Livro
COLUNA AQUI RUBENS PONTES |
MEUS POEMAS DE SÁBADO
Esta eu vi e vivi: o “O Vermelho e o negro”, de Stendhal, era “instrumento de divulgação comunista”, para censor da ditadura através do famigerado DIP.
Foto de capa: Guimarães Rosa em almoço com vaqueiros durante viagem de pesquisa pelo interior de Minas
Don Oleari Portal de Notícias registrou nesta Coluna as comemorações do Dia Nacional do Livro, transcorrido no mês de outubro.
Voltando ao tema, inesgotável, e dando continuidade a um capítulo que não se apaga nunca, relacionamos cinco dos livros apontados pela crítica como os mais significativos da nossa literatura e de maior repercussão no Exterior, e também os dez elencados como os mais editados em todo o Mundo.
Vou mostrar como um escritor brasileiro, do qual pouco se fala, aparece na relação dos mais lidos em todos os tempos e em todos os Continentes.
Pode até eventualmente ocorrer discordância com um ou com outro nome de autor ou título, mas estatística não é passível de divergência.
Cincos livros brasileiros mais vendidos fora do País
A Coluna teve acesso à relação dos cincos livros brasileiros mais vendidos fora do País. São eles:
Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa
Lançado em 1956, Grande Sertão: Veredas, do autor mineiro Guimarães Rosa, é um dos livros brasileiros mais lidos no exterior. O romance mostra um Brasil bem diferente do imaginado pelos estrangeiros.
Hoje, a obra é considerada uma das mais importantes da literatura brasileira e lusófona.
Capitães da Areia, de Jorge Amado
Obra do baiano Jorge Amado, também autor de Dona Flor e Seus Dois Maridos, Tieta do Agreste e Gabriela Cravo e Canela.
Os livros de Jorge Amado foram traduzidos em 49 idiomas, sendo Capitães de Areia sua obra mais famosa mundialmente.
A Hora da Estrela, de Clarice Lispector
Narrando a história de Macabéa, que migra de Alagoas para o Rio de Janeiro. Publicado em 1977, segundo a própria autora, a história retrata “uma inocência pisada” e, de certa forma, suas próprias histórias.
A obra ganhou adaptação para o cinema, com Fernanda Montenegro como protagonista, eleito um dos 100 melhores filmes nacionais de todos os tempos.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Publicado como folhetim em 1880, Memórias Póstumas de Brás Cubas ganhou sua forma de livro no ano seguinte.
Apesar de dividir opiniões na época, devido à inovação temática da obra, atualmente é um dos trabalhos da literatura brasileira apontado pelos críticos como o mais importantes entre todos, por marcar a criação do romance brasileiro, renovado em tempos mais recentes por Guimarães Rosa.
Nos Estados Unidos, a obra ganhou nova tradução em 2020. Como resultado, esgotou em um dia após seu lançamento.
O Alquimista, de Paulo Coelho
O Alquimista, escrito em 1988, conferiu ao autor a classificação do livro nacional mais vendido internacionalmente, ultrapassando a marca de 65 milhões de cópias em 68 idiomas.
É o romance de autor brasileiro mais traduzido no mundo.
A inquisição civil brasileira
A Inquisição no Brasil não teve o horror que marginalizou Portugal entre os países europeus. Ocorreu por volta da segunda metade do Século XVIII, quando cerca de 500 pessoas foram acusadas de disseminar o judaísmo.
Ninguém foi levado à fogueira de purificação, mas alguns deles foram torturados para confessar sua condição de pecadores.
Uma das punições mais comuns era ter o acusado a sola dos pés retirada, depois untados com manteiga e expostas as feridas em um braseiro.
Deixou entre nós sua marca, armando fogueiras em ambientes públicos para transformar em cinzas o pensamento de escritores brasileiros.
Caça às bruxas brasileiras
Getúlio Vargas, um caudilho gaúcho, com apoio de militares e da classe média, instalou no País uma ditadura e, com ela, uma caça às nossas “bruxas”, autores de livros que divergiam da política instalada pelo ditador .
No dia 26 de novembro de 1937, apenas nove dias após a implantação do Estado Novo, Vargas acendeu a pira simbólica da Inquisição criando o DIP – (Departamento de Imprensa e Propaganda).
Com o DIP, o ditador Vargas autorizava a censurar jornais, livros, qualquer matéria de crítica que pudesse desestabilizar a ordem pública, qualquer publicação que fizesse, aos olhos do censor, propaganda de ideias revolucionárias do “credo vermelho”.
“O Vermelho e o negro”
Rápido parêntesis para narrar experiência pessoal do Colunista, em 1946, à época repórter de um jornal em Belo Horizonte.
Visitava a Livraria Itatiaia, à rua da Bahia, no centro da cidade, quando presenciei uma discussão do seu proprietário, Édson Moreira, com um censor do DIP, portador de uma insuperável e inquestionável autoridade.
