YouTube na TV
como a revolução da tela redefine o controle do sofá
A plataforma de vídeos está transformando a experiência televisiva em um mosaico de escolhas algoríticas e personalizadas.
COLUNA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL |
FLAVIA FERNANDES
Nos lares brasileiros, a televisão já foi o ícone máximo de controle narrativo, uma janela para o mundo dominada por emissoras tradicionais.
Em 2025, no entanto, o cenário da sala de estar foi transformado pela presença crescente do YouTube.
A plataforma, antes associada ao consumo individual em celulares e computadores, agora domina a tela principal da casa, desafiando o monopólio das redes tradicionais e reconfigurando hábitos culturais.
Essa transição é mais do que uma mudança tecnológica; é um reflexo profundo de como a inteligência artificial (IA) está redefinindo o consumo de conteúdo audiovisual.
O YouTube, impulsionado por algoritmos sofisticados, tornou-se o maestro invisível dessa orquestra, decidindo o que você assiste e quando.
Dados recentes indicam que mais de 45% do tempo de visualização no YouTube ocorre em TVs conectadas. A plataforma domina o formato on-demand, oferecendo vídeos personalizados com base em análises detalhadas do comportamento do usuário.
Essa personalização é um produto direto da IA, que considera preferências, tempo de navegação e até mesmo pausas nos vídeos para criar uma experiência individualizada.
O que antes era uma relação passiva — com horários fixos e programas pré-definidos — tornou-se uma jornada interativa. Essa evolução marca o surgimento de um novo paradigma: o espectador agora é o editor-chefe do que entra em sua sala.
As emissoras de TV aberta ainda tentam recuperar relevância por meio de formatos híbridos e aplicativos próprios, mas o YouTube já transcendeu a barreira do conteúdo.
Ele atende a nichos variados, desde tutoriais caseiros até grandes produções independentes, satisfazendo a demanda por autenticidade e personalização.
Porém, a inteligência artificial traz uma dualidade. Enquanto recomendações certeiras mantêm o espectador engajado, elas também reforçam bolhas de interesse.
O que aparenta ser liberdade de escolha é, na realidade, uma coreografia conduzida pelo algoritmo, que prioriza a retenção acima de tudo.
Essa é a crítica mais contundente: em busca de engajamento, a IA pode promover desinformação e radicalizar opiniões.
No espaço antes dominado pela imparcialidade do telejornal, surgem conteúdos amadores ou duvidosos, projetados para prender a atenção a qualquer custo. Assim, o sofá da sala, antes um local de convivência familiar, torna-se palco de um experimento silencioso de manipulação comportamental.
O YouTube, por sua vez, está adotando medidas para combater práticas prejudiciais, como o clickbait.
Títulos e miniaturas apelativos, muitas vezes enganosos, são utilizados para gerar cliques, mas frequentemente não correspondem ao conteúdo real.
A plataforma começou a fiscalizar e remover vídeos com essas práticas, iniciando pela Índia e planejando expandir para outros países. A iniciativa busca restaurar a confiança do usuário, garantindo que os vídeos entreguem o que prometem, especialmente em áreas sensíveis como notícias.
O crescente impacto do YouTube na TV expõe um embate entre gerações e modelos de consumo. Para as emissoras tradicionais, o desafio é tanto tecnológico quanto cultural.
O público não quer mais ser espectador passivo; ele quer protagonizar sua própria programação.
Essa liberdade, contudo, tem um custo: quem realmente está no controle? A televisão, com sua rigidez editorial, carregava um senso de responsabilidade pública.
Já o YouTube, movido por algoritmos, prioriza o lucro em detrimento da ética.
Neste novo reinado da tela grande, quem dita as regras não é mais o diretor da emissora, mas o engenheiro de IA – Inteligência Artificial. O futuro da televisão está na sala de casa, mas o controle remoto está nas mãos de uma máquina (Flavia Fernandes).
Miguel Nicolelis, renomado neurocientista brasileiro, fez história ao unir ciência e esporte na abertura da Copa do Mundo de 2014.
Ele liderou o desenvolvimento de um exoesqueleto controlado pelo cérebro, que permitiu a um jovem paraplégico dar o pontapé inicial simbólico do evento, mostrando ao mundo o potencial transformador da tecnologia na medicina.
@flaviaconteudo
Flávia Fernandes é jornalista formada pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) É professora de língua inglesa e especialista em inteligência artificial pela PUC Minas e Faculdade Exame.
Apaixonada por educação e inovação, explora as conexões entre tecnologia, sociedade e o cotidiano.
YouTube na TV
Edição, Don Oleari – [email protected] | https://twitter.com/donoleari
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