muitos dos nossos companheiros aqui de Casa entendem que a última solução é uma invocação a Xangô, orixá cultuado pelas religiões afro-brasileiras – deus da justiça, dos raios, dos trovões e do fogo.
(Alguém do Portal, entendido nos mistérios do além, lembra ser Ogum
também protetor dos intelectuais).
Como Xangô é a representação máxima do poder de Olorum o quarto Alá à fin Ògó, marido de três esposas – Oyá, Oxum e Obá (abaixo, à esquerda) – entende mais do qualquer outro santo os problemas gerados nas famílias atingidas que, ao contrário do que afirmou o prefeito do Rio de Janeiro, Bispo Crivela, não gostam de morar em áreas de risco.
Por tudo isso e pelo que por ignorância do colunista deixou de ser registrado ou por ele incorretamente tratado, foi escolhido para publicação neste sábado um poema em que seu autor, Vinicius de Moraes, faz um apelo ao Orixá – “Canto de Xangô”.
Kawó, Kabiecilé
Rubens Pontes, Capim Branco, MG
Xangô – Santuário Nacional da Umbanda (à direita)
CANTO DE XANGÔ
Vinicius de Moraes
Eu vim de bem longe
Eu vim nem sei mais de onde é que eu vim.
Sou filho do Rei
Muito lutei pra ser o que sou.
Eu sou negro de cor
Mas tudo é só amor em mim
Tudo é só amor em mim.
Xangô Agodó.
Salve, Xangô, meu Rei Senhor,
Salve, meu Orixá
Tem sete cores sua cor
Sete dias para a gente amar.
Mas amor é sofrer
Mas amor é morrer de dor.
Xangô, meu Senhor, Saravá,
Xangô,meu Senhor
Mas me faça sofrer
Mas me faça morrer de amor
Xangô, meu Senhor, Saravá
Xangô Agodô.
Rubens Pontes, jornalista
Capim Branco, MG
Disco Os Afro Sambas (1966), parceria de ouro entre Vinicius de Moraes e Baden Powell. Temática do disco sobre a cultura Afro-brasileira, quando surgiu o conceito de Samba Brasileiro: os Afro-Sambas!