Curral Del Rey
BH, BHZ e teve uma exclamação do Papa João Paulo II que bradou sua admiração para o mundo inteiro ouvir e aplaudir:
“Que Belo Horizonte”!
ARTIGO |
Hamilton Gangana
NEC = Nota do Editor Chefão, Don Oleari | Reproduzido por ter saído sem qualquer revisão e repleto de incorreções, sem as marcações de catetoria e sem a foto do personagem principal do texto.
Incorreções não do autor, mas do Editor Chefão (Don Oleari).
Foto de capa: Djalma Andrade
Durante anos, Djalma Andrade (1892/1975) assinou no Estado de Minas uma crônica semanal, comentando curiosidades apresentadas nas manchetes dos jornais da época, acrescentando uma pitada de humor.
Com o tempo, a coluna ganhou prestígio junto aos leitores e acabou gerando vários livros de autoria do jornalista, escritor, advogado, poeta e professor do Colégio Estadual de Belo Horizonte/MG.
Djalma Andrade surpreendeu a todos, quando foi nomeado promotor de justiça em Ouro Preto, e recusou a honrosa da indicação, afirmando:
“Prefiro continuar jornalista”.
Certa vez o procurei para pedir autorização para que um destacado anunciante do jornal utilizasse uma de suas crônicas como mensagem de saudação pelo aniversário de Belo Horizonte.
O reclame veiculado tinha o título “A História Alegre de Belo Horizonte”, que acabou se transformando também em uma homenagem ao jornalista, que tinha a jovem capital como fonte de inspiração para escrever as suas crônicas semanais.
Vale lembrar que a televisão no Brasil estava só engatinhando e, evidentemente, ainda não existiam internet e mídias sociais, enquanto os veículos impressos reinavam absolutos.
Para se ter uma ideia, em Belo Horizonte circulavam os jornais diários “Estado de Minas”, “Diário da Tarde”, “Diário Católico”, “Folha de Minas”, “Diário de Minas” e “Diário do Comércio”.
Mais o Diário Oficial do governo do Estado de MG, além dos semanários “Binômio” (sábados) e “O Debate” (domingos).
Tínhamos também a revista mensal “Alterosa”, que deve ter sido uma ótima fonte de assuntos para o colunista se deliciar em seus divertidos comentários.
Agora, por ocasião da passagem dos 126 anos da principal Cidade de Minas, Belzonte, procurei em meus alfarrábios informações sobre os motivos que mudaram a cabeça de um dos primeiros moradores de Curral Del Rey (foto).
O ilustre bandeirante João Leite da Silva Ortiz, em 1701 desistiu da procura do ouro, quando teria ficado simplesmente alucinado com outra coisa que descobriu: a beleza da paisagem de clima ameno e apropriado para a agricultura, criando a Fazenda do Cercado.
Numa área privilegiada, deu início a uma pequena plantação e criação de gado, transformando a região em produtora de farinha, algodão, frutas, madeiras e comercialização de gado, no povoado que recebeu o nome de Curral Del Rey.
A Fazenda do Cercado em pouco tempo virou ponto de referência por sua localização – passagem obrigatória do gado que vinha da Bahia, em direção às Minas Gerais.
No início, o povoado de 30 a 40 famílias cresceu assustadoramente e saltou para cerca de 18 mil habitantes, sendo elevado à condição de Freguesia.
E pasmem: ainda subordinado à Sabarabuçu, o Curral del Rey abocanhava as regiões de Sete Lagoas, Contagem, Santa Quitéria (Esmeraldas), Buritis, Capela Nova de Betim, Piedade do Paraopeba, Brumado, Itatiaiuçu, Morro de Mateus Leme, Neves, Aranha e Rio Manso o que, na linguagem utilizada hoje, teria a denominação de Grande Curral del Rey.
Uma área respeitável. No centro do arraial, os devotos ergueram a Matriz de Nossa Senhora de Boa Viagem, região que todos conhecemos de cor e salteado.
A cidade se desenvolveu a partir daquele ponto, com a instalação de lojas comerciais. E bem perto dali, foi criado o Largo do Rosário, pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Arraial de Curral del Rey.
Na época, já existia o famigerado preconceito racial: a população preta (77% dos moradores) não tinha autonomia nas irmandades brancas.
