Saúde mental como prioridade máxima
Por Pablo Muribeca (*) | Professor de Educação Física
Que atenção tem sido dada à saúde mental pelo poder púbico? O SUS é o grande trunfo do Brasil para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
É preciso falar de saúde mental e introduzir, de fato, o assunto na sociedade e nas políticas públicas para que ocorram resultados efetivos . O recente episódio do falecimento da jogadora de vôlei Walewska, cuja morte traz indícios de suicídio em pleno Setembro Amarelo, traz novamente à tona a pergunta: qual a atenção tem sido dada à saúde mental?
Sempre que ocorre um suicídio aflora o sentimento de humanidade e são feitos questionamentos tardios como: o que ela/ele sentia naquele momento? A vida parecia correr normalmente, por que se chegou a tal ponto?
A saúde mental merece maior atenção, até para se atenuar estigmas de um dos maiores males de todos os tempos e que pode acometer qualquer um, independente de cor, religião, origem, classe social ou outra diferença.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2019 quase um bilhão de pessoas viviam com um transtorno mental, sendo 14% de adolescentes e, pior, 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade!
No atual modelo de gestão, só uma pequena minoria obtém o tratamento minimamente básico – estima-se que em países pobres não passe de 12%, dados da OMS.
A estrutura de apoio à saúde mental como prioridade máxima não chega nem perto da preocupação com a saúde física, deixando o fardo da depressão, da melancolia, da ansiedade, dentre outras, para ser carregado pelos pacientes.
Só no primeiro ano de pandemia, os casos de depressão e de ansiedade aumentaram em 25%. Em países ricos o tratamento minimamente adequado chega a apenas 1/3 dos pacientes.
O SUS é o grande trunfo do Brasil para melhorar a qualidade de vida das pessoas. O Programa Estratégia de Saúde da Família tem sua origem em 1994 e visou reverter a ideia do modelo assistencial vigente que predomina no atendimento emergencial em grandes hospitais, transferindo a porta de entrada para a Atenção Básica, enfatizando também o desenvolvimento de ações preventivas.
Apesar do brilhantismo, é comum nos municípios a desatenção, a falta de profissionais, de medicamentos e, por óbvio, a falta de gestão e de investimentos adequados.
Na Serra, o meu município, por exemplo, há um 1 psicólogo para cada 12 mil habitantes e eles recebem em torno de três salários mínimos brutos somente.
É preciso um moderno plano de ação para a saúde mental como prioridade máxima, que a eleve à prioridade permanente de gestão, para a reconquista da dignidade e promoção de direitos básicos não só para o paciente, mas também para o grupo familiar que sofre junto.
Como ponto positivo, todos os 194 Estados Membros da ONU assinaram o Plano de Ação Integral em Saúde Mental 2013-2030.
As ações a serem promovidas e as metas a serem alcançadas precisam focar no uso racional de medicamentos, notadamente, os benzodiazepínicos;
– na criação de espaços para discussão em grupo (com ética, profissionalismo e respeito);
– na integração da família, escola e comunidade para fortalecer o sentimento de amparo e diminuição de preconceitos;
– no aperfeiçoamento dos profissionais da educação e nas ofertas de oficinas e de espaços de lazer;
– na contratação de psicólogos e de psiquiatras, além de parcerias com comunidades terapêuticas e religiosas;
– no treinamento dos Agentes Comunitários de Saúde, porta de entrada do SUS.
Só assim, de fato, a saúde mental como prioridade máxima será alçada ao patamar da melhor gestão pública (Pablo Muribeca).
Pablo Muribeca é Professor de Educação Física e Deputado Estadual do Espírito Santo
Saúde mental como prioridade máxima
Edição, Don Oleari – [email protected] –