abstenções
Em São Paulo, abstenções chegaram a mais de 33 %. O candidato perdedor no município da Serra/ES teve menos votos do que os que não votaram
COLUNA PANO DE FUNDO |
POLÍTICA | BASTIDORES
NEC = Nota do Editor Chefão, Don Oleari |
Wander Gadita é especialista em Comunicação Estratégica eleitoral, Marketing Político, Ciência Política. Seu dogma na bem sucedida carreira de marketeiro político é:
“Não se ganha eleição pedindo voto, mas conquistando pessoas”.
Sua análise bate com as do Don Oleari Portal de Notícias, através de textos dos nossos parceiros Edilson Lucas do Amaral e Anilson Ferreira, e amplia a oportuna reflexão (Don Oleari).
Crescimento da abstenção nas eleições 2024: Reflexo de uma Crise de Representatividade?
Wander Gadita
As eleições municipais de 2024 trouxeram um dado alarmante: quase 30% dos eleitores no país não foram votar, segundo dados consolidados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O índice é maior do que o registrado em 2020 – em meio às restrições e sofrimento com a pandemia da covid-19 – quando essa taxa girava em torno de 23%.
Um caso que ilustra bem essa tendência é o município da Serra, na Grande Vitória/ES, onde cerca de um terço dos eleitores optou por não comparecer às urnas no segundo turno do pleito, exatos 33,17%.
abstenções Um número bem superior à votação do segundo colocado no segundo turno, deputado Pablo Muribeca.
Esse fenômeno da abstenção no país, 29,26% do eleitorado ou 9,9 milhões de eleitores lança luz sobre a questão do fortalecimento (ou não) da democracia brasileira.
O aumento de pessoas que não comparecerm para votar acende um alerta e coloca em pauta a discussão sobre o verdadeiro valor do voto obrigatório em um nítido contexto de insatisfação crescente com as opções políticas disponíveis.
O elevado índice de abstenção questiona a efetividade da obrigatoriedade como mecanismo para garantir uma representação mais completa do eleitorado.
Afinal, democracia vai além de apenas o ato de votar, mas de exercer sua cidadania de forma consciente.
Os eleitores que não comparecem às urnas enviam uma mensagem: a de que, para eles, os candidatos que concorrem não cumprem com as expectativas de quem deseja de um governo mais alinhado com seus valores e preocupações.
Este é um fenômeno relevante que precisa ser interpretado sob uma perspectiva crítica.
Também nesta eleição foi percebida uma distinção importante entre as vertentes do campo conservador. O que algumas análises apontam é que existe uma diferença marcante entre o voto da direita tradicional e o voto bolsonarista.
Esse fenômeno ficou claro em várias capitais e grandes cidades, onde candidatos identificados diretamente com a figura de Jair Bolsonaro enfrentaram derrotas, mesmo em locais onde o ex-presidente já teve grande popularidade.
Belo Horizonte é um exemplo. Mesmo com o apoio explícito de Bolsonaro, a direita radical foi preterida pela ala conservadora mais tradicional, menos polarizada e menos inflamada.
Esse cenário mostra que, ainda que o campo conservador mantenha sua relevância, o eleitorado tem rejeitado, em algumas regiões, figuras que personificam uma política de extremos, optando por um discurso que busca maior moderação.
Por fim, a questão que fica mesmo é se o voto obrigatório continua a ser um recurso essencial para a democracia no Brasil ou se ele se tornou um ritual esvaziado, incapaz de capturar a verdadeira voz de uma sociedade que parece estar cada vez mais distante dos políticos eleitos.
Quando a abstenção aumenta, especialmente em uma estrutura de voto obrigatório, a própria legitimidade do processo eleitoral é colocada em xeque.
Esta reflexão exige que se observe a qualidade desses votos, muito além da quantidade de votos. Afinal, o fortalecimento democrático depende não apenas de eleitores que cumprem com a obrigação, mas que o façam com a convicção de que suas escolhas refletem seus anseios e visões de sociedade.
Lembrando ainda que nesta eleição surge um cenário de avanço expressivo do PSD, MDB e outros partidos do centrão nas Prefeituras.
O governo federal provavelmente enfrentará pressões para uma reforma ministerial, especialmente considerando que esses partidos devem exigir maior participação no governo.
Aguardemos portanto os próximos capítulos da política nacional. Mas isso é um assunto para um próximo artigo (Wander Gadita).
O autor
Wander Gadita, cientista político e especialista em comunicação política, mantém empresas especializadas no segmento.
No mesmo campo, mas em outro segmento, Gadita e parceiros comandam a Brand Sport, promotora de grandes eventos esportivos.
Se quiser conversar, discutir, concordar, discordar do autor, aí seu contato: [email protected]
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