Mais tarde, veio a autorização para a construção de uma matriz e de um cemitério, através do príncipe regente de Portugal, o glorioso Dom João VI.
Só que tudo ali foi destruído para permitir as obras de construção de uma nova e deslumbrante cidade, sob o bastão de Aarão Reis, engenheiro-chefe da Comissão Construtora, legalmente instituída e bem aceita por todos.
Como forma de compensação, foi erguida a Capelinha de Nossa Senhora do Rosário, que ainda existe, ali no cruzamento das ruas São Paulo, Tamoios e avenida Amazonas, centrão de Belo Horizonte, e parte do local onde funcionou o Orfanato Santo Antônio.
Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral Del Rey
Como diz o ditado: “O que é bom, dura pouco”. As regiões que compunham a Grande Curral Del Rey foram ficando autônomas, separando-se dele.
Com a crise, a população encolheu brutalmente, chegando a pouco mais de irrisórios 4 mil habitantes. Outro ditado: “Há males que vêm para o bem”!
A Proclamação da República (1889), trouxe transformações e esperanças e nesse clima houve a mudança de nome para Belo Horizonte.
E também voltou à tona a ideia (1789) de mudança da capital para São João del Rey com outra perspectiva, muito avançada: a de realização de um velho sonho, a construção de uma nova cidade, com melhores condições de higiene para sediar a capital.
Aí, a nossa vocação festeira foi para as ruas: houve três dias de euforia, comemorações, bailes, missas e desfiles de bandas de música.
E os “boias frias” daquela época, mal sabiam que não havia lugar reservado para eles, que acabaram expulsos para a periferia, bem longe da área nobre, onde montaram cafuas e casebres, moradias improvisadas – as primeiras favelas.
Após muitas discussões, o presidente do Estado, Augusto de Lima, formulou (1891), o decreto determinando a transferência da capital para um local que oferecesse as melhores condições.
Foi escolhido o distrito de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del Rey, nome que recebeu a denominação de Belo Horizonte, a nova e promissora capital solenemente inaugurada em 12 de dezembro de 1897, agora desmembrada das terras do município de Sabarabuçu.
Houve muita discussão para definir um nome oficial para a nova capital das Minas Gerais e, entre várias sugestões, vingou Cidade de Minas, que durou apenas até 1901, quando foi assinado o decreto Estadual número 302, dando ao município o expressivo nome Belo Horizonte.
Depois foi carinhosamente apelidado pelos horizontinos de Belô, BH, BHZ e Belzon, em mineirês, jeito meio caipira de falar da gente das montanhas.
A nossa idolatrada Belo Horizonte sempre se caracterizou como fonte inspiradora a poetas, intelectuais e escritores como Pedro Nava, que escreveu em “Balão Cativo”, 1977:
“… Belo Horizonte lindo nome! Fiquei a repeti-lo e a enroscar-me na sua sonoridade.
Era longo, sinuoso, tinha de pássaro e sua cauda repetia rimas belas e amenas. Fonte. Monte, Ponte. Era refrescante”. No livro “Alguma Poesia”, de 1930, Carlos Drummond de Andrade qualificou:
“Jardim da Praça da Liberdade, Versailles entre bondes. Na moldura das Secretarias compenetradas a graça inteligente da relva compõe o sonho dos verdes”.
Mário de Andrade, em trecho de “Noturno de Belo Horizonte”, 1924:
– “Dorme Belo Horizonte. Seu corpo respira leve o aclive vagarento das ladeiras…Não se escuta sequer o ruído das estrelas caminhando…”. …”Chama-se Belo Horizonte. Eu se fosse Minas mudava-lhe a denominação. Parece antes uma exclamação que um nome (…)
“Sobram na história mineira nomes honrados para designar a capital futura” – bradou Machado de Assis, em 1894.
Na primeira visita oficial ao Brasil, em 1980, o Papa João Paulo II exclamou sua admiração, para o mundo inteiro ouvir e aplaudir:…
“Que Belo Horizonte”! (Hamilton Gangana).
Hamilton Gangana é publicitário
Curral Del Rey
Edição, Don Oleari – [email protected] | https://twitter.com/donoleari
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