Hamilton Gangana: Senzala de Lourdes / 17/5

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Senzala de Lourdes

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hamilton gangana

 

Hamilton Gangana, publicitário, jornalista

 

Fui comentar na última sexta-feira, 13 de maio, sobre o significado da data e lembrei que o confrade Zé Maria, outro dia, reascendeu  as brasas do Churrasco da Abolição, que adormeciam em cinzas formadas em meados da década de 80, fazendo-nos recordar.

A inspiração da festa surgiu por dois motivos relevantes:  as comemorações dos 100 anos da abolição da escravatura e o anunciado fim da ditadura militar, regime que maltratou o Brasil.

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figueiredo na granja do torto

O fim  da ditadura, programada para ser “lenta e gradual”, foi anunciado pelo ditador carrancudo Ernesto Geisel e tocado pelo  imprevisível general Figueiredo,  aquele  mesmo que dizia  clara e abertamente:

“Odeio gente, prefiro o cheiro dos meus  cavalos”…

A televisão criava um  clima  festivo  com  exibição  de ótimos  filmes celebrando o centenário da  abolição, com cantorias e falas de Gilberto Gil, Sandra de Sá, Martinho da Vila,  Elza Soares, Tim Maia, Jair Rodrigues, Simonal, Mussum, além de feras  e estrelas das Escolas de Samba.

Nesse clima de alforria e fim do chumbo, tive a ideia de fazer uma festinha:  aconteceram três edições do  Churrasco da Abolição, no quintal da Hoje, em  área nobre do bairro  de Lourdes.

De 25 crioulos ilustres convidados, chegou-se a 150 participantes, na terceira edição, alguns sem convites. O saudoso amigo Javert Thomé  Senna, diretor do banco do Progresso e da Escola de Samba Alvorada, levou meia  dúzia  de  mulatas  fantasiadas que chegaram rebolando e cantando ao som de reco-reco, agogô e zabumba.

“É só  uma amostrinha”, falou!  Uma fumegante churrasqueira soltava generosas porções de picanha, cupim, lombo, alcatra e  linguiça, regadas a cerveja geladinha, uísque, pinga de Salinas e tudo mais.  Contratei um garçom louro de olhos verdes, para servir aos “senhores do engenho”!

A prosa corria leve e solta até mais tarde, sempre numa sexta-feira, mas incomodou à nobre vizinhança  de  Lourdes.

“Como é que pode um negócio desse!  Um barulho ensurdecedor numa sexta-feira, à noite, na hora do jornal Nacional e da novela das 20”.

Parece senzala!

E o bate-papo corria firme até altas horas, afinal era o  Churrasco da Abolição, que teve de ser interrompido, mas  deixou saudades. Bons tempos.

Hamilton Gangana, publicitário, jornalista

Foto de capa: foto antiga da Praça Marília de Dirceu, no bairro Lourdes, Belzonte.

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https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/turismo

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham

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