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Barão de Aimorés, um homem muito além do seu tempo

Barão de Aimorés

Barão de Aimorés

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Rubens Pontes, jornalista

 

Coluna Aqui Rubens Pontes – Meu poema de sábado 

Se os bandeirantes paulistas, liderados por Fernão Dias Paes Leme, enfrentaram os desconhecidos sertões brasileiros em busca da lendária montanha de esmeraldas perdida nos ásperos rincões de um   mundo desconhecido… se com esse feito não atingido passaram à História do Brasil…um outro capítulo deverá ser aí incluído.

E esse capítulo narra a saga de um jovem de 22 anos de idade , no Século XIX, empenhado num sonho mais nobre de plantar no então inóspito território do Espírito Santo as sementes da civilização. Com muito sucesso.

Antônio Rodrigues da Cunha foi um homem que viveu muito além do seu tempo, com  uma  surpreendente e insuspeitada visão do futuro.

Numa fase da vida em que os jovens bem aquinhoados economicamente buscavam os prazeres com que lhes acenavam um mundo novo, deixou a tranquilidade da Fazenda Cachoeira do Cravo para romper as fronteiras de território em fase de conquista e buscar novos pagos, ao seu feitio e à sua inquietação.

Não liderou bandeirantes como Fernão Dias Paes Leme, mas conduziu os 100 escravos que recebera como herança e foi com eles que navegou pelo Rio São Mateus, desbravou a mata virgem e construiu no meio do nada uma fazenda, para nela, ao correr do tempo, instalar uma usina de açúcar e para escoar o produto uma ponte sobre o rio.

Dois fatos contribuíram para o sucesso do jovem Antônio Rodrigues da Cunha: aprendeu a falar a língua dos indígenas podendo, assim, com eles dialogar, e a severa punição por ele aplicada a um dos seus homens que raptara uma índia, conquistando, com isso, o respeito dos índios hostis aos invasores de suas terras.

Antes da abolição da escravidão, o Barão de Aimorés alforriou todos os 100 escravos, trazendo da Itália 60 famílias de agricultores, plantando um milhão de pés de café nos contrafortes de uma serra ao sul de Nova Venécia.

Barão de Aimorés

Por todas essas conquistas, o Imperador Pedro II concedeu a Antônio Rodrigues da Cunha o cobiçado título de Barão.

Por pertencer ao partido político contrário à Monarquia, Antônio Rodrigues ignorou a honraria e nunca associou o título ao seu nome.

Mas os espírito-santenses o reverenciam pelo homem que foi e pela sua força de conduta, como o Barão de Aimorés.

Com seu prestigio, mais tarde, contribuiu para a eleição dos governadores Graciano Neves e Constant Sodré.

O Barão de Aimorés morreu em São Mateus, em 1893, aos 58 anos de idade.

NEC = Nota do Editor Chefão: Anote-se que não foi o padre José de Anchieta o fundador de Ancheita, antiga vila de Reritiba, dominada e comandada por comunidades indígeras. A imagem abaixo é do Porto de Anchieta, do século 19.

 porto-de-anchieta-seculo-19-1.jpg
porto de anchieta, século 19
  1. Bartolomeu Simões Pereira, amigo particular do missionário José de Anchieta, veio de Portugal procurando refúgio político e espiritual  no Espírito Santo. Conviveu com brancos e com índios, penetrou terras ainda inóspitas e procurou retratar em versos o que viu, sobretudo o que sentiu.

Seus poemas e peças de teatro, escritos em tupi,  retratam  aldeias indígenas, os índios, a tentativa de convertê-los e sua situação diante dos brancos.

Alguns exemplos comprovam ao longo de um dos seus camonianos  poemas com mais de 590 versos, compilados e traduzidos para o português por M. de L. de Paula Martins.

Do poema, a Coluna selecionou algumas estrofes, como mostra o Portal Don Oleari

Dia da Assunção, quando levaram sua imagem a Reritiba.

 

– Vem, Virgem Maria,

mãe de Deus, visitar esta aldeia

e expulsar dela o demônio.

Oxalá, por teu amor,

ela se santifique.

 

Afasta as enfermidades

– febres, disenterias,

as corruções e a tosse –

para que seus habitantes

creiam em Deus, teu filho.

(p. 580)

 

– Vivemos como selvagens,

somos filhos da floresta.

Viemos saudar-te,

renunciamos aos vícios

(p.582)

 

– Deixei a floresta

em tua honra.

Ama-me muito,

livra-me todo mal (p. 583)

 

– Venho do Rio Parati,

para ver a mãe de Deus,

tendo-me pintado todo

em sinal de alegria.

(p.591)

 

Minha gente, antigamente,

seguia usos primitivos.

Os pobres, depois, procuraram-na,

anunciando-lhe Deus

(p. 593)

 

Atravessando o grande rio

eu vim: queria ver-te.

Vem, nossa protetora!

Oxalá possa conhecer-te

o meu pai Tupinambá!

(p. 593)

https://donoleari.com.br/gilvan-da-federal/

Barão de Aimorés

HISTÓRIA DE NOVA VENÉCIA – Bisneta do Barão de Aimorés vive em fazenda de 144 anos

http://www.ijsn.es.gov.br/ConteudoDigital/20161004_aj14020_municipio_novavenecia.pdf

 

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Don Oleari - Editor Chefão

Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
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