Matusalem
Coluna AQUI RUBENS PONTES
MEUS POEMAS DE SÁBADO
O Estado do Espírito Santo, com sua modesta extensão territorial de pouco mais de 46 mil quilômetros quadrados divididos em 78 municípios com uma população de 3 milhões 514.952 habitantes (levantamento do IBGE em 2.010), é um dos principais esteios da economia brasileira.
No último levantamento, o Estado contribuíra com 2,3% para o PIB brasileiro. É o segundo maior produtor de petróleo e gás natural do País, com uma produção menor apenas que a do Rio de Janeiro, e também o segundo maior produtor de café em grãos do Sudeste brasileiro.
No plano da criatividade literária, os capixabas nos ufanamos de sediar o Estado alguns dos mais importantes nomes da literatura brasileira do nosso tempo, escritores, cronistas e poetas com renome internacional.
A criação da Academia Espírito-santense de Letras, em 1921, do quinzenário “Vida Capixaba”, publicada entre abril de 1923 e fevereiro de 1957, abriram para isso novos espaços, época em que surgiram as primeiras autoras num campo até então ocupado exclusivamente por autores masculinos.
Vencido o tempo: Maria Antonieta Tatagiba, Haydée Nicolussi, Marly e Oliveira.
A criação da Editora da Fundação Ceciliano Abel de Almeida (UFES), em 1978, foi importante passo para valorização dos autores da terra,
Atualmente, a produção literária capixaba está inserida como uma das maiores do País. Mas nem tudo foi assim, nem na economia nem na literatura, a partir da chegada das naus portuguesas de Cabral.
Durante séculos, nosso Estado viveu à margem dos centros maiores de cultura e sua literatura, “pobre e insignificante”, refletia essa marginalidade periférica, como sentenciou Pedro de Magalhães Gandavo (Tratado da Terra do Brasil). A ausência de qualquer movimento cultural no Espírito Santo levava os capixabas a estudar na Bahia, sede do Governo Geral do Brasil.
Com a descoberta de ouro nos sertões do Rio Doce, em 1693, o afluxo em massa de garimpeiros capixabas para as Minas Gerais ganhou ampla dimensão, ,esvaziando e tornando o Espírito Santo refúgio de tribos indígenas em suas densas florestas impedidas de desmatamento por decreto real.
O Poderoso Chefão, para surpresa da turma do Portal Don Oleari, revelou um fato de que poucos capixabas têm conhecimento e que o Colunista confirmou:
– Completamente empobrecida, a Capitania do Espírito Santo foi comprada, em 1674, pelo coronel Francisco Gil de Araújo, ricaço baiano descendente de Caramuru, por 40 mil cruzados.
Entendia ele ser o território rico em ouro e esmeraldas. Não sabemos do seu desdobramento no tempo, sem registro oficial.
O Estado e sua gente, suas praias e seus monumentos, seus escritores e seus poetas, sua própria e fascinante História fazem do Espírito Santo, modéstia à parte, modelo de superação e exemplo de tenacidade na conquista daquilo que povoa nossos melhores sonhos.
Um dos grandes poetas capixabas do nosso tempo, dominando com sensibilidade as várias vertentes da poesia, o poema, o soneto, a quadra, o fascinante hai-kai, foi aqui na Casa apontado como figura que sintetiza toda a evolução da cultura capixaba desde os versos dos jesuítas até nosso fascinante tempo:
– Matusalém Dias de Moura, membro da Academia Espírito-santense de Letras e de muitas outras entidades também em outros Estados e em Portugal.
Capixaba de Córrego dos Coelhos, zona rural de Urupí, município de Iuna.
Dele a ilustração poética da Coluna.
Rubens Pontes, jornalista
Capim Branco, Minas Gerais
Matusalém Dias de Moura em 3 tempos
Hai-Kai
Sempre ao por do sol
Reverenciando a noite,
girassol se curva.
O TEU LADO
Eu não te quero só por te querer,
nem tenho culpa de te amar assim
O que hoje me acontece, podes crer,
é uma vontade que nasceu em mim:
a de ir contigo, enquanto aqui viver,
de braços dados, rumo ao nosso fim,
com nossas vidas, juntas, num só ser,
para a Deus reafirmarmos nosso “sim”.
Tu és o melhor bem que me ocorreu
nos momentos de dores e alegrias,
tornando bem mais leve o fardo meu.
E neste lento caminhar dos dias,
passo a passo, seguindo ao lado teu,
encho de luzes minhas mãos vazias.
Saudade
Saudade chega discreta
e no meu peito se aninha.
Sabendo que eu sou poeta,
se torna parceira minha.
(Matusalém Dias de Moura)
Matusalem
Matusalem