Newton Braga nasceu na Fazenda do Frade.
Coluna Aqui Rubens Pontes: meu poema de sábado
Cachoeiro de Itapemirim tem seu nome ligado aos mais importantes movimentos literários do País, terra natal de Rubem Braga, considerado por críticos literários como o maior cronista brasileiro, figura de destaque nos meios do jornalismo e da cultura criativa.
Ainda assim, seu nome não eclipsou a passagem no campo da literária de seu irmão Newton Braga, também jornalista, advogado e poeta, considerado discípulo de Ribeiro Couto, e que, nos seus momentos de lazer, recebia aplausos dos torcedores como craque de futebol do “Estrela do Norte”.
Newton Braga
Newton Braga nasceu na Fazenda do Frade, administrada por seu pai, em Cachoeiro do Itapemirim. Estudou no Colégio Pio Americano, no Rio de Janeiro, onde foi colega de Carlos Lacerda, e posteriormente em Belo Horizonte, para onde se deslocara para tratamento de saúde. Em BH cursou Direito tendo como companheiros de turma Tancredo Neves e Cyro dos Anjos.
Nome e obra de Newton Braga são agora mais uma vez reverenciados pelo Portal Don Oleari e pelo colunista, quando a cidade do sul do ES se prepara para comemorar seu aniversário de fundação, como nos faz lembrar o jurista e intelectual João Batista Herkenhoff, encaminhando-nos o poema “Batei, Lavadeiras”, criação do grande nome da cultura cachoeirense.
Rubens Pontes
Capim Branco, MG
Batei, lavadeiras!
Poema de Newton Braga
São outras as águas, são sempre outras águas: o rio é o mesmo.
Só eu que sou outro, tão outro daquele que outrora vos viu
(talvez vossas mães ou irmãs que se foram).
Batei, lavadeiras!
Tão outras vos vejo. Mudaram meus olhos?
Mais míopes, talvez; mais velhaos, cansados; mudaram…
mudaram…
Ai, as cantigas das lavadeiras!…
As lavadeiras eram um pedaço lírico do meu rio tão lírico.
Cantigas… Lirismo…
De dentro de mim que era tudo:
Do poeta adolescente que punha alma nas coisas,
Cantiga nas vossas bocas, beleza nos vossos rostos,
Lirismo nos vossos gestos.
Batei, lavadeiras!
Tão outras vos vejo: tão pobres, cansadas:
Tanta roupa por lavar, tanto filho pra criar,
Tanta luta, tanta lida… Pobre vida!
Batei, lavadeiras!
Que vos importa eu lamente o meu lirismo perdido?
Há de haver sempre, por certo, um poeta adolescente,
Para nos ver, como eu vi
E ouvir as nossas cantigas.
(São outras as águas, são sempre outras águas, o rio é o mesmo)
Batei, lavadeiras!
A Freguesia de São Pedro das Cachoeiras do Itapemirim foi fundada em 16 de julho de 1856 e o município instalado no dia 25 de março de 1867.
Newton nasceu em 1911 na fazenda do Frade, administrada por seu pai, no município de Cachoeiro de Itapemirim, sul do ES. Seus pais foram Francisco de Carvalho Braga (primeiro prefeito de Cachoeiro de Itapemirim) e Rachel Coelho Braga.
Foi o criador do Dia de Cachoeiro, que se festeja todos os anos em 29 de junho quando redator-chefe do jornal da família, o Correio do Sul.
Newton participou ativamente de um dos clubes da cidade, o Estrela do Norte, como jogador. Foi presidente da Liga Desportiva de Cachoeiro de Itapemirim.
Principais obras literárias
Newton e as obras publicadas:
- “Lirismo perdido”, Rio de Janeiro: Booklink Editora, 2011. (coletânea de poemas publicados na imprensa capixaba, mineira e carioca, durante mais de 10 anos);
- “Histórias de Cachoeiro”, Rio de Janeiro: Booklink Editora, 2011. (visão panorâmica dos principais aspectos históricos, geográficos, sociais e literários ligados a sua cidade natal);
- “Cidade do interior”, Rio de Janeiro: Booklink Editora, 2011. (contém uma seleção dos casos e epigramas, publicados no “Diário de Notícias”, do Rio de Janeiro);
- “Poesias e Prosa” (volume póstumo, organizado por seu irmão Rubem Braga, incluindo textos e poemas das obras anteriores, além de novos casos e epigramas);
- Traduziu “Gente da Terra”, de Agnes Smegley.