futebol
Coluna AQUI RUBENS PONTES
MEUS POEMAS DE SÁBADO
NEC = Nota do Editor Chefão, Don Oleari – Na foto de capa, o autor da coluna aparece de primeira com Rei, Rei, Rei, Reinaldo, numa reverência nossa a ele, autor – Rubens Pontes – e ao grande craque mineiro. Os demais são citados logo no começo do texto. Na dúvida da foto de capa, perguntei ao Rubens: – “uma foto do Drummond ou uma colagem dos ídolos citados”? Ele, puta véia de redações mis pelaí, respondeu: – “submeto-me ao arbítrio do Editor Chefão”. Ao final da coluna, o poema do pai falado pelo filho, Pedro Drummond (Don Oleari).
O brasileiro gosta mesmo é de futebol.
Sabe quem foi Pelé, Zico, Reinaldo e associa cada um deles à sua cidade de origem: Três Corações, Rio de Janeiro, Ponte Nova.
Muitos sabem também quem foi Eder Jofre, Maria Ester Bueno, Gustavo Kuerten, mas poucos de nós guardamos na memória o nome das cidades onde eles nasceram.
Cidade do Espírito Santo estaria nos dois exemplos, não fosse a desastrada performance da seleção brasileira na última Copa do Mundo.
Nova Venécia e Richarlison, cidade natal e o autor do mais espetacular gol marcado no certame, estariam também elencados como ponto culminante no esporte mais amado pelos brasileiros.
Nova Venécia
O nome da cidade é uma referência à região de Vêneto, na Itália.
O território, antes da chegada dos imigrantes europeus, foi ocupado pela tribo dos índios Aimorés, fugindodos combates com as forças portuguesas nas proximidades da foz do Rio Cricaré
A primeira penetração no território pelos brancos ocorreu em 1870, liderada pelo Barão de Aimorés (fascinante personagem relatado nesta Coluna do Portal don Oleari – www.donoleari.com.br – há algum tempo).
Município emancipado em 1953, anteriormente denominado, pela ordem, Serra dos Aimorés e Vila Aimoreslândia, possuía, no censo de 2010, população superior a 50 mil e 500 habitantes com forte influência cultural italiana.
Regiãomontanhosa com grandes jazidas de granito, seu território, em sua quase totalidade, está “montado” sobre uma formação rochosa, um escudo cristalino formado há cerca de 600 milhões de anos.
Curiosamente, um dos seus pontos de visitamais procurados por turistas é a Pedra do Elefante,principal símbolo da cidade medindo 604 metros de altura (tombado pelo Conselho Estadual de Cultura)monumento natural também existente em Andradas, MG, em Niterói , RJ, naSerra do Cipó, MG, Piedade, SP, e em outras cidades brasileiras.
futebol
Nova Venécia se tornou marco importante na história do futebol brasileiro, terra natal deRicharlison,astro de times mineiros, do Rio e da Europa.
Teve ele uma vida muito simples, membro de uma família pobre.Vendia picolé “para ajudar em casa”, confidenciouTião Borboleta, um dos primeiros treinadores do jogador que chamava o craque em formação de “Lamparina”por‘clarear as jogadas’ em campo.
Richarlisonse destacou no time“Leão de São Marcos”, mas em sua cidade era mais querido pela sua participação em atividades sociais, sempre se posicionando sobre temas como racismo(muitos anos antes dos atuais e mundiais protestos, com ênfase no futebol),e desigualdade social.
Sempre solidário com pessoas em dificuldade, doou 10 cilindrosde oxigênio para hospitais de Manaus, na crise gerada pelapandemia.Em sua cidade, sempre envolvido em questões sociais, vem ajudandoáreas carentes domunicípio.
Entre seus empreendimentos está o Nova Venécia Futebol Clube, do qual é padrinho.Seu pai, Antônio Marcos, e Elton, seu tio, participam do elenco.
No projeto de desenvolvimento do clube faz parte a construção de um moderno estádio com capacidade para 3 mil pessoas.Já em fase de finalização ao ser preparada a Coluna, o estádio terá o nome do avô do jogador, Armindo Francisco da Silva.
Régis, jogador que atuou no Flamengo e no KasimaAnters do Japão (com Zico), faz parte do projeto social deRicharlison, como responsável pelas equipes sub-15 e sub-17.
O Poderoso Chefão, Oswaldo Oleari – www.donoleari.com.br – e este colunista, se sentem muito à vontade para emprestar relevo a uma das poucas figuras que se situam acima da humilhante performance na última Copa do Mundo e sem alarde se bate contra o racismo no futebol e além dele.
A ele e aos nossos eventuais leitores, o poema deste sábado: Futebol – Carlos Drumond de Andrade.
Rubens Pontes
Capim Branco, MG
Complemento do Portal don Oleari – www.donoleari.com.br – Richard de Andrade começou sua carreira futebolística como profissional no América Mineiro, em 2014. Passou por times cariocas e desde 2022 é titular do Tottenham, Inglaterra.
FUTEBOL
Carlos Drummond de Andrade
Futebol se joga no estádio?
Futebol se joga na praia,
futebol se joga na rua,
futebol se joga na alma.
A bola é a mesma: forma sacra
para craques e pernas de pau.
Mesma a volúpia de chutar
na delirante copa-mundo
ou no árido espaço do morro.
São voos de estátuas súbitas,
desenhos feéricos, bailados
de pés e troncos entrançados.
Instantes lúdicos: flutua
o jogador, gravado no ar
— afinal, o corpo triunfante
da triste lei da gravidade.