Não valeu nenhuma busca de entendimento: todos os exemplares da obra foram retirados das estantes e levados. O livro buscado: “O Vermelho e o negro”, de Stendhal.
Segundo o agente do DIP, aquele livo era um instrumento de divulgação comunista.
A fogueira da “nossa” inquisição
O romancista Jorge Amado, da prisão onde estava confinado, ouvia o ulular histérico de centenas de pessoas aglomeradas em frente à Escola de Aprendizes de Marinheiros, em Salvador.
No meio da praça, a grande fogueira acesa como nos tempos de Torquemada.
Nela foram atirados e transformados em cinzas 1.821 livros, mais de 90 por cento deles do escritor baiano.
Outros intelectuais foram marcados pela ditadura Vargas, entre eles Graciliano Ramos, dez meses no porão de uma prisão no Rio, Monteiro Lobato, Paulo Coelho, preso e torturado.
Quase sempre injustiçado e ignorado pela maioria dos críticos brasileiros, Paulo Coelho, foragido no exterior, é, no entanto, o único autor brasileiro a ter nome inserido entre os dez livros mais lidos no mundo.
Os 10 livros mais vendidos no Mundo
A relação foi levantada pelo crítico, pesquisador e estudioso Erik Rodrigues em junho deste ano de 2023, enumerando os dez livros de autores internacionais com maior tiragem, relacionada com maior número de leitores.
Dom Quixote, de Miguel de Cervantes
Cervantes criou Dom Quixote no início do século XVII e, com ele, a primeira novela moderna. Mais de 500 milhões de cópias vendidas
Um conto de duas cidades, de Charles Dickens
Charles Dickens ambientou sua obra-prima, Um Conto de Duas Cidades, nas cidades de Londres e Paris durante a época da Revolução Francesa. Vendeu mais de 200 milhões de cópias
O pequeno príncipe, de Saint-Exupéry
O Pequeno Príncipe é um clássico atemporal que já vendeu mais de 200 milhões de cópias em todo o mundo.
O senhor dos anéis, de J.R.R. Tolkien
Épico de fantasia, vendeu mais de 150 milhões de cópia
Harry Potter e a pedra filosofal, de K. Rowling
A história de Harry Potter, o menino-bruxo, começou com A Pedra Filosofal e conquistou o mundo, vendendo mais de 120 milhões de cópias
E o vento levou, De Margaret Mitchel.
Com mais de 30 milhões de cópias vendidas, E o Vento Levou permanece como um dos mais populares romances americanos.
O Codigo Da Vinci, de Dan Brown.
Lançado em 2003, O Código Da Vinci rapidamente se tornou um fenômeno global, com mais de 80 milhões de cópias vendidas.
O Alquimista, Paulo Coelho.
O Alquimista tornou-se uma obra internacional, vendendo mais de 65 milhões de cópias em todo o mundo.
A Saga do Crepúsculo, Stephenie Meyer.
A série rejuvenesceu o gênero de romance paranormal, com mais de 120 milhões de cópias vendidas.
O cão dos Baskerville, de Conan Doyle.
Uma das histórias mais vendidas de Sherlock Holmes. O Cão dos Baskerville vendeu milhões de cópias desde sua publicação em 1902.
Possuídos do sentimento de haver colaborado para melhor entendimento de algumas fases do campo da literatura, Don Oleari Portal de Notícias, o Colunista e seus companheiros de redação, no encerramento do “script’, desejamos a todos bom final da primeira semana deste penúltimo mês de 2023
Fechando a coluna, indico a leitura de trechos de poema de Castro Alves, louvando os que semeiam livros, publicados ao final da Coluna..
Rubens Pontes, jornalista
Capim Branco, MG
Montagem e revisão: Márcia M.D. Barbosa
O Livro e a América
Castro Alves
Talhado para as grandezas
P’ra crescer, criar, subir,
O Novo Mundo nos músculos
Sente a seiva do porvir.
(…)
As cataratas – p’ra terra,
as estrelas – para os céus
Lá, do pólo sobre as plagas,
O seu rebanho de vagas
Vai o mar apascentar…
Eu quero marchar com os ventos,
Com os mundos… co’os firmamentos!!!
E Deus responde – “Marchar!”
“Marchar!… Mas como?…”
(…)
Filhos da Grande nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão:
O livro – esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterlooo
Na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto
As almas buscam beber…
Oh! Bendito o que semeia
Livros… livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe – que faz a palma
É chuva – que faz o mar.
Vós, que o templo das ideias
Largo – abris às multidões
P’ra o batismo luminoso
Das grandes revoluções
(…)
Fazei desse “rei dos ventos”
– Ginete dos pensamentos,
– Arauto da grande luz!…
Num poema amortalhada
Nunca morre uma nação
Como Goethe moribundo
Livro
Edição, Don Oleari – [email protected] –
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