Os Desaparecidos | Wilson Côelho com Affonso Romano de Sant’Anna | Na Inferneti, quem procura, acha

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Os Desaparecidos
Os Desaparecidos
Os Desaparecidos, uma dessas surpresas “surpreendentes” do maledeto feissibuqui
don-oleari-novo-don-corleone-1-202x300-1-e1698414608507.jpeg 8 de novembro de 2022 8 KB
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NEC = Nota do Editor Chefão, Don Oleari | Só pra dizer que conheço alguns caras dos mais importantes da cena cultural deste intrépido Brasil Varonil Céu de Anil, daqui e alhures. Caraaajoooo, não tinha ideia de que um dia ainda ia me lembrar de vocábulo tão esquisito. 

Os Desaparecidos, eu achei zanzando pelas páginas feissibuquianas da vida. Wilson Côelho é um dos intelecquituais da Capitania do Espírito Santo que estão sempre aqui em Don Oleari Portal de Notícias, de tantos títulos.

Affonso Romano de Sant’Ana, conheci ainda jovem, num congresso da Juventude Metodista do Brasil em Porto Alegre, há uns 800 anos.

Era também da Juventude Metodista o célebre Claudius – ele, mesmo, um dos bambambans de O PASQUIM –  que também tive o privilégio de conhecer, este mais recentemente numa festa da família de Gilda Kosinski e do nosso saudoso Rafael Protásio Brasil (da família do famoso cientista Vital Brasil).

Capa | Fotogarfada no FB |  Affonso Romano de Sant’Ana com Wilson Côelho

Os Desaparecidos

Affonso Romano de Sant’Anna

De repente, naqueles dias, começaram
a desaparecer pessoas, estranhamente.
Desaparecia-se. Desaparecia-se muito
naqueles dias.
Ia-se colher a flor oferta
e se esvanecia.
Eclipsava-se entre um endereço e outro
ou no táxi que se ia.
Culpado ou não, sumia-se
ao regressar do escritório ou da orgia.
Entre um trago de conhaque
e um aceno de mão, o bebedor sumia.
Evaporava o pai
ao encontro da filha que não via.
Mães segurando filhos e compras,
gestantes com tricots ou grupos de estudantes
desapareciam.
Desapareciam amantes em pleno beijo
e médicos em meio à cirurgia.
Mecânicos se diluíam
— mal ligavam o torno do dia.
Desaparecia-se. Desaparecia-se muito
naqueles dias.
Desaparecia-se a olhos vistos
e não era miopia. Desaparecia-se
até à primeira vista. Bastava
que alguém visse um desaparecido
e o desaparecido desaparecia.
Desaparecia o mais conspícuo
e o mais obscuro sumia.
Até deputados e presidentes evanesciam.
Sacerdotes, igualmente, levitando
iam, aerefeitos, constatar no além
como os pecadores partiam.
Desaparecia-se. Desaparecia-se muito
naqueles dias.
Os atores no palco
entre um gesto e outro, e os da platéia
enquanto riam.
Não, não era fácil
ser poeta naqueles dias.
Porque os poetas, sobretudo
— desapareciam.

Os Desaparecidos

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham