Fábio Pirajá | O Quarto Centenário de Vitória | Eurípides Queiroz do Valle

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Quarto Centenário

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O IVº Centenário de Vitória

Carregar mais Detalhes do anexo balao-destaque-de-linhas-de-texto-1-e1729617356701.jpeg 20 de outubro de 2024 82 KBEurípides Queiróz do Valle – Mais  sobre o autor no balãozim lá embaixo.

Coluna

Memória Capixaba | Datas, personagens, fatos

piraja-coluna-assinatura.jpg18 de agosto de 2024 24 KB 400 por 391 píxeis
fábio pirajá

FÁBIO PIRAJÁ (***)

Eurípides Queiroz do Valle

O Espírito Santo nasceu num domingo. Num claro domingo de maio de 1535. E no dia 23. Dia da chegada de seu primeiro Donatário às suas terras virgens.

Dia de festa e mês de flores. De festa porque consagrado ao Divino Espírito Santo. E dai o seu nome. De flores porque o mês de Maria. Nasceu, assim, sob dois signos de beleza. E sob eles continua ainda hoje, no marulhar de suas cascatas e no batismo de suas cidades.

S. Tereza, S. Leopoldina, S. Mateus, S. José do Calçado, S. João do Muqui, S. Pedro do Itabapoana são nomes que pontilham o seu território como marcos vivos de fé.

A sua geografia é das mais interessantes. Não estando inteