Torino Marques diz que governador Casagrande fez pouco pelo combate ao Covid 19.
Torino Marques
– Valeu sim, Oleari, e está valendo! E ainda muita lenha para queimar e muito a contribuir com o desenvolvimento do nosso querido Espírito Santo. Mas vamos lá, detalhar de forma breve sobre a decisão de disputar a eleição em 2018. Ela foi sendo amadurecida ao longo de praticamente uma década e meia. Com muito estudo, avaliação e principalmente incentivada pelo meu filho Yuri Lucas, que também é jornalista e comunicador.
O objetivo inicial foi baseado na minha parcela de contribuição à tudo que o Espírito Santo já me proporcionou. Identifiquei que poderia continuar ajudando o Estado de outra forma, sendo efetivamente um representante da população capixaba.
Confesso que não é fácil ficar fora das redações, dos estúdios de TV e rádio, onde passei 35 anos da minha vida. Mas sou movido por desafios e decidi disputar as eleições em 2018 num quantitativo de mais de 610 candidatos a deputado estadual pelo Espírito Santo.
Em 2018 tivemos uma eleição onde a população brasileira teve que exercer a cidadania por meio do voto, fazendo 6 escolhas, com: o primeiro voto para presidente da República, o segundo para governador, o terceiro para senador, o quarto para outro senador, o quinto para deputado federal e o sexto para deputado estadual.
Ufa! Muita gente, né?
Mas graças a Deus e a confiança da população capixaba, fui eleito com 22085 votos, ficando na décima primeira colocação de um colegiado que é composto por 30 parlamentares.
Entre eu e o governador existem as diferenças ideológicas óbvias e respeitosas, mas percebo que isso não o satisfaz. Pelo menos comigo, que sou novo na Casa, deve ter esperado um comportamento submisso, de sorriso fácil e tapinhas nas costas.
No que tange a institucionalidade, desde o começo do mandato, jamais me neguei a votar favorável aos projetos pautados pelo Governo, que sejam de interesse e benefício da população capixaba. Diferente disso posiciono-me contrário ao executivo, mas sempre de forma diplomática.
Ou seja, não faço oposição por fazer e nem fico batendo na porta de governador para me beneficiar, respeito quem faz, mas nunca fui de ficar bajulando ninguém.
Sei das minhas responsabilidades e atribuições, o que cobro são as entregas e realizações que o executivo não faz por estar com a máquina aparelhada e fazendo do Palácio Anchieta, trampolim para projetar militantes e parte do secretariado, que deveriam trabalhar para o desenvolvimento do Estado e não ficar fazendo campanha com a máquina pública.
– O Governo Estadual está muito aquém do desejável. Não chega a ser competitivo no ranking.
Vamos aos fatos: dados oficiais do governo federal dão conta de que R$ 16 bilhões e 100 milhões foram despejados no Estado para o combate à pandemia. Já o governador teima em dizer que foram apenas quase R$ 2 bilhões. É muita diferença, não é?
Aí eu te pergunto: montou hospitais de campanha? NÃO. Comprou vacinas? NÃO. Evitou as mortes? NÃO. Investiu em ampliação da estrutura hospitalar para o combate à pandemia? NÃO. Contratou mais médicos e paramédicos, comprou medicamentos, fez um enfrentamento aberto e claro? NÃO.
Diante dos fatos, agora com mais de 11 mil mortes de capixabas, como dizer que ele fez o dever de casa? Estou aqui para dizer que poderia ter feito muito mais.
Orientei Casagrande da tribuna da Assembleia, pedindo que ele se apresente à CPI do covidão, em Brasília, para prestar os esclarecimentos que se negou a prestar aqui. Até agora, a resposta foi o silêncio.
– Esta não é uma mensagem somente do meu colega de mandato, deputado Majeski. A inclusão de outros poderes nesta pauta está sendo apreciada pela Comissão Especial, em Brasília, segundo o relator da Reforma Administrativa, o deputado federal Arthur Maia (DEM-BA).
Mas eu entendo que, para o futuro do Brasil, a Reforma por sí só não resolve. Penso que o Congresso deve pautar, na sequencia, as reformas Tributária e redefinir o pacto federativo, que é a salvação da ponta. Ou seja, nos municípios, que são os principais arrecadadores de impostos, e com o sistema atual, o que menos acessam os recursos que são para o desenvolvimento sobretudo dos que mais precisam.
– Possivelmente, nesta questão eu não feche inteiramente com o colega. Ainda conheço pouco os legislativos estaduais brasileiros, mas não vejo nossa Assembleia como perdulária. Definitivamente, não é. E ainda apresenta bons resultados. Vejo aqui um elenco de parlamentares comprometidos com o Estado e os capixabas. O orçamento anual de R$ 200 milhões, citado por ele, poderia ser menor? Talvez sim, pois todo tipo de economia é bem vinda.
– Eu não acho que deve ser sacrificada, não.
Aliás, esta é uma discussão que está sendo analisada exatamente nas reformas que o país está discutindo no Congresso. Eu sou contra mega salários no poder público em qualquer um dos três poderes. Entretanto, um cargo representativo demanda custos, envolve a “liturgia” do cargo.
A sociedade sabe que se pagar pouco, incentiva distorções, mas é preciso transparência e bom senso. Tem que haver vigilância, sim, desde que se respeite a privacidade de quem ocupa cargo público.
Então, a democracia permite, e é saudável a alternância dos representantes da sociedade brasileira.
Com a globalização, o acesso à informação e a facilidade de manifestos em críticas de governos e desgovernos por meio do uso das diversas plataformas de mídias digitais, a crescente e em alguns casos a superficialidade no trato público, fez sim e está projetando ótimos quadros nas casas legislativas e nos executivos, mas também está beneficiando muitos que querem somente dar carteirada por ser mandatário.
Sem o real conhecimento das dificuldades da ponta, das pessoas que mais precisam acessar os serviços públicos, seja em âmbito social, econômico e constitucional.
Na Câmara dos Deputados, por exemplo, foram eleitos vários quadros que estamos percebendo a falta de sensibilidade, conhecimento das atribuições de uma casa que é de extrema importância para o futuro da nação e principalmente espírito público. Mas é preciso respeitar, pois eles estão lá por ter convencido uma fatia da população de seus Estados e foram eleitos democraticamente pela via do voto.
Muita gente foi eleita atrás de uma tela de computador, celular e dentro do seu quarto, por exemplo, sem conhecer a realidade do local que vive. O que nós, cidadãos brasileiros, contribuintes e eleitores, precisamos analisar é quem quer realmente trabalhar pelo desenvolvimento dos nossos bairros, distritos, municípios, cidades, e estados da federação brasileira.