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Uma ferida aberta

Wilson Coêlho: Uma ferida aberta | 19/5

Uma ferida aberta

wilson coelho

 

Por Wilson Côelho, escritor, tradutor, dramaturgo

 

O filme “Todos os Mortos”, com roteiro assinado e dirigido por Caetano Gotardo e Marco Dutra, se passa em uma São Paulo em 1899, onze anos após a abolição da escravatura, quando “fantasmas da tirania ainda caminhavam entre os vivos”.

As mulheres da família Soares, uma idosa ex-baronesa e suas duas filhas, entre elas uma freira, são as antigas proprietárias de terra da aristocracia paulista que, mesmo diante da ruína de seu império da produção de café, não abrem mão do que resta de seus privilégios.

A mais velha, uma freira autoritária, representa o poder da Igreja Católica sob seu reduzido olhar a partir da religião cristã, inclusive, por sua obstinada perseguição aos cultos africanos. A outra, uma personagem que poderíamos pensar como a mais legítima representante da elite brasileira tanto da época quanto da atual, convive a todo momento com os fantasmas dos escravos da fazenda de sua família, alimentando o desejo de voltar aos velhos tempos.

Por outro lado, Iná Nascimento, mulher que viveu por muito tempo escravizada, batalha para reunir seus familiares em um mundo ainda muito hostil, onde os negros recém-libertados não têm o seu lugar reconhecido.

Trata-se de uma trama muito interessante e instigante, considerando o papel das mulheres nesse contexto entre senhores e escravizados, na medida em que cada uma dessas mulheres tenta construir um futuro próprio à sua maneira, para si mesmas e aos seus mais próximos.

Se uma abordagem humanista sobre a escravização no Brasil já  nos parece importante para entendermos um pouco de nosso país em seus processos de colonização, mais relevante ainda é termos a oportunidade de uma avaliação crítica sobre o momento pós-abolição que, de alguma maneira, demonstra que esse projeto de sociedade apenas dissimula e escamoteia a ideologia hegemônica e escravista a serviço da classe dominante.

Obviamente, o filme extrapola essa contextualização no tempo e no espaço, pois – a partir do comportamento dos personagens – acaba por nos advertir que muitas dessas relações ainda estão vigentes até os dias de hoje.

Além da riqueza em si, desde os diálogos até os figurinos e os cenários precisos, o filme coloca as mulheres como protagonistas, tanto as brancas quanto as negras, embora deixando muito evidente o lugar de cada uma delas nesse universo onde cada uma, a seu modo, é explorada.

Interessante também é o paradoxo que se instaura, considerando que as mulheres brancas, apesar de representarem o projeto colonialista e escravista, também tem as suas fragilidades, ao mesmo tempo em que as negras, não obstante sua condição de humilhadas, também demonstram sua força de resistência. Entre supostas aristocratas decadentes e ex-escravizadas um embate sobre uma nova realidade onde as situações se repetem com outras roupagens. Um extrato do ontem e do hoje fazendo uma alegoria de nosso imaginário e da superestrutura que sustenta nossa sociedade capitalista, colonialista e reacionária.

Mas o filme “Todos os mortos”, sem perder sua postura crítica e materialista da história, também está repleto de uma poética que nos conquista, no bom sentido, como uma grande obra de arte. Desde a pequena e grandiosa participação da cantora e compositora Alaíde Costa, muito rica e emocionante a cena em que interpreta a ex-escravizada Josefina, moendo, preparando e coando o café, ouro da época, numa imagem sucedida com a chuva que escorre através da janela, enquanto ela entoa um canto afro, em sua língua.

Sem esquecer os poemas de Cruz e Souza e a postura feminista e revolucionária de Iná, interpretada por Maiwsi Tulani, uma ex-escrava, testemunha real do principal problema que até hoje está presente em nossa sociedade, ou seja, a exclusão e a hierarquia racial que definem o destino das pessoas. Essa personagem é a figura da mulher negra buscando não só um lugar no mundo, mas também sua dignidade como ser humano, considerando que, mesmo após a chamada abolição, os negros e as negras não foram incluídos nesse modelo de sociedade, mas sim, excluídos, marginalizados e permanentemente subjugados.

