Paulo Bonates | As dores e encantos dos “Anos Dourados” | 31/10

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Vivemos uma época essencialmente trágica. Não há certezas ou direções. Sequer dúvidas razoáveis. Neste exato momento em que ouso compreender o mundo, novos argumentos, velhas frases, me oferecem simplesmente uma confusão de conceitos.
O  jogo de cena entre a Rússia de Putin e a Ucrânia de Zelensky, que sem essa arenga jamais teriam essa projeção mundial, já gastou minha fé e atenção.
Como sabemos, não existe tempo presente: quando vem já foi. Tento pensar em algo real e prazeroso.
Depois de dispêndios e manhas, consigo sintonizar na TV a atriz Malu Mader, divino furação da série “Anos Dourados” interpretando a jovem Lurdinha.
Dirigi minhas recordações ao bairro da Tijuca, no Rio, onde a Juventude Estudantil Católica, a JEC, praticava suas missas, ao Colégio Militar e às meninas da Escola Normal. Na época ia frequentemente lá.
Agora, cara a cara com a TV, assisti o seriado de uma só vez, embalado pela cadeira de balanço da avó Alice e da música instrumental de Antonio Carlos Jobim. Peço licença à antiga dona do meu coração, a atriz italiana Sophia Loren, que passou para o segundo lugar.
Jamais vi pessoalmente nenhuma das duas. Nem é preciso, meu amor vagabundo imagina o suficiente. Imaginação é muito melhor.
Meu grupo “ Os amigos do Baco”, das terças-feiras, tem lá as suas preferências, gostam de filmes de terror.
Voltando à série “Anos Dourados”, escrita por Gilberto Braga e dirigida por Roberto Talma, o ator  José Lewgoy faz o papel de um brigadeiro clássico. Embora apresente uma rigidez de pensamento,  transmite bondade e generosidade.
Felipe Camargo, que interpreta o jovem galã Marcos, beijou tanto e tantas vezes, em todas as cenas, a Malu, que me levou a balançar ainda mais a cadeira de Dona Alice, fazendo a inveja escorrer pelo canto da minha boca.
Em priscas eras, disputei com Paulo Torre a primazia de carregar a referida Malu Mader dentro do peito. Tínhamos sérias discussões a respeito de quem produzia o melhor delírio.
Eu enxergava a Betty Faria como uma bailarina de teatro rebolado. Porém, em todos estes anos de cinéfilo dependente nunca assisti alguém representar com tanta perfeição o papel de uma mãe de verdade.
Muito me alegrou ver a encenação da amizade que rolou entre o romântico Marcos, e o criativo e impagável Urubu (Taumaturgo Ferreira). Brilhante.
Cláudio Corrêa foi à perfeição, fez chorar. A cena final é de uma dificuldade de execução imensurável. Yara Amaral interpretou a mãe má nos mínimos detalhes. Palmas para ela. O fabuloso Milton Moraes, o Morreu, deu um show de arte.
Essa série foi filmada em uma época e lugares muito conhecidos meus. Emocionei-me. Vivi mesmo.
Dorian Gray, meu cão vira-lata, não despregou o olho da tela.
Boa leitura
*Paulo Bonates*

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham