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As forças que nos movem | 9/4

As forças

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erlon josé paschoal

 

Erlon José Paschoal – Gestor Cultural, Diretor de Teatro, Dramaturgo, Professor e Tradutor de Alemão

 

Friedrich Nietzsche nasceu em 1844 e morreu em 1900. Viveu pouco, mas sua obra continua influenciando pensadores em todas as partes do mundo. Passou os últimos dez anos de sua vida inicialmente em um manicômio e depois sob os cuidados de sua irmã.

Deixou para a posteridade uma obra potente e altamente explosiva, no tocante às críticas das ideologias, das crenças e das tradições que fundamentam a cultura ocidental.

Sua obra mais conhecida e mais traduzida é sem dúvida “Also sprach Zarathustra” – Assim Falou Zarathustra – na qual um personagem semelhante a um profeta bíblico desce à planície depois de dez anos isolado em uma montanha para anunciar a todos a morte de Deus e o advento do novo homem, o homem para além do homem, o Übermensch, e a morte de Deus, embora quase ninguém lhe dê ouvidos.

Mas seu primeiro livro “Die Geburt der Tragödie” – O Nascimento da Tragédia – foi uma de minhas leituras marcantes durante os anos de estudo da arte e do fazer teatral. Publicado pela primeira vez quando Nietzsche tinha 25 anos foi mal recebido pela crítica especializada e pelos meios acadêmicos, e só em sua reedição quatorze anos depois, em 1886, é que despertou o interesse de leitores importantes.

O subtítulo inicial – “aus dem Geist der Musik – Do Espírito da Música”, uma referência a uma expressão sempre utilizada pelo compositor Richard Wagner, passou a ser então: “Oder Griechentum und Pessimismus – Ou Grécia e Pessimismo”.

Para quem leu a obra ou críticas a respeito sabe que ela se organiza em torno de três abordagens. A primeira – a que mais atraiu a minha atenção – foi a origem e a finalidade da tragédia grega, que para Nietzsche representa a aliança e a junção de dois princípios, de duas forças antagônicas e complementares: o apolíneo e o dionisíaco. Para o autor, o progresso da arte está ligado a esta duplicidade, tal como a relação presente na dualidade dos sexos em constantes enfrentamentos e reconciliações periódicas.

As duas forças – baseadas nas características dos deuses gregos Apolo e Dionísio – atuam de maneira conjunta, ora prevalecendo uma, ora prevalecendo outra na dinâmica da vida. De um lado o apolíneo: o cosmos, a ordem, a serenidade, a medida, a razão, a contenção, o equilíbrio. De outro o dionisíaco: o caos, a embriaguez, o êxtase, os instintos, o entusiasmo, os desejos, o Eros, o prazeroso, o desmedido.

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Segundo Nietzsche, a tragédia grega une estas duas forças, os dois princípios metafísicos, as duas pulsões da natureza e da arte, e sobretudo une as duas linguagens nela presentes: a música e o teatro, o canto, a palavra e a cena, em uma simbiose única que fez dos gregos “nossos guias luminosos”. O crítico Roberto Machado esclarece: “Nietzsche pensará a música como uma arte essencialmente dionisíaca e, portanto, o meio mais importante de superar a individualidade.

Mas, se a música é o principal elemento que permite explicar o nascimento da tragédia, para dar conta totalmente desse fenômeno artístico, Nietzsche acrescenta à música, seu componente dionisíaco, os componentes apolíneos: a palavra e a cena. O que o faz definir a tragédia como um coro dionisíaco que se descarrega em um mundo apolíneo de imagens. Esse mundo de imagens criado pelo coro é o mito trágico, que apresenta a sabedoria dionisíaca através do aniquilamento do individuo heroico e de sua união com o ser primordial, o uno originário.”

No restante da obra, Nietzsche critica Eurípides e Sócrates, a quem atribui a morte e o fim da arte trágica grega, por terem subestimado o princípio dionisíaco. E por fim, a tentativa de reencontrar a concepção trágica da existência em criações culturais de sua época, como nas óperas de Richard Wagner, por exemplo, a quem o livro foi dedicado. Nelas pulsam novamente as divindades gregas, um alento para Nietzsche, pois só como fenômeno estético, a vida humana pode ser justificada.

Para além da tragédia grega e até mesmo para além do teatro é possível constatar a intensidade e a presença destes dois princípios norteadores das artes – o apolíneo e o dionisíaco – configurando a existência humana e inúmeras de suas manifestações. São talvez as forças que nos movem…..Nietzsche continua sempre vivo.

 

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Don Oleari - Editor Chefão

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Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham

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