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Kleber Frizzera: Encruzilhadas | 14/9

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Encruzilhadas

Encruzilhadas

Em uma cidade Vitória Metrópole, que comemora a sua fundação, desfeita por linhas e caminhos acelerados, fragmentadas em suas partes opostas, os cruzamentos interrompem a velocidade dos carros e aguardam, Mercúrio e Exu, que se ocupam dos encontros e as trocas de todas as possibilidades.

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kleber frizzera

Deuses e entidades, são eles portadores das mensagens, dos mundos sagrados e dos mistérios, entre o visível e o invisível, e anunciam aproximações e alteridades, escreve Luiz Antonio Simas, “mecanismos de compreensão e vivência compartilhada de mundo”.

Encruzilhadas

As esquinas, encruzilhadas, interseções dos múltiplos e das variedades, não têm, na sua maioria, marcas distintivas, permanentes.

Acontecem em tempos e lugares comuns, acolhem banais e extraordinários eventos que, de repente, ocupam corpos e desejos as suas ruas e calçadas, e logo se apagam, sobram restos, retornando à presença em ciclos longos ou celebrando, a cada semana, a cada sexta, o prazer de viver e das proximidades conquistadas.

Vitória, mesmo quando as desigualdades sociais e urbanas informam e espalham um território fractal, onde preconceitos e oposições tentam sufocar identidades e gêneros, cancelar sexos e gostos, em instantes também reluzem tramas de estrelas que ordenam constelações, brilham em busca de esperançosos futuros promissores.

Alguns lugares, no ponto Chic, onde os morros do Quadro e do Alagoano se encontram e separam, amores e disputas, Chapot com Aleixo, onde a cada quatro anos, se aglomeram trocas de figurinhas da copa, a rua da Lama e o Triângulo que se transfiguram nos finais de semana, são alguns exemplos destas singularidades urbanas.

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praça costa pereira, centro velho de vitória

No centro histórico, a rua Sete, que desde a Piedade recebe ruas afluentes e vai desaguar na Praça Costa Pereira, no seu caminho para formar o oceano Atlântico; a Maria Ortiz, a escada de alto a baixo e o seu abraço de reconciliação com o comércio, e, de repente, na frente do palácio Anchieta, na escadaria Barbara Lindbergh, partilhamos a vista da baía com as quatro estações, observando o porto, o movimento dos navios e o antigo cais do Imperador.

No centro histórico, a rua Sete, que desde a Piedade recebe ruas afluentes e vai desaguar na Praça Costa Pereira, no seu caminho para formar o oceano Atlântico; a Maria Ortiz, a escada de alto a baixo e o seu abraço de reconciliação com o comércio, e, de repente, na frente do palácio Anchieta, na escadaria Barbara Lindbergh, partilhamos a vista da baía com as quatro estações, observando o porto, o movimento dos navios e o antigo cais do Imperador.

cais-do-imperador-coluna-frizzera-1.jpg
cais do imperador

Foto: Arquivo Público do ES

  http://atom.beta.es.gov.br/index.php/fotografia-do-cais-do-imperador

Encruzilhadas outras

Mas outras dezenas de outras encruzilhadas acontecem nos bairros de Vitória, nos morros, junto à maré, no cruzamento do bonde, em Jucutuquara, transita nos bairros de jardim, de bares e botequins, onde acordam olhares transversais, e do outro lado, margeando a costa noroeste, a avenida Serafim Derenzi enlaça esquinas que se desdobram inúmeras até a ilha das Caieiras.

Serão suficientes estes laços urbanos, pontos que tramam constelações, acesos às falas trocadas, acesos para o perdido, para (re)unir as partes e as esquinas, caladas ou sonoras, resistirão, entre frestas, as extrações das informações e os desígnios dos poderes imagéticos?

Serão poderosos estes frágeis gestos, feitos da miudeza do cotidiano, armados das miniaturas dos passos, dos passes, dos pontos, lista de improváveis encantos, que transfiguram os pesos e as marcas do passado e das dores da escravidão?

Serão suficientes estes anúncios vitais para espantar os ódios e as ilimitadas violências, montar em zodíaco celeste, vias lacteas, constelações e caminhos, (re)significar esperanças e solidariedades?

Convocados, “Erguei bem alto a viga, carpinteiros”, desfaçamos os nós, as travas, os engodos, os malfeitos, naveguemos, é preciso, espantemos os fantasmas fardados e os gostos amargos, relembremos os doces gostos dos quintais, os profundos sabores dos beijos, dos queijos, dos surpreendentes cheiros da chuva, e o brilho do dia surgindo a primavera do mar.

Viva Vitória!

Kleber Frizzera

Setembro 2022

Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (1971) e mestrado em Arquitetura pela Ufes Universidade Federal de Minas Gerais (1998). Foi secretário municipal de desenvolvimento da cidade da Prefeitura de Vitória/ES (2006/2012) e professor adjunto da Universidade Federal do Espírito Santo ( 1978/2015) https://www.ufes.br/. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente em projetos de arquitetura, arquitetura teoria e crítica, arquitetura áreas centrais, planejamento territorial e renovação urbana.

 

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham

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