o rádio
COLUNA MIDIA AO MOLHO |
ARTIGO |
NEC = Nota do Editor Chefão, Don Oleari |
Para nosotros, os apaixonados pelo rádio quinemqui o autor, Hamilton Gangana dá uma de minucioso historiador num texto saboroso que percorre mais de cem anos de rádio. Brigaduuuu, Gangana pela preciosidade que você nos permite acompanhar através da sua memória porretaça (Don Oleari).
Hamilton Gangana
Estou me lembrando dos tempos românticos do rádio e das transmissões, ao vivo, da televisão. Época em que tudo era bem mais simples, mas aconteciam muitas falhas e imprevistos, apesar de todas as precauções, para se evitar as repetidas gafes.
Havia ensaios, naturalmente, até se chegar ao momento fatal: “ATENÇÃO, NO AR”!
Ninguém tinha o direito de errar – um descuido era fatal, desastroso, sem condições de parar e refazer.
As radionovelas iam para ao ar ao vivo, como o teatro sempre fez. Em pequeno espaço, atores e atrizes, lendo e interpretando – com os personagens extras ao redor – e uma parafernália de coisas para produzir os efeitos sonoros pedidos no texto. Mas, as coisas acabavam acontecendo, para alívio geral.
Desde os primórdios um bom prestador de serviços, o rádio é versátil, rápido, eficiente, chega na frente, descontraído e sem cerimônia:
“Estamos transmitindo com absoluta exclusividade, num grande esforço de reportagem!”…
Ditador Getúlio sabia usar o rádio
Um dos primeiros a utilizá-lo, muito bem, foi o esperto ditador Getúlio Vargas (1882-1954), que valorizou o rádio e recepcionava seus ídolos.
Mandava bem seus recados nas transmissões e eventos – e nas datas cívicas manobrava os “Trabalhadores do Brasil”! Em seu governo, foi criada a Rádio Nacional, emissora oficial.
Inventou “A Hora do Brasil”, certamente o noticioso mais antigo do mundo (1935), com transmissão obrigatória e a credibilidade e a voz inconfundível do locutor Luiz Jatobá.
Rádio na era moderna
Num eficiente radinho a pilha, no carro, no computador e na internet; em aeronaves e transatlânticos, em barquinhos; na arquibancada, na pescaria e na estrada; na caixa de som e nas caminhadas, o rádio está sempre colado aos ouvidos, “junto e misturado”.
E poucos se lembram que continuam os inestimáveis hobbies de rádio amador, pelo mundo afora, unindo os povos, mantendo laços e, muitas vezes, salvando vidas.
Primeira estação de rádio
Hoje, 80% da população escuta rádio todos os dias. Segundo o Ministério da Comunicação, o Brasil conta atualmente com mais de 10 mil emissoras de rádio (AM, quase finalizado sua era, e FM).
Levando informação, prestação de serviços e entretenimento a milhões de nativos no Oiapoque, Brasília, Pantanal, Ipanema, Chuí…
Em setembro de 1922 o cientista e educador Roquette-Pinto (1884-1954) colocou no ar a primeira estação de rádio do país, no Rio de Janeiro. Na foto, o professor Roquette-Pinto em frente à casa do transmissor da Sociedade Rádio Rio de Janeiro – PRA-2-1.
Veículo sem limites
O fascínio do rádio não tem limites. É responsável pela criação dos nossos primeiros ídolos, em todos os níveis – na música, futebol, carnaval, política e no próprio meio.
Foi também através do rádio que populações inteiras aprenderam a tomar vacinas e vermífugos; a lavar as mãos, escovar os dentes, ter cuidados de higiene e saúde, a aprender a ler e escrever (Projeto Minerva) – a cantar, rezar, ouvir música e novelas e também a votar.
No lançamento da especialíssima Guarani FM no início dos anos 1980, um “reclame” da campanha ditava:
“Não há nada mais triste e sem graça, que uma casa sem rádio”.
Verdade que continua valendo, mesmo com tantos avanços da tecnologia e as mudanças radicais que alteram o nosso dia a dia, estilo de vida, hábitos e costumes.
A “morte” do rádio
Em pleno auge de sucesso, a morte do rádio foi anunciada por alguns pessimistas dia 18 de setembro de 1950, quando Assis Chateaubriand inaugurou a primeira tele-emissora do país, a TV Tupi de São Paulo:
“Agora, o rádio vai acabar”, disseram os entendidos de plantão.
Naquela mesma hora, empolgado com seu grande feito, o “Velho Capitão” (***), ao encerrar seu inflamado discurso, atirou uma garrafa de champagne no visor da câmara, provocando a primeira grande gafe televisiva tupiniquim. Ninguém entendeu.
(***) Como também era conhecido o visionário Assis Chateaubrind.
Com a chegada da televisão o rádio perdeu espaço e ganhou um apelido pejorativo:
“Divertimento de cego” – o que não faz sentido, porque o rádio sobreviveu muito bem com o computador, tv a cabo, celular, youtube, redes sociais.
A televisão fez história, é inegável a sua contribuição para o desenvolvimento dos setores de atividades, a que se propõe: educação, cultura, informação, entretenimento e lazer.
Herdeira do rádio, com som, imagem e movimentos – coisas de cinema – a televisão assumiu o lugar mais nobre das casas: a sala de visitas, que pertencia ao pioneiro.
Poderosa, ganhou de mão beijada, o que havia de melhor e mais valioso no rádio: o talento, experiência, criatividade e levou também a grana dos patrocinadores, que o sustentavam.
Enquanto o rádio navegou nas incertezas das ondas, tateando novos caminhos para sobreviver (tem só 4% do bolo da verba total aplicada), a filha rica despontou com uma fúria alucinante e tornou-se a mídia mais importante e completa no mundo da comunicação.
A televisão consegue abocanhar 43% do total da verba publicitária aplicada em veiculação no país mostrando poder e influência. São dados do primeiro trimestre de 2023.
O vídeo tape
Mas sabe-se que a televisão também passou por maus momentos, transmitindo só com a forma original – ao vivo – correndo todos os riscos. Ainda não existia por aqui um instrumento fantástico chamado vídeo-tape (VT). Ele chegou em 1956 aos Estados Unidos.
Ele só foi utilizado a partir de 1959 no Brasil. O revolucionário “VT” permitiu que as tele-emissoras gravassem programas e novelas, os editassem e exibissem depois, quantas vezes quisessem.
Assim, houve um grande avanço, sinalizando um tempo novo – antes e depois do VT – marcado por duas palavras: “ATENÇÃO, GRAVANDO”!
VT e tecnologias
O revolucionário equipamento permitiu à televisão uma guinada sem precedentes, capaz de enfrentar ícones da tecnologia – internet, computador, celular, redes sociais, streamings e outros animais eletrônicos, que assustam e humilham os dinossauros terrestres.
A TV que se cuide com a IA
Ainda agora, começa a nos perturbar uma fera assustadora, a Inteligência Artificial (IA), capaz de realizar estripulias inimagináveis. A TV que se cuide.
Mas o vovô rádio tem sempre uma saída estratégica de sobrevivência, como já fez muito antes, usando energia de pilhas, tornando-se leve e portátil; adotando transmissões em FM; se especializando e diversificando estilos. E algo simplesmente genial e mais que extraordinário, inaugurando as transmissões, via satélite, com um som impecável e cristalino, livre de quaisquer interferências.
O rádio vai acabar? (Hamilton Gangana).
Hamilton Gangana é publicitário
o rádio
Edição, Don Oleari – [email protected] | https://twitter.com/donoleari
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