Rubens Pontes: Uma seleção sem alma | 3/12

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Opinião 

Por Rubens Pontes

Erros crassos e óbvios da convocação de Tite cobram a fatura agora.

Não porque essa é uma seleção que se defende mal. Não se defende mal.

Não porque essa é uma seleção fisicamente capenga. Longe disso.

Não falta qualidade nem craque.

Falta alma.

E sem alma não tem como levantar a taça.

Sem alma, diria Nelson Rodrigues, não se atravessa uma rua.

 

Faltou alma contra Camarões sem dúvida, mas faltou também nos jogos de estreia.

Não teve alma com reservas e nem com titulares.

Quando, aliás, vimos uma seleção brasileira com alma pela última vez?

 

Faz tempo. Dois mil e dois talvez?

Mas definamos alma, começando pelo que ela não é.

Não é cantar o hino ferozmente, bater no peito, berrar a letra. Isso é performance, é show para as lentes da TV.

Não é juntar duas centenas de torcedores gourmet na arquibancada que não têm a menor ideia do que é torcer.

Não é tocar pandeiro no ônibus, chegar ao estádio fazendo um samba, cantar no vestiário que seremos campeões.

Alma é uma conexão maior com o que está em jogo.

É coração na ponta da chuteira. É um estado de espírito elevado e coletivo.

É o entendimento intuitivo do que representa um jogo de futebol, qualquer jogo de futebol.

Quando um time tem alma, ele levanta o estádio, comove, emociona.

A imagem de Ronaldo, Roberto Carlos e outros ex-jogadores no estádio, sentados como quem assiste a uma ópera em Viena, ilustra a absoluta ausência de alma desse time.

Argentina

A Argentina, me xinguem, tem alma. Pode não vencer, mas tem alma (*).

(*) Venceu a Austrália neste sábado e vai para as quartas contra a Holanda, outro time que tem alma.

O Brasil está desalmado.

Para piorar, alma não é uma coisa que a CBF pode mandar buscar via depósito bancário. Onde vende? Quanto custa? Manda trazer imediatamente. Não funciona assim.

Alma vem de dentro – vem de um lugar de espontaneidade, de um ambiente de verdade e de decência.

 

Minutos antes do jogo contra Camarões começar, Matheus Bachi, filho de Tite e auxiliar técnico da seleção (filho de Tite), deu uma entrevista para à Globo.

Sorridente. Imponente. Cheio de camaradagem com o repórter.

Matheus Bachi, não faz muito tempo, foi flagrado curtindo uma avalanche de postagens transfóbicas, machistas, misóginas, homofóbicas e de violência contra a mulher – veja linki abaixo.

Era esse o profissional falando soberanamente para o Brasil inteiro em nome da seleção.

Essa seleção representa quem?

Eu nunca vi um time sem alma ser campeão.

Seria essa a primeira vez? Eu diria que não.

E digo mais: se for campeã, isso dirá mais sobre a terra arrasada de alma que o futebol mundial está se tornando do que sobre a suposta grandiosidade desse time.

P.S. de Rubens Pontes:
– Por uma  omissão indesculpável, deixei de citar nome da jornalista Milly Lacombe na matéria sobre a seleção brasileira de futebol, inserida em sua  coluna no  Uol. Sobre essa “seleção sem alma” escreveram também  Paulo Cesar Cajú  (revista Placar) e Jaeci Carvalho (RP).
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tite e filho

Nike monitora filho de Tite, que curtiu posts transfóbicos,

machistas e sobre violência de gênero

Ainda de acordo com o ‘Uol’, Matheus Bachi interagiu com publicações consideradas machistas, antifeministas, homofóbicas e transfóbicas.

O auxiliar também curtiu postagens ironizando a imprensa, o Supremo Tribunal Federal e a violência contra mulher. A análise foi feita a partir da série de curtidas em perfis seguidos pelo filho de Tite no Instagram.

https://www.terra.com.br/esportes/nike-monitora-filho-de-tite-que-curtiu-posts-transfobicos-machistas-e-sobre-violencia-de-genero,0dc7c17e86af43de63d3ff91ac9cae5aqhkey74q.html

Foto de capa: Reprodução / Instagram / Lucas Figueiredo |Foto: Lance!

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham