Cordel do Peido – literatura de cordel no ES
Coluna Aqui Rubens Pontes: meu poema de sábado |
O cordel tornou-se uma vertente popular muito forte no Nordeste do Brasi
Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião, dominou a caatinga nordestina nas primeiras décadas de 1900.
Ele e sua companheira, Maria Bonita, foram mortos numa emboscada da polícia sergipana no dia 28 de julho de 1938.
Esta citação é levantada por terem sido os cangaceiros de Lampião inspiração para os autores de Poesia de Cordel, uma linguagem literária em forma de poesia e de rimas.
O nome está ligado à forma com que os livros (ou folhetos) eram comercializados, pendurados em cordas ou barbantes. O cordel tornou-se uma vertente popular muito forte no Nordeste do Brasil, onde as histórias e lendas do sertão foram imortalizadas, junto com os costumes e a cultura da região.
Sua origem, porém, data do Século XVI, quando o Renascimento popularizou a impressão de relatos e depois sua impressão em folhetos pelos trovadores medievais. Até nós a literatura de cordel chegou com os colonizadores portugueses, no Século XVIII.
Drummond
Ganhou expressão no Nordeste brasileiro e desceu rumo ao Sul, onde foi recebida entusiasticamente com os repentistas (violeiros) e trovadores e o reconhecimento de poetas como Carlos Drummond de Andrade:
– “A poesia de Cordel é uma das manifestações mais puras do espírito inventivo, do senso de humor e da capacidade crítica do povo brasileiro em suas camadas modestas da literatura. É uma poesia de confraternização social, que alcança uma grande área de sensibilidade”.
O reconhecimento dessa visão se confirmou com a criação, em 1988, no Rio de Janeiro, da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. E pouco mais tarde, em 2018, com a valorização do Cordel pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Geográfico como Patrimônio Cultural do Brasil.
Autores capixabas deram dimensão nacional ao Cordel. Kátia Bobbio – já focalizada no Portal Don Oleari – é nome que se soma aos de Clério Borges, Teodorico Boa Morte, Vitor Vargas, Fábio Pererês, entre muitos outros.
Rodrigo dos Santos Dantas da Silva Vanildo Streg
Esta coluna chama atenção para o esplêndido trabalho sobre a Poesia de Cordel titulado “Programa de Mestrado Profissional em Letras” – Projeletras, um caderno pedagógico em parceria com um grupo de estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Francelina Carneiro Setubal”, Campus de Vitória/ES.
A iniciativa, valorizada pela participação incentivada de jovens estudantes, foi desenvolvida por dois experts no assunto, os professores Rodrigo dos Santos Dantas da Silva e Vanildo Streg – In Memoriam (*).
Vanildo Streg
A pergunta sempre formulada ao final de cada capítulo do trabalho, como uma espécie de mote é: “E aí, no Espírito Santo tem cordel?”, é respondida pelos próprios alunos com seus surpreendentes trabalhos.
Portal Don Oleari e a Coluna Aqui Rubens Pontes: meu poema de Sábado rendem homenagem aos idealistas que se propuseram criar e executar o trabalho, publicando criações de alguns dos alunos que abraçaram a causa e produziram peças de Cordel.
Com eles, poemas de outros autores dos cantos de Cordel, se alinhando na mesma dimensão da poesia clássica brasileira.
Rubens Pontes, jornalista
Alguns destaques:
1 – Eu me chamo Julia Sardinha Rosa, sou cristã e flamenguista! Achei escrever cordel legal porque posso falar de nossa História.
CATEDRAL DE VITÓRIA EM CORDEL
Júlia Sardinha Rosa
O ano era 1970 quando a
Catedral era inaugurada,
Depois de quase seis anos de construção
Ela foi liberada
Ao longo do ano ela foi segurada
Por conta das modificações
Igreja santa, onde alguns
Padres muito importantes
Estavam enterrados
Fato muito interessante
Até vi um dedo amputado
E acho um pouco horripilante
A igreja foi construída
Onde uma outra era chamada
de Igreja de Nossa Senhora da Vitória
ela era colonial quando edificada
quando Vitória se chamava Vila Nova,
em 1551, ela foi transformada.
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Hoje em dia ela é conhecida
Por festas e casamentos
Luxuosos, diria até grandiosos
Nem todos vão lá por seu comportamento
Precisam conhecer esse lugar sagrado,
Abençoado: a missa é um acontecimento!
Lá foi nomeado o primeiro bispo
Em 1895, chamado João Batista
Dizem que ele deixa
O povo abençoado na pista
E ninguém tinha que reclamar,
Porque ele era petista
A Catedral foi tombada
por nosso Conselho Estadual
de cultura, em maio de 1984
Foi rezada até a oração universal
Essa igreja é enorme
E recebe até visita de escola municipal!
2 – O meu nome é Vinícius Basílio Lopes, sou geminiano, tenho 16 anos e moro em Vila Velha/ES com meu
pai. Mas sou de Anchieta e é sempre bom falar do meu lugar.
ANCHIETA:
LITORAL DO SUL DO ESTADO
Vinícius, 8º ano V01
Eu cresci em Anchieta,
Apesar de não ser nativo
Sei que as praias de lá são lindas
Um lugar muito significativo
com suas tartarugas saindo do mar
e botando ovos na areia, é divino!
O centro de Anchieta é bem movimentado
Festivas as noites também são
Em dia de show na praia
O rock não tem duração
Todo mundo dançando sem parar
Gente de longe vem pra essa animação
Anchieta é uma cidade pequena
Até parece uma linda roça
Um lugar cheio de calor
que combina com uma bossa
sorte de quem mora na Praia do Além
onde tem vento, minha nossa!
Na Praia de Ubu no início do ano
Todo mundo vestido de branco
Antes da meia-noite
Tem casal formando
Pulando sete ondas
E promessas exclamando
Dias depois da virada vem a desova
É o espetáculo do ano:
Tartaruguinhas saem dos ovos
no Sul do estado esse é o encanto
outra praia paradisíaca
é a Praia de Castelhanos
3 – Livro de Kátia Maria Bobbio Lima, de Conceição da Barra/ES
Kátia Bobbio
Cordel do PEIDO
A Arte de Peidar.
O que é o peido? O peido é o aviso da natureza dizendo que vem merda
O peido é o grito desesperado ir
O peido é o telegrama sonoro que vem da cidade do intestino
avisando ao chefe bunda que o trem bosta vem saindo.
Peido é um arroto que desceu de elevador.
O peido, também conhecido como pum, pu, traque, bufa, ventinho, flato, marmelo etc,
é aquela coisa mal cheirosa que você não devia ter feito no elevador.
Cordel do Peido
https://poesiaecordel.wordpress.com/
Cordel do Peido
Feriadão de Páscoa com frente fria, chuvas, rajadas de vento e pouco sol | 12/4
Cordel do Peido
Cordel do Peido
Cordel do Peido
Cordel do Peido
Cordel do Peido