Outro dos grandes méritos e importância da obra está em sua capacidade de, mesmo tratando-se de um momento pós-abolição, nos propiciar a reflexão e a compreensão do Brasil atual que em muito ou quase nada se diferencia daquele momento. Assim, as cenas e os cenários, desde o interior e os arredores de uma casa no bairro do Campos Elísios do final do século XIX, estabelecem um diálogo onde as imagens evidenciam os vestígios de uma escravidão e um racismo que, apesar de aparentemente terem mudado de forma, permanecem como uma herança maldita. Tudo isso se dá a partir dos figurinos e discursos que se mesclam numa espécie de espaço poético que desfaz a fronteira entre o passado e o presente.

O filme também se instala num paralelo entre o final do século 19 e o início do 21, na medida em que o racismo e a hierarquia racial da Colônia e Império continuam em voga, desde o comportamento das pessoas até os elementos do cotidiano dos brasileiros.

Tudo isso representado não apenas nas antigas mansardas ocupadas pela ex-elite paulistana, mas também reveladas nas casas e apartamentos da atualidade, lugares esses que preservam o apartheid, desde os quartos de empregada até os elevadores de serviço. Obviamente, é escusado dizer que a grande maioria dessas empregadas domésticas, que o eufemismo pequeno-burguês prefere chamá-las de “secretárias”, são mulheres negras que, de uma forma ou de outra, são um retrato vivo de uma perversa herança daquilo a que até hoje nos define como sociedade.

Ademais, na impossibilidade de abarcar todos os elementos que constituem a beleza e a sinceridade dessa obra, “Todos os Mortos” também merece uma observação sobre o cuidado e o carinho com que seus diretores trataram a questão da trilha sonora. Convém ressaltar a presença da música europeia, a partir da imponência do piano como uma marca da colonização presente em toda a trama, bem como os ritmos dos tambores africanos e a kalimba como um processo de resistência.

No contraponto, como uma possibilidade de inserir a atualidade, utilizaram-se de ruídos contemporâneos como barulho de skates no cimento, helicópteros, carros em movimento e outros. Trata-se de uma inserção proposital, não como se fora um ato de rebeldia, mas pela proposta de demonstrar que a questão do racismo e escravidão não são problemas do passado, pois continuam presentes em nossos dias.

No resumo da ópera, “Todos os mortos”, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, é um soco no estômago, uma ferida aberta que incomoda e convoca a “todos os vivos” para uma reflexão e crítica sobre o mundo herdado no buraco negro desse mundo que necessitamos transformar.

 

O escritor Wilson côelho anotou:

“Acho bastante oportuno este texto em virtude da passagem do dia 13 de maio, o dia da abolição da escravatura. Mas o mais importante é fazer uma reflexão sobre o 14 de maio, ou seja, o dia seguinte, quando o negro estava “liberto”, sem trabalho e sem moradia, jogado no mundo”.
Outra coisa, um dos diretores, o Caetano Gotardo, é capixaba e filho do nosso querido amigo e poeta Gilson Gomes” (Wilson Côelho).
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Brasileira Neuza Back, árbitra auxiliar, está em lista inédita para a Copa do Catar | 20/5

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Don Oleari - Editor Chefão

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Radialista, Jornalista, Publicitário.
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grande perda

Grande perda

Edilson, grande colega e companheiro de tantas lutas, que participou ativamente dos movimentos sindical e social e das batalhas pela construção e preservação de direitos trabalhistas e pela ampliação do campo democrático neste país, faleceu nesta terça-feira, 23, aos 56 anos.

O velório e sepultamento serão na localidade de Rosca Seca, município de Aimorés, em Minas Gerais, nesta terça.

