Marly de Oliveira e João Cabral
AQUI RUBENS PONTES
MEU POEMAS DE SÁBADO
jornalista
“O homem põe, Deus dispõe”.
Uma citação melhor aproveitada pelo então super poderoso ministro da Fazendo durante os governos de militares, Delfim Neto:
“O Mundo gira, a Lusitana roda”.
Pois nessas voltas que o Mundo dá, foi assim que o casamento de uma poeta do Espírito Santo com um poeta pernambucano fez reunir num só lugar uma Academia Internacional de Letras, que poderia ser então simbolicamente instituída.
Figuras do mais alto relevo nos círculos mais admirados das letras brasileiras, num fato absolutamente incomum, convergiram de suas origens para paraninfar o enlace matrimonial de Marly de Oliveira, nascida em Cachoeiro do Itapemirim, com João Cabral de Melo Neto, nascido em Recife.
Clarice Lispector e Manoel Bandeira foram seus padrinhos (foto de capa). Clarisse Lispector nasceu na cidade de Checheinyk, na Ucrânia. Manoel Bandeira em Recife, Pernambuco.
Presença também representativa, Marina Colasanti, nascida em Asmaria, Eritreia, autora do imortal “Breve história de um pequeno amor”, casada com o multimidia mineiro de Belo Horizonte Affonso Romano de Santana (o casal na foto), também presente.
Enquanto o mundo continua girando e a Lusitana no nosso tempo já não roda mais, busca-se aceitar que a existência do homem na Terra é movida sempre, como poetou Camões, por um poder mais alto que se levanta.
As consequências de seus desdobramentos, no entanto, se entrelaçam para o sim e para o não, para muitos sim, para muitos não.
No caso do Don Oleari, Portal de Notícias, as mudanças aparecem diariamente, olhando para o que está se produzindo e para as ideias e projeções que o atualizam.
A Coluna, mantida há cerca de oito anos, faz abordagem de temas sugeridos em reuniões de pauta, neste sábado ensolarado de setembro, por exemplo, relembrando dois grandes poetas, Marly de Oliveira e João Cabral de Melo Neto, atraídos pelo mesmo ideal poético e pelo chamamento do coração.
Marly de Oliveira
Observação:– Esta coluna abordou biografia e obra de Marly de Oliveira em agosto de 2019 e em maio de 2020.
Marly de Oliveira nasceu no dia 11 de junho de 1935 em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, mudando-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em Letras Neolatinas pela Pontifícia Universidade Católica.
Recebendo uma bolsa para estudar na Universidade de Roma, cursou História da Língua Italiana e Filologia Românica.
Voltando ao Brasil, passou a trabalhar como assistente da cadeira de Literatura Hispano-Americana na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) e na PUC/Petrópolis. Atuou no período como professora de literatura italiana e literatura hispano-americana.
Foi casada com o diplomata brasileiro Lauro Moreira, com quem passou a residir em Buenos Aires, em Genebra e Brasília.
O segundo casamento
Seu segundo casamento foi com o poeta João Cabral de Melo Neto, na década de 80, passando a morar em Portugal onde ele atuava como diplomata.
João Cabral de Melo Neto
Primeiro brasileiro a ganhar o Prêmio Camões, João Cabral de Melo Neto é considerado pela crítica um dos maiores poetas da literatura nacional.
Foi escritor, diplomata e um dos mais importantes intelectuais de seu tempo, imortal da Academia Brasileira de Letras e o primeiro brasileiro a obter o Prêmio Camões.
O autor desenvolveu um estilo próprio, muito distante das características presentes na poesia de seus contemporâneos.
João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife, Pernambuco, em 6 de janeiro de 1920, tendo passado sua infância nos engenhos da família, na zona rural de São Lourenço da Mata e de Moreno.
Voltou a Recife com dez anos de idade, onde permaneceu até 1938, quando sua família se mudou para o Rio de Janeiro.
Em 1942 publicou seu primeiro livro, “Pedra do Sono”, volume de poesia bem recebido pela crítica. Em 1945, iniciou carreira na diplomacia e como membro do Itamarati atuou em diversos países.
No Brasil, chegou a assumir o cargo de Ministro da Agricultura durante a gestão de Jânio Quadros e João Goulart, até o golpe militar de 1964, quando retornou às atividades diplomáticas, voltando a residir definitivamente no Brasil apenas em 1987.
Marly de Oliveira e João Cabral
Viúvo, pai de filhos já adultos, aos 66 anos de idade casou-se com a poeta de Cachoeiro de Itapemirim Marly de Oliveira, 20 anos mais moça, personalidade expansiva, extrovertida, o oposto à postura de João Cabral de Melo Neto.
Casamento complicado, com choques de personalidade, ainda assim durou até outubro de 1999, quando João Cabral de Melo Neto, praticamente cego e deprimido, morreu em seu apartamento no Rio de Janeiro, em outubro de 1999.
O grande poeta brasileiro foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em agosto de 1968, ocupando a cadeira de número 37, posto antes assumido por Assis Chateaubriand.
Poeta por excelência – com exceção de alguns esparsos títulos em prosa – revolucionou os padrões convencionais do lirismo, desenvolvendo um estilo próprio, em linguagem objetiva e rigorosa.
Publicada pela primeira vez em 1955, “Morte e Vida Severina”, Auto de Natal Pernambucano, é a obra mais conhecida de João Cabral de Melo Neto.
A Coluna se encerra com a marca dos dois poetas Marly de Oliveira e João Cabral em dois de seus poemas: “Perdi a capacidade do assombro”, de Marly de Oliveira, e “O fim do mundo”,
de João Cabral de Melo Neto.
Rubens Pontes, jornalista
Capim Branco, MG
Marly de Oliveira e João Cabral
Perdi a capacidade de assombro
Marly de Oliveira
Perdi a capacidade de assombro
mas continuo perplexa:
esta cidade é minha, este espaço
que nunca se retrai,
mas onde o ardor da antiga
chama, que me movia no mínimo
gesto?
Esperei tanto, no entanto, esvaem-se
na relva, ao sol, no vento,
os sonhos desorbitados,
parte da minha natureza
sempre em luta com o fado.
Perdi também no contato
com o mundo, pérola radiosa, vão pecúlio,
uma certa inocência;
ficou a nostalgia de uma antiga
união com o que existe,
triste alfaia.
O Fim do Mundo
João Cabral de Melo Neto
“No fim de um mundo melancólico
os homens leem jornais.
Homens indiferentes a comer laranjas
que ardem como o sol
Me deram uma maçã para lembrar
a morte. Sei que cidades telegrafam
pedindo querosene. O véu que olhei voar
caiu no deserto.
O poema final ninguém escreverá
desse mundo particular de doze horas.
Em vez de juízo final a mim me preocupa
o sonho final.
Marly de Oliveira e João Cabral
Edição, Don Oleari – [email protected] –
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