Torta Capixaba e comunhão comunitária na Semana Santa em Vila Velha/ES | Torta com guaivira no lugar do bacalhau

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Torta Capixaba e comunhão comunitária na Semana Santa em Vila Velha/ES | Torta com guaivira no lugar do bacalhau

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Torta Capixaba

COLUNA DIA A DIA | BARRA DO JUCU/VV |GRANDE VITÓRIA/ES

KLEBER GALVEAS

A Torta Capixaba, prato típico de Vitória/ES, é mais do que uma receita: é um símbolo de comunhão, tradição familiar e identidade cultural.

Em Vila Velha/ES, até algumas décadas atrás, essa iguaria era presença garantida nas casas durante a Semana Santa, reforçando laços entre vizinhos, amigos e familiares.

Na minha infância como morador da cidade, a produção da torta envolvia toda a comunidade.

As crianças coletavam mariscos e camarões na Prainha, enquanto os adultos buscavam palmito no mato, ingrediente essencial na receita tradicional.

O bacalhau era substituído pela guaivira, um peixe muito comum no verão. Sem espinhos, com carne firme e saborosa, ele era aberto, salgado e seco ao sol, formando a base da torta.

A preparação da Torta Capixaba artesanal era feita com lenha colhida na mata, assada em fogão à lenha, tornando o custo quase nulo e o sabor inesquecível.

Essa prática coletiva simbolizava mais que economia: era uma verdadeira celebração comunitária da fé e da amizade.

Na Sexta-feira Santa, era comum as famílias trocarem pedaços de torta com vizinhos e amigos, num gesto que reforçava os valores de confiança, solidariedade e amor ao próximo.

“Era uma santa semana de confiança, amizade, carinho e alegria”, relembra o artista. “Quando se aproximava a Semana Santa, todos perguntavam uns aos outros:

“Onde você vai passar as tortas?”

Essa memória afetiva, que une gastronomia capixaba e religiosidade, está registrada não apenas nas minhas palavras, mas também na minhja obra artística.

Em 2010, eu contribuí com a obra “Santo Sudário” para o Teatro da Barra durante a encenação do auto teatral “Anchieta Depoimento”, de Paulo de Paula, reforçando a conexão entre arte, fé e história capixaba.