Democracia
Hoje o que tenho pra falar não tem graça.
Renato Fischer visto pelo chargista Janc
Trata-se do 8 de janeiro de 2023. Faz um ano e resolveram fazer um ato público político pra lembrar aquele escárnio. E acabaram por nos esculachar com outro escárnio.
Lula fazendo um discurso que deveria ser verdade. Mas não é. Disse:
“não haverá democracia neste País, enquanto um brasileiro, ao menos um, estiver passando fome”.
Nada mais perfeito. Se aquele ajuntamento de gente ao seu redor e, ele próprio, Lula, estivessem verdadeiramente engajados na sublime missão de cortar a fome de todos os brasileiros.
Mas, a não ser os programas sociais que ajudam os mais pobres, aos quais aplaudo de pé, poucas ações do governo (e nesse mister junto todos os poderes) vão contra o mal da peste da fome feroz, como conhecia tão bem desde lá dos anos 50, o velho Gonzagão:
– “Assim fala o pobre, Do seco nordeste, Como medo da peste; Da fome feroz” (*).
(*) “A triste Partida”, poema de Patativa do Assaré, musicado por Luiz Gonzaga. Veja lá em embaixo, depois do texto de Fischer.
Ali estava ele próprio, padrinho maior de tantos desvios de conduta ética, tantos desvios de dinheiro pras cuecas e malas Brasil afora, engordando contas off shore mundo afora.
Sim. Ele pode propalar ao mundo que “nem Jesus Cristo é mais honesto que ele”. Mas nem minha filha, com seis anos de idade, lá no Lula I, acreditou.
Ela, brincando de boneca enquanto eu assistia o Jornal Nacional, levantou a cabeça e disse:
“Lula não serve pra ser presidente”.
À minha pergunta de porquê, ela colocou o indicador dentro da calcinha e disse:
“ele sabia que eles estavam colocando dinheiro aqui, ó, e diz que não sabia”.
Pois é. Nem as criancinhas.
Ao lado dele o presidente do Senado, representando o Poder Legislativo que com seus 81 senadores e 513 deputados morde uma fatia de 11 bilhões de reais no orçamento.
Só pros seus custos nominais. Mais orçamento das emendas parlamentares para onde vão mais de 30 bilhões, mais 5 bilhões pras eleições do ano que vem e mais para os fundos partidários.
Legisladores que recentemente legalizaram o roubo através do chamado orçamento secreto em que o dinheiro era destinado a um fantasma para obras fantasmas. Ninguém sabe o destino.
Alguns foram descobertos, como o dinheiro destinado a pagar 12,7 mil radiografias de dedo no município de Igarapé Grande, Maranhão, onde o IBGE diz que há 11,5 mil habitantes. Falcatrua descoberta pela Polícia Federal.
Quantas não foram descobertas?
Do outro lado, o presidente do STF representando o Judiciário, talvez a parte do poder que menos pratica a democracia, negando direitos fundamentais aos cidadãos. Como, por exemplo, o caso dos velhos aposentados que contribuíram durante toda a vida pra amealhar uma pobre aposentadoria e o STF acolhe a infame iniciativa do INSS de só computar as contribuições de seus últimos 15 anos.
Um STF que vai gastar em um ano cerca de 900 milhões de reais. Onde 11 pessoas sexagenárias têm creche. Tem dezenas de copeiras, de motoristas, de ascensoristas. E comem lagostas regadas a vinhos bi-premiados internacionalmente.
O parlamento e o judiciário brasileiro são os mais caros do mundo.
E onde está a democracia que busca, no discurso de Lula, frear a fome? Certamente foi parar no mesmo ralo para onde jorram os bilhões de reais que se desvia, que se malversa e que se consomem em lagostas e vinhos.
Dinheiro que deveria ser destinado aos cuidados das crianças, das escolas e que deveria ser menos abocanhado das empresas que geram empregos e salários. Que verdadeiramente saciam a fome. Fome de alimentos e de dignidade.
Bom, mas o discurso da democracia contra a fome é pra inglês ver.
Há que se destacar que o discurso veio num dia de luto e de tragédia para a história da nossa democracia. Um dia que marca o epílogo de uma história trágica de um cidadão que deveria e jurou defendê-la, empurrou seus acéfalos seguidores para uma batalha campal com o objetivo de dar um golpe de estado e aniquilar a democracia.
Espero que o famigerado STF acolha os mandamentos da Constituição Brasileira, guardiã da democracia, e recolha ao cárcere, além dos seguidores, o mentor mor da tentativa de matar a nossa democracia. O rigor da lei tem que dizer a esses golpistas: 1964 NUNCA MAIS.
Viva a democracia! (Renato Fischer).
Renato Fischer, radialista, jornalista, médico.
Democracia
Edição, Don Oleari – [email protected] –
https://www.facebook.com/oswaldo.oleariouoleare – https://twitter.com/donoleari
Está criado e decretado o Ponto de Iniciação | Renato Fischer | 8/1