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Hamilton Gangana | Ziraldo foi também publicitário

Dia da Terra (22/4): jornalistas ambientais sofrem ameaças pelo mundo

 

aniversariantes

aniversariantes

Importantes personagens do cenário político do Espírito Santo, o ex-governador Paulo Hartung e o atual pré-candidato a prefeito de Vitória/ES, Sebastião Pelaes, são os aniversariantes do começo da semana.

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antonio e tião pelaes

Hartung festeja seu aniversário neste domingo, 21 de abril, também anotado no calendário como Dia de Tiradentes.

Sebastião Pelaes festeja na segunda-feira, dia 22 de abril, o suposto dia do Descobrimento do Brasil, segundo nos enganaram a vida inteira os livros de história do Brasil, recheados de histórias da carochinha.

Don Oleari Portal de Notícias cumprimenta os dois ilustres aniversariantes, candidatos potenciais às próximas eleições.

Pelaes já é o pré-candidato a prefeito de Vitória/ES, agora em 2024.

Paulo Hartung poderá ser um dos candidatos a Senador na eleição de 2026, o que certamente incomoda aos falados possíveis candidatos a senador, deputado da Vitória, governador Renato Casagrande, entroutros.

Como se sabe, Hartung não cultiva o hábito de perder eleição. Até porque foi um bom senador pelo Espírito Santo  (Don Oleari).

aniversariantes

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No Posto de Saúde do J. da Penha

Antuerpia, cervejas premiadas

Quem mudou, mudou!

Santorio no PP – 5/4

Baixo Guandu: Lastenio no MDB

Vacinação

Por Alda Luzia Pessotti –

Fui ao Posto de Saúde de Jardim da Penha, zona norte de Vitória, a capital do Espírito Santo.

Hoje é dia Nacional de Vacinação em todos os postos de saúde.


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13 de abril de 2024
5 KBVacinas contra Influenza, Covid e Poliomielite. A programação vai até 17 horas.

Atendimento ótimo no posto do em Jardim da Penha.
Fiz a foto com pessoas esperando para vacinar e a secretária Municipal de Saúde, Magda Cristina Lamborghini com o Zé Gotinha (Alda Luzia Pessotti).

Posto de Saúde

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Antuerpia, cervejas premiadas

Quem mudou, mudou!

Santorio no PP – 5/4

Baixo Guandu: Lastenio no MDB

Lastenio, avô de primeira!

Antuerpia

Uma nota que dou com muito gosto, apesar do “desgosto” de não poder ter ido.

Vi num poderoso grupo de uatizapi ligado à Associação dos Moradores da Praia do Canto, Vitória/ES, uma nota sobre cervejas premiadas, inclusive de Colatina, nossa terra.

antuerpia-chope-200.jpg 7 de abril de 2024 10 KBA nota me atiçou.

Através da amiga @Martha Pimenta, soube da Antuerpia Cervejaria. Agora, minha agenda infernétiva anotou em tom de vermelho & preto bem forte:

Programar para conhecer a Cervejaria na primeira brecha.

A foto do grupo de cervejeiros degustando da capa me foi repassada pelo @Hudson Ruela.

 Antuerpia

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Quem mudou, mudou!

Santorio no PP – 5/4

Baixo Guandu: Lastenio no MDB

Lastenio, avô de primeira!

Baby e Eller

Quem mudou

Por Alexsandro Eller –

calendario-2.jpg 5 de abril de 2024 4 KBCalendário eleitoral fechou a janela de mudanças de partidos. Mudou, mudou.

Um vai pra cá, vai pra lá, que é aquele horror da lei eleitoral.

Mas as datas estão aí (Alexsandro Eller).

Quem mudou

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Santorio no PP – 5/4

Baixo Guandu: Lastenio no MDB

Lastenio, avô de primeira!

Baby e Eller

Perdemos! Alexandre Lima se foi

no PP

Por Alexsandro Eller –

Pano de Fundo | Política – Bastidores

O médico Fernando Santório, neto do ex-prefeito de Cariacica Vicente Santório Fantini, se filiou ao Partido Progressistas.

