Análise caótica
A crônica do jornalista Paulo Bonates é reproduzida pelo Don Oleari PN com autorização do autor.
Bonates é médico, psiquiatra, psicanalista, escritor, jornalista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo. E derradeiro torcedor do América do Rio.
Paulo Bonates |
Ia me esquecendo, começo agora. Cara senhora, minha sincera ouvinte, o pensamento que dá luz e vida à palavra são as coisas que nos cercam por infinitos e desconhecidos, que somem e aparecem do nada. Aí está a política das coisas, não tenho certeza. Talvez não existam certezas, o que coloca também as dúvidas sem sentido.
O que Dorian Gray, meu cão vira-lata acha, e deixa de achar, é que há momentos – todos – em que não existe a tal da razão, tudo pode ser criado, destruído, explicado, confundido, confirmado e anulado a partir do nada, feito matéria de lei que saltita pelo Congresso tupiniquim.
Ou a realidade se inverte, ou não. Como no caso em que o ex-presidente dos Estados Unidos, Trump, achatou, igualzinho ao super-homem, a bala dirigida a ele em recente comício, usando o duríssimo lobo temporal do seu próprio crânio, utilizando para isso seu armazém de certezas, duro e resistente. (o costume é usar o crânio dos outros, vide a Guerra do Vietnã e outras).
O seu adversário, o quase ex-presidente Biden, sempre voando e jogando o seu falar ao que lhe sopram na hora, quando soube, entubou um olhar sem sentido e palavras desconexas em relação a nada.
Agora, corra para a TV e veja as guerras do absurdo que eclodem todos os dias nos recantos desse mundão besta.
Lá dentro e fora, Israel e seus inimigos árabes prometem o impossível. Frente à frente, em profundas trilhas, gladiadores uniformizados, ou apaixonados, lançam-se uns contra os outros procurando a absurda paz.
Dizem nas altas e bem informadas rodas do Centro da Praia Shopping, em Vitória, bem ao sul do Equador, que foi feriado na Ucrânia e na Rússia. Não se sabe ao certo que acontece lá.
As providências são as mesmas de sempre: exacerbar a convicção de que a culpa é do outro e pedir aplauso. As guerras atuais são diferentonas: não precisam de motivo.
Vejam a honestidade do bravo povo brasileiro: “Passa o celular, senão te mato”, e a guerra estanca até a próxima saidinha da prisão para visitar a mãe.
A realidade verde e amarela é diferente.
O presidente Lula, que se atrapalha com tudo, principalmente com as palavras em qualquer instância, igualzinho a Bolsonaro, está mesmo é preocupado com as eleições, afinal é tradição do tupiniquim.
Naturalmente a esquerda e a ambidestra esperam só uma boa oportunidade para conseguir uma boquinha e continuar fazendo o que sempre fizeram. Ia esquecendo, a direita também.
Mudando de pau pra cavaco.
Jamais se teve notícia de uma Seleção Brasileira de Futebol de Copa do Mundo pior que essa, só tem perna de pau. Só as próximas. Logo o futebol, o ópio tradicional do povo e, atualmente, dos jogos de dinheiro. Daqui há pouco os gerentes da pátria vão ter que encarar a realidade, participando dela, por exemplo.
Comenta-se à boca miúda que o funcionalismo público, federal, estadual e internacional, continua estável, como se sabe, sem reajuste de salário digno da função. Médicos, por exemplo, aliás, são cognominados de “Saco de Sal”. Barato, branco, desvalorizado, mais fácil…
Como acontece sempre, o assunto sai do ar subitamente, de repente ninguém fala mais nisso.
A última palhaçada – espero – foi aquele bloco de rua de Brasília, 8 de janeiro, uma esculhambação sem sentido e sem consequência. A senhora quer apostar.
Mas não se preocupe, sempre tem mais um fenômeno para justificar a perplexidade, acaba de ocorrer o curto-circuito oficial nas instâncias tecnológicas do mundo.
Espero que este texto esteja suficientemente confuso e incoerente, ninguém entende nada, mas compreende tudo.
Dorian Gray, meu cão vira-lata, não quer dar opinião. Faz ele muito bem.
Análise caótica
Edição, Don Oleari – [email protected] –
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