Don Oleari
Pedi ao nosso prezado colaborador Rodrigo Mello Rego que me mandasse umas duas linhas sobre a origem da expressão Bacanal e ele me deu essa aulinha aí. Queria mostrar o famoso poema do não menos Manuel Bandeira, “Bacanal”.
Mello Rego e Rubens Pontes vão se deliciar, além de nosotros (Don Oleari).
Já na Roma antiga existia o culto ao deus Baco, o deus do vinho e dos prazeres (principalmente sexuais).
Era um costume popular honrar esse deus, pendurando máscaras dele em pinheiros durante uma festa chamada de Saturnália, que coincidia com a data do nosso Natal.
Essa festa acabou ficando cada vez mais popular, vulgar e sexual, e finalmente ficou conhecida como “bacanal”!
Daí você já tem uma ideia do “nível” dessa comemoração, que extrapolava a mais selvagem das Raves. “Chutar o pau da barraca” era só o começo dessa popular festinha, digamos.
Ela era regada a muitíssimo vinho e ópio, onde ninguém era de ninguém…(Rodrigo Mello Rego).
A Bacanal, festa em honra de Baco, é uma obra-prima do pintor italiano Tiziano Vecellio, conhecido por Ticiano (foto acima, à direita).
Bacanal
Manuel Bandeira
Quero beber! cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco…
Evoé Baco!
Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada.
A gargalhar em doudo assomo…
Evoé Momo!
Lacem-na toda, multicores
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos…
Evoé Vênus!
Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?…
– Vinhos!… o vinho que é meu fracco!…
Evoé Baco!
O alfanje rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!…
Evoé Momo!
A Lira etérea, a grande Lira!…
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos.
Evoé Vênus!