Santório se prepara para concorrer a uma vaga na Câmara de vereadores de Cariacica.

Na foto, Fernando e o presidente do PP de Cariacica, Sandro Locutor.

no PP

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Baixo Guandu: Lastenio no MDB

Lastenio, avô de primeira!

Baby e Eller

 

Lastenio no MDB

Lastenio no MDB

Prefeito de Baixo Guandu, Lastênio Cardoso, já contava com o apoio do MDB para sua campanha à reeleição.

ssinatura-de-lastenio-no-mdb-a-de-200.jpg 4 de abril de 2024 7 KBAgora, a partir desta noite de quinta-feira, Lastenio não só conta com esse apoio, mas ele próprio acaba de se filiar ao MDB, de cujo partido é o vice-prefeito Patrick Favarato.

Sua filiação contou com o prestígio da presença do presidente do Diretório do MDB do ES, o vice-governador Ricardo Ferraço, como também com a presença do pré-candidato a prefeito de Vitória, a capital, de Sebastião Pelaes, um emedebista com 45 anos de partido.

Seu irmão Antonio Pelaes foi vice-prefeito de Vitória com o então prefeito Hermes Laranja, outro histórico emedebista (Don Oleari).

Lastenio no MDB

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Lastenio, avô de primeira!

Baby e Eller

Perdemos! Alexandre Lima se foi

Maria de Lourdes Lessa

De Pedra Azul pra Mimoso do Sul

avô de primeira

O amigo Pelaes (***)  me mandou a foto do avô de primeira, prefeito de Baixo Guandu, Lastenio Cardoso.

gadita-com-lelo-e-pelaes-1-1-300x206-1.jpg3 de abril de 2024 7 KB 200 por 137 píxeis
Pelaes, Lelo e Gadita

Lastenio, feliz da vida, com a primeira netinha, a Cecília, que aterrisou no planetinha neste dia 1º de Abril. Tudibão pra Cecília e pra toda a família. Pro avô de primeira viagem, o abração da tchiurma do donoleari.com.br = Don Oleari Portal de Notícias.

(***) Sebastião Pelaes, pré-candidato a prefeito pelo MDB em Vitória – acompanhou o amigo prefeito Lastenio Cardoso, de Baixo Guandu/ES, durante os dois dias que ele passou aqui no fim de semana.

avô de primeira

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Baby e Eller

De Pedra Azul pra Mimoso do Sul

Perdemos! Alexandre Lima se foi

Maria de Lourdes Lessa

 

 

Baby e Eller

Nelson Baby, presidente do diretório municipal do PCdoB de Cariacica/ES, e Alexsandro Eller, nosso colaborador, se encontraram e falaram sobre o quê?

euclerio-e-baby-1.jpg 30 de março de 2024 6 KBSobre política e sobre futuro do município. Esses dois devem ter informações que não chegaram nem ao colunista Ronaldo Chagas Freitas nem aqui na redação.

Mas horinha dessas eles vão nos contar, ah, isso vão! Ronaldo tá monitorando os dois. A foto deles foi feita depois desse encontro aí, da alta direção do PCdoB com o prefeito Euclerio Sampaio (Don Oleari).

Baby e Eller

democracia.”

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Perdemos! Alexandre Lima se foi

Maria de Lourdes Lessa

De Pedra Azul pra Mimoso do Sul

Feira de arte sacra

Aboudib toma posse na AESL

Perdemos

alexandre-lima-recortada.jpg 28 de março de 2024 5 KB

 

Enfim, foram anos de, a cada dia, uma lembrança dele, um músico, um líder, um empreendedor.

Nesta quinta-feira, Alexandre se despediu definitivamente da família, dos amigos, dos admiradores.

Perdemos

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Maria de Lourdes Lessa

De Pedra Azul pra Mimoso do Sul

Feira de arte sacra

 

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