Clarice Lispector
Coluna AQUI RUBENS PONTES
MEUS POEMAS DE SÁBADO
A Coluna, ouvido o Poderoso Chefão, transcreve parte de um trabalho de Adriana Helena em que ela confirma o poder da musicoterapia , uma prática no contexto clínico de tratamento, reabilitação ou prevenção de saúde e bem estar.
Segundo a autora, a especialização decorre de um processo sistemático ao longo do tempo, efetuado entre um musicoterapeuta e uma pessoa ou um grupo de pessoas, sem necessidade de formação ou treino musical.
Adriana Helena (foto) nos faz lembrar que cada um de nós, ouvindo a canção preferida, provoca emoções e sentimentos de bem estar.
Fato confirmado pelo colunista ao ouvir, por exemplo, Dolores Duran cantando “A noite do meu bem”. Veja vídeo no final da coluna.
Citando ela própria a música “You And I” de Kenny Rodgers com Bee Gees, diz sentí-la como “uma flor deslizando suas delicadas pétalas aveludadas em nossas mãos”. Veja linki do vídeo no final da coluna.
A esta altura, os companheiros da Rádio Clube da Boa Música se levantam das cadeiras e aplaudem a afirmação da expert que confirmou:
– “E mais, ainda mais, a musicoterapia possui benefícios incontáveis, entre eles estimular a coordenação motora; controlar a pressão arterial; melhorar os distúrbios de comportamento. Além desses benefícios, estudos comprovam que a musicoterapia também auxilia no tratamento de crianças com autismo”.
Adriana Helena encerra seu texto citando Aldous Huxley:
“Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música”.
E a Coluna complementa com William Shakespeare:
“A música é a padroeira da celeste harmonia”.
O Editor Chefão aprovou, “subiu no caxotim” e aplaudiu, como costuma dizer ele, a escolha do poema de Clarice Lispector Que O Deus Venha, musicado por Cazuza e Frejat para ilustração da Coluna.
Rubens Pontes, jornalista
Capim Branco, MG
Que O Deus Venha
Música inspirada em trechos do livro “Água Viva” de Clarice Lispector
Sou inquieto, áspero
E desesperançado
Embora amor dentro de mim eu tenha
Só que eu não sei usar amor
Às vezes arranha
Feito farpa
Se tanto amor dentro de mim
Eu tenho, mas no entanto
Continuo inquieto
É que eu preciso que o Deus venha
Antes que seja tarde demais
Corro perigo
Como toda pessoa que vive
E a única coisa que me espera
É o inesperado
Mas eu sei
Que vou ter paz antes da morte
Que vou experimentar um dia
O delicado da vida
Vou aprender
Como se come e vive
O gosto da comida
A seguir, o poema original de Clarice Lispector, a quem este colunista reverencia e cuja obra degusta em suas leituras diárias (RP).
Que o Deus venha
Clarice Lispector
O Deus tem que vir a mim
já que não tenho ido a Ele.
Que o Deus venha: por favor.
Mesmo que eu não mereça. Venha.
Ou talvez os que menos merecem
mais precisem.
Sou inquieta e áspera e desesperançada.
Embora amor dentro de mim eu tenha.
Só que não sei usar amor.
Às vezes me arranha como se fossem farpas.
Se tanto amor dentro de mim recebi
e no entanto continuo inquieta
é porque preciso que o Deus venha.
Venha antes que seja tarde demais.
Corro perigo como toda pessoa que vive.
E a única coisa que me espera
é exatamente o inesperado.
Clarice Lispector
NEC = Nota do Editor Chefão, Don Oleari – O músico Alexandre Araujo atua na área de musicoterapia, paralelamente às suas atividades de professor e de integrante de formações musicais que se apresentam em xous, em butecos e restaurantes.
Alexandre Araujo no Instagram:
https://www.instagram.com/alexandrearaujo.musicoterapia/
https://youtu.be/-8Aly18lwAg – “You And I”
Lena Mara – …o restaurado Saldanha da Gama | 17/9
https://vivendoavidabemfeliz.blogspot.com/