Projeto
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ECO-92 reuniu em 1992, no Rio de Janeiro, 178 estados-nação afim de pactuar convergências sobre um novo modelo de desenvolvimento econômico capaz de se alinhar à proteção da biodiversidade e ao uso sustentável dos recursos naturais.
O principal documento ratificado pelo encontro foi a Agenda 21 chamada em sua versão municipal de Agenda 21-local.
A Agenda 21 local de Vitória foi chamada de “Projeto Vitória do Futuro” e estava no programa de governo do PSDB nas eleições municipais de 1992 mas começou a ser desenvolvida depois da eleição presidencial de 1994 que elegeu Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno.
A ideia era fazer um plano estratégico para a cidade com os princípios da ECO-92, com desenho de cenários e análise SWAT (pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades) e ampla participação de lideranças e especialistas.
Desenhamos dois cenários sendo um desejável e outro inercial. O projeto seria concluído com uma relação de ações que deveriam ser empreendidas pela cidade de Vitória, governo, empresas e sociedade civil para viabilizar o cenário desejável aproveitando os pontos fortes e as oportunidades identificadas e enfrentando as ameaças e os pontos fracos que conseguíamos vislumbrar naquele trabalho.
Depois de um ano e meio o projeto ficou pronto e o relatório foi apresentado no Teatro Carlos Gomes para uma plateia formada pelos mais de 800 participantes que se envolveram nas atividades do Vitória do Futuro.
Caranguejo
O cenário inercial seria a consequência das tendências existentes se nenhuma ação visando alterar o curso da história fosse implementada. Foi batizado de “O caminhar do caranguejo”. Estrela da nossa culinária, o crustáceo simboliza a falta de união e de solidariedade para se perseguir o sucesso da cidade pois, reza a lenda, que quando um caranguejo tenta fugir do cesto os outros se penduram, puxam para baixo e impedem a fuga.
Nelson Rodrigues chamava esta atitude de “complexo de vira lata”.
O cenário desejável foi chamado de “O salto do Marlim Azul”. O recorde mundial de pesca do marlim azul foi oficialmente reconhecido como sendo do capixaba Paulo Amorim (foto) e este fato foi determinante na escolha do nosso símbolo de sucesso.
O salto do Marlim Azul é o cenário desejável para o sucesso de Vitória, comprovado por indicadores e reconhecido em nível nacional e internacional. Sucesso em qualidade de vida, atratividade na geração de negócios, renda e emprego e também como destino turístico.
Dez anos
Em 2002, dez anos depois de ser destaque do plano de governo do PSDB o projeto Vitória do Futuro foi revisto com a mesma metodologia e um subtítulo: “Um sonho em construção”.
Três grandes etapas foram realizadas: O diagnóstico: Como está Vitória? Os Cenários: Para onde vai Vitória? Estratégias, Projetos e Ações: O que fazer em Vitória ?
Vinte e um anos depois podemos dizer que nossa história recente conformou uma realidade em que existem elementos de ambos os cenários. Temos na cidade aspectos que nos orgulham e que se parecem com o sonho que sonhamos com o Salto do Marlim Azul.
Chegar de avião no aeroporto novo é um deles.
Ainda convivemos com velhos e novos problemas que nos fazem lembrar do cenário do Caminhar do Caranguejo como o abandono da orla da baia de Vitória e do Parque da Fonte Grande.
Uma coisa é certa precisamos urgentemente retomar a prática de pensar a cidade.
Os avanços tecnológicos hoje permitem uma retomada desta prática sistematizada de pensar a cidade usando uma metodologia muito mais eficiente com plataformas on-line interativas e dinâmicas, informações estatísticas geoprocessadas e imagens feitas com drones.
O futuro continua a ser a melhor referência para se pensar no que se deve fazer.
Luiz Paulo Vellozo Lucas – Engenheiro de Produção pela UFRJ com cursos de pós graduação em finanças (Arthur Andersen), desenvolvimento econômico (BNDES) e economia industrial (IE-UFRJ), mestrado em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável pela UFES. Funcionário de carreira concursado do BNDES onde ingressou em 1980, aposentando-se em agosto de 2016. Prefeito de Vitória por dois mandatos consecutivos (1997-2000 e 2000-2004). Deputado federal pelo Espírito Santo. Diretor Presidente do BANDES, Banco de Desenvolvimento do Espirito Santo entre 2015 e 2016 e do IJSN-Instituto Jones dos Santos Neves entre 2019 e 2020. Atualmente é Sub Secretário de Desenvolvimento Econômico do governo do Espirito Santo.
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