Palhares
Uma segunda gestão de Jair Bolsonaro seguirá sob a ameaça de opositores mais efetivos que não são necessariamente a oposição convencional e manifesta. A lógica política faz com que seus protagonistas cultivem – em prejuízo da sociedade – a visão de que o interesse coletivo não deve prevalecer (o que inspirou a Política na sua origem) se esse interesse for atendido pela facção contrária ou adversária.
Nesse caso, pior para o todo, se isso envolver o prejuízo do antagonista. Os opositores mais efetivos serão os congressistas incomodados – porque ameaçados – com o sucesso das medidas governamentais. E o STF, na constituição atual, em que os ministros, também, entendem que o êxito do Governo irá restringir sua autoridade moral, já que a legal não está em discussão.
No Brasil, o dito espectro da Direita parece estigmatizado por suspeitar das urnas eletrônicas, não confiar nas pesquisas que indicam a liderança de Lula e pela suspeita de que a Grande Mídia, ou “O Consórcio”, há muito abandonou o postulado da isenção e imparcialidade com o propósito de remover o mandatário que lhe trancou as abundantes fontes publicitárias. Um exame com a isenção que a mídia perdeu há tempos revela alguma consistência dessas suspeitas.
A Esquerda prefere trabalhar com o canto do retorno aos melhores tempos do governo petista, quando a China liderava a demanda mundial e comprava vorazmente no seu ímpeto de crescimento de 20% ao ano na primeira década do século. E por isso gerou todas as condições econômicas internas que o Governo de então, surfando esse tsunami e seduzido pela popularidade fácil bancada pela momentânea prosperidade mundial, não soube aproveitar, deixando de implementar uma protelada agenda de reformas estruturantes. E permitiu que essa oportunidade se escoasse deixando como saldo a maior crise da história brasileira.
Mas isso não foi didático para a Esquerda. Centrada no carisma de Lula, ela prefere confiar no seu, este sim, messianismo que aflora em frases de efeito com seu estilo acaciano de prometer, novamente, a redenção social para os que nele apostarem.
Uma variável a ser considerada, ainda, que denomino de “zeithgheist”, o Espírito do Tempo, é o volátil e imprevisível humor do eleitorado que pode se manifestar numa eleição criando os conhecidos “Cisnes Negros”, os eventos improváveis, mas não impossíveis. Como foi o próprio Bolsonaro em 2018, então um insuspeito e subestimado outsider.
Palhares
https://www.linkedin.com/in/eust%C3%A1quio-palhares-33b75323/?originalSubdomain=br
Eustáquio Palhares: o Brasil de setembro de 2022 (I)
Eustáquio Palhares: o Brasil de setembro de 2022 (II)
http://o Brasil de setembro de 2022 (III)