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Paulo Nazareth | Conflitos

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Conflitos

Conflitos

Paulo Soares Nazareth

(reflexão)

Não tenho mais palavras para sustentar
o que estou pensando ou o que quero dizer.
Tento escrever mas as pequenas letras fogem,
desaparecendo no ar como uma miragem.
Pego o violão pensando que uma música
possa expressar o que sinto na sua melodia.

Não encontro nenhuma música para tocar,
as letras desapareceram, tragadas pelo ar,
meus argumentos acabaram, nada mais a fazer.
E pensar que a gente vai se perder nessa falta
de palavras, música, letras ou argumentos…
Um muito pouco para um tanto que tanto fomos,
um pouco que se mostra no tudo do que é capaz.
Nossos pensamentos, na insensatez se separaram,
por caminhos ignorados, cada um atrás do seu.
Sem sequer querer saber se aquilo que pensou
seria o seu melhor caminho, se foi o que escolheu.

Os argumentos acabaram, as alternativas falharam.
Duas cabeças que decidiram em não mais conviver,
nesse indiferente e cruel mundo do “simples assim”.
Um fim condenado, mesmo não sendo julgado,
a deixar todo o seu passado em mãos alheias,
independente da vontade que cada cabeça tem.
Cada uma procurando achar de novo o seu rumo.
Cada outra se equilibrando e atrás do seu prumo.
Um sonho maravilhoso onde as duas seriam uma,
cada uma com os pensamentos saídos das duas.
Cada duas com os pensamentos saídos só de uma.
Quanto engano nessa ilusória união de duas vidas,
onde o pensamento se acha o dono dessa ilusão.

E não é.

É só o insensível algoz, especulador das vontades,
esquecido que o sentimento tem dono e sua razão.
O dono absoluto dessa sagrada união é o coração.

Paulo S Nazareth

1/2024