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Rubens Pontes | Matusalem Dias de Moura: Hai Kai, O teu lado e Saudade | 17/9

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Rubens-Pontes

 

Coluna AQUI RUBENS PONTES

MEUS POEMAS DE SÁBADO

O Estado do Espírito Santo, com sua modesta extensão territorial  de pouco mais de 46 mil quilômetros quadrados divididos em 78 municípios com uma população de 3 milhões 514.952 habitantes  (levantamento do IBGE em 2.010), é um dos principais esteios da economia brasileira.

No último levantamento, o Estado contribuíra com 2,3% para o PIB brasileiro. É o segundo maior produtor de petróleo e gás natural do País, com uma produção menor apenas que a do Rio de Janeiro, e também o segundo maior produtor de café em grãos do Sudeste brasileiro.

No plano da criatividade literária, os capixabas nos ufanamos  de sediar o Estado alguns dos mais importantes nomes da literatura brasileira do nosso tempo, escritores, cronistas  e poetas com renome internacional.

A  criação da Academia Espírito-santense de Letras, em 1921, do quinzenário “Vida Capixaba”, publicada entre abril de 1923 e fevereiro de 1957, abriram para isso novos espaços, época em que surgiram as primeiras  autoras num  campo  até então ocupado exclusivamente por autores masculinos.

Vencido o tempo: Maria Antonieta Tatagiba, Haydée Nicolussi, Marly e Oliveira.

A criação da Editora da Fundação Ceciliano Abel de Almeida (UFES), em 1978, foi importante passo para valorização dos autores da terra,

Atualmente, a produção literária capixaba está inserida como uma das maiores do País. Mas nem tudo foi assim, nem na economia nem na literatura,  a partir da chegada das naus portuguesas de Cabral.

Durante séculos, nosso Estado viveu  à  margem dos centros maiores de cultura e sua literatura, “pobre e insignificante”, refletia essa marginalidade periférica, como sentenciou Pedro de Magalhães Gandavo (Tratado da Terra do Brasil). A ausência de qualquer movimento cultural no Espírito Santo levava os capixabas a estudar na Bahia, sede  do Governo Geral do Brasil.

Com a descoberta  de ouro  nos sertões do Rio Doce, em 1693, o afluxo em massa de  garimpeiros capixabas  para as Minas Gerais ganhou ampla dimensão, ,esvaziando e tornando o Espírito Santo refúgio de tribos indígenas em suas densas florestas impedidas de desmatamento por decreto real.

O Poderoso Chefão, para surpresa da turma do Portal Don Oleari, revelou um fato de que poucos capixabas têm conhecimento e  que o Colunista confirmou:

– Completamente empobrecida, a Capitania do Espírito Santo foi comprada, em 1674, pelo coronel Francisco Gil de Araújo, ricaço baiano descendente de Caramuru, por 40 mil cruzados. 

Entendia ele ser o território rico em ouro e esmeraldas. Não sabemos do seu desdobramento no tempo, sem registro oficial.

O Estado e sua gente, suas praias e seus monumentos, seus escritores e seus poetas, sua própria e fascinante História fazem do Espírito Santo,  modéstia à parte, modelo de superação e exemplo de tenacidade na conquista daquilo que povoa nossos melhores sonhos.

Um dos grandes poetas capixabas do nosso tempo, dominando com sensibilidade as várias vertentes da poesia, o poema, o soneto, a quadra, o fascinante hai-kai, foi aqui na Casa apontado como figura que sintetiza toda a evolução da cultura  capixaba desde os versos dos jesuítas até nosso  fascinante tempo:

– Matusalém Dias de Moura, membro da Academia Espírito-santense de Letras e de muitas outras entidades também em outros Estados  e em Portugal.

Capixaba de Córrego dos Coelhos, zona rural de Urupí, município de Iuna.

Dele a ilustração poética da  Coluna.

Rubens Pontes, jornalista

Capim Branco, Minas Gerais

Matusalém Dias de Moura em 3 tempos

 

Hai-Kai

Sempre ao por do sol

Reverenciando a noite,

girassol se curva.

       

O TEU LADO

 

Eu não te quero só por te querer,

nem tenho culpa de te amar assim

O que hoje me acontece, podes crer,

é uma vontade que nasceu em mim:

 

a de ir contigo, enquanto aqui viver,

de braços dados, rumo ao nosso fim,

com nossas vidas, juntas, num só ser,

para a Deus reafirmarmos nosso “sim”.

 

Tu és o melhor bem que me ocorreu

nos momentos de dores e alegrias,

tornando bem mais leve o fardo meu.

 

E neste lento caminhar dos dias,

passo a passo, seguindo ao lado teu,

encho de luzes minhas mãos vazias.

 

Saudade

 

Saudade chega discreta

e no meu peito se aninha.

Sabendo que eu sou poeta,

se torna parceira minha.

(Matusalém Dias de Moura)

https://www.ael.org.br/

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Radialista, Jornalista, Publicitário.
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