Tabuleiro político do ES: o nascimento de novos astros e estrelas – 12/6
- By Don Oleari
- junho 12, 2021
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Coluna POLÍTIKA – Alexandre Caetano – jornalista e historiador
Tabuleiro
O colunista desenha o tabuleiro político do Espírito Santo, a partir de movimentação na AL/ES em 2017 que resultou na eleição de 4 prefeitos da Região Metropolitana de Vitória.
As eleições de 2022 serão, sem dúvida nenhuma, a primeira grande chance para um ambicioso grupo político que nasceu na Assembleia Legislativa (Al/ES), em 2017.
O grande objetivo de seu projeto de poder: chegar ao Palácio Anchieta. Tudo vai depender, é claro, de para onde o vento estiver soprando em 2022. E logicamente, se o cavalo vai passar arreado.
Afinal, se há uma coisa que o grupo assimilou do modus operandi do ex-governador Paulo Hartung (sem partido), que em parte contribuiu para sua formação, é o pragmatismo político. Nos momentos em que o grupo esqueceu as lições que recebeu, quase pôs tudo a perder.
Tudo começou em fevereiro de 2017, quando o deputado estadual Erick Musso (PP) foi eleito pela primeira vez presidente da AL/ES, numa articulação que tinha como um dos principais operadores o deputado Marcelo Santos (Podemos).
O grupo recebeu apoio do Palácio Anchieta, que queria se livrar dos riscos representados pelo temperamento bombástico e imprevisível do deputado Theodorico Ferraço (DEM).
Theodorico, assim, teve frustrado o desejo de ganhar um quarto mandato no comando da Assembleia.
Tabuleiro, o desenho
Desde então, a Mesa Diretora da AL/ES se tornou a principal trincheira do grupo e um projeto de poder foi tomando forma e ganhando volume, até chegar às eleições municipais de 2020.
O primeiro movimento foi o lançamento da candidatura do então deputado estadual Amaro Neto (Republicanos) para o Senado, por meio de um manifesto assinado por parlamentares de vários partidos – inclusive do PT – num almoço realizado em um restaurante na Enseada do Suá.
Em 2018, a candidatura de Amaro Neto ao Senado foi substituída pela disputa de uma vaga à Câmara Federal, mas isso não afetou o projeto de poder, pois, afinal, ele mirava o longo prazo, até porque a maioria dos seus principais atores é jovem. O passo seguinte seria a 1ª reeleição de Musso, em fevereiro de 2019.
O presidente da AL/ES e Roberto Carneiro, presidente estadual do Republicanos, que foi subchefe da Casa Civil do governo Paulo Hartung, chegaram a ter os nomes associados ao ex-governador.
Mas como em política funciona o lema “Rei morto, rei posto”, com a vitória de Renato Casagrande, Musso e seu grupo trataram de buscar seu próprio caminho, que pavimentou sua reeleição.
Apresentando-se como fiador da “governabilidade”, já que o socialista havia conseguido eleger apenas um aliado orgânico entre 30 deputados eleitos em 2018, a relação com Casagrande era ambígua.
Em início de governo, conhecido pelo seu temperamento conciliador, Casagrande bem que achou que esse era o preço a pagar para eleger o seu aliado, Luiz Carlos Ciciliotti, então presidente estadual do PSB, para uma vaga aberta no Tribunal de Contas do Estado (TCES).
Ainda escolheu como líder do governo o então deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), que junto com Erick Musso e Marcelo Santos, compunha o triunvirato que realmente comandava a Assembleia. Talvez confiasse em que com bons papos e cafezinhos servidos na Casa Civil e na Secretaria de Governo, pudesse levar os deputados na conversa.
Ledo engano. Os parlamentares apostavam no temperamento conciliador e no estilo pragmático de Casagrande. Ao contrário do seu antecessor e rival, ele costuma esticar a corda, ceder e não esticar. Paulo Hartung, não. Se esticasse muito a corda, ele devolvia com chumbo grosso.
O resultado disso é que, no primeiro semestre de 2019, o plenário da Assembleia Legislativa derrubou mais vetos do Executivo a projetos dos parlamentares do que nos 16 anos anteriores, quando começou o primeiro governo de Paulo Hartung.
Só que Musso tentou dar o “pulo do gato” e se deu mal. O republicano fez aprovar um projeto de resolução que mudou o regimento da AL/ES para se reeleger presidente com menos de 10 meses de um mandato de dois anos.
“Deu ruim”, dizia-se pelos corredores da AL/ES, pois contrariando o seu temperamento, Casagrande reagiu furiosamente, sociedade e imprensa chiaram e os principais aliados pularam fora.
O republicano Musso teve que voltar atrás, cancelando a reeleição, também anulada através de uma decisão judicial.
Vieram as eleições municipais do ano passado e o grupo por trás desse projeto de poder ganhou expressiva musculatura. Afinal, eles elegeram os prefeitos de Vitória (Lorenzo Pazolini/Republicanos), Vila Velha (Arnaldinho Borgo/Podemos), Cariacica (Euclério Sampaio) e Viana (Wanderson Bueno/Podemos).
O Republicanos conquistou 15 prefeituras no Estado do ES, perdendo em número somente para o PSB de Casagrande. Mas elegeu a joia da coroa, a prefeitura da Capital, Vitórioa, com uma campanha inteligente e muito bem feita, capitaneada por Roberto Carneiro, então diretor geral da Assembleia de Musso.
É desse importante capital político que trataremos na próxima coluna (Alexandre Caetano).
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