A dessemelhança – a dessemelhança ou a coincidência? Liberdade de comércio, alforria a escravos acima de 60 anos, Constituição de 1990, Oração aos moços.
Resolvi escrever hoje, diante do momento político brasileiro, sobre o homem mais culto e honrado deste país, de quem, desde o meu primário, me tornei seu incondicional admirador. O nome dele é suscitado sempre que o assunto é a nossa maltratada língua portuguesa: Ruy Barbosa.
Levantei alguns dos muitos relevantes desempenhos desse honrado brasileiro, apenas alguns, porque se fôssemos colocar todos os seus atributos certamente uma edição inteira deste site não seria suficiente.
Ruy, depois de concluir em São Paulo o seu curso jurídico, voltou para a sua terra, Bahia, para exercer a advocacia e também iniciar-se no jornalismo. Em l872, debatendo com ardor a favor da abolição da escravatura. Eleito deputado pela sua amada Bahia, na Assembleia fez o seu notável discurso sobre a liberdade de comércio.
Elaborou em 1880 a Lei Saraiva, concedendo alforria aos escravos com mais de 60 anos; programou a República Federada; recusou o convite para ocupar um dos ministérios do Gabinete Imperial; atuou vigorosamente na redação da Carta Constitucional , promulgada em 1890, a qual delineia com clareza a importância da democracia, com a autonomia dos Estados, o governo democrático, a eleição pelo sufrágio universal, do presidente e vice-presidente da República, a liberdade de consciência, de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de religião.
Cunhou “A Igreja Livre no Estado Livre”. Ruy cunhou também: “NÃO HÁ TRIBUNAIS QUE BASTEM PARA ABRIGAR O DIREITO, QUANDO O DEVER SE AUSENTA DA CONSCIÊNCIA DOS MAGISTRADOS”.
Quando a idade de Ruy, ainda menor, não lhe permitia ingressar no Curso de Direito, um “amigo” sugeriu ao pai que se “conseguisse uma certidão de nascimento com um ano a mais”, o que foi definitivamente recusado.
O pai, apesar de médico bem sucedido, morreu deixando muitas dívidas para trás. Ruy as assumiu e trabalhou duramente até pagar todas elas.
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Atribui-se ao grande Ruy a seguinte sentença:
“SE A SOCIEDADE NÃO PODE IGUALAR OS QUE A NATUREZA CRIOU DESIGUAIS, CADA UM, NOS LIMITES DE SUA ENERGIA MORAL, PODE REAGIR SOBRE AS DESIGUALDADES NATIVAS, PELA EDUCAÇÃO, ATIVIDADE E PERSEVERANÇA. TAL A MISSÃO DO TRABALHO”.
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Fonte: fascículo “Ruy Barbosa e a Mocidade Brasileira”, de Gideon de Oliveira.
Alencar Garcia de Freitas é jornalista aposentado
Edição, Don Oleari
https://nancireginaadvogados.com.br/blog/100-anos-da-oracao-aos-mocos-rui-barbosa/