barraco do coronel
EDITORIAL
COLUNA PANO DE FUNDO | POLÍTICA \ BASTIDORES
A “carteirada” é um resquício de tempos sombrios, um vestígio da cultura aristocrática e autoritária que imperou desde a era colonial.
Na sociedade moderna, esse comportamento ultrapassado persiste como um sintoma da aversão ao igualitarismo, revelando um desejo de subjugar o outro pelo simples uso do cargo ou da posição hierárquica.
É um ritual social que impõe subordinação e, na essência, não passa de um abuso de poder.
Infelizmente, no Carnaval de Vitória, foi registrado um episódio lamentável protagonizado por um coronel da Polícia Militar.
Um homem que, por sua patente, deveria zelar pela disciplina, pelo equilíbrio e pela liderança responsável.
Contudo, fora de serviço e sem farda, o oficial em questão decidiu agir de forma intempestiva, questionando de maneira imprópria o prefeito da capital, Lorenzo Pazolini, que, dentro de sua função, buscava garantir a segurança pública do evento.
O episódio, além de revelar um ato de desrespeito à ordem e à hierarquia funcional, carrega em si indícios de motivações políticas.
O prefeito Pazolini é hoje um nome forte para o próximo pleito estadual, posicionando-se como uma oposição direta à atual gestão.
O coronel em questão, Sérgio Luiz Anechini, ocupa um cargo na Casa Militar do Governo do Estado, o que levanta suspeitas sobre o real propósito da sua atitude.
Teria sido uma ação isolada ou uma tentativa de desestabilização política?
É importante ressaltar que o governador Renato Casagrande nunca adotou esse tipo de postura.
Sendo um gestor que preza pelo respeito institucional, o mínimo que se espera dele é que exigirá apurações rigorosas sobre esse comportamento inadequado e violento de um de seus subordinados.
A população do Espírito Santo merece um governo que se pauta pelo respeito e pelo compromisso com a ética, e não por atitudes que evocam os tempos ultrapassados do autoritarismo e da arbitrariedade.
A carteirada, independentemente de quem a pratique, deve ser repudiada. A era do “você sabe com quem está falando?” precisa ser enterrada definitivamente.
Como bem alertava George Orwell em sua obra prima “1984”, vivemos tempos em que tudo se vê e tudo se filma. A impunidade não pode ser uma opção.
Neste caso, mais do que um desvio individual, assistimos a um reflexo de uma cultura que ainda resiste em aceitar que a autoridade não se impõe pela força, mas sim pelo respeito.
Que a carteirada dada na folia não passe impune. Que o respeito e a justiça prevaleçam.
Honra seja dada ao prefeito Lorenzo Pazolini, que, em meio ao tumulto, demonstrou postura e responsabilidade com a segurança pública.
barraco do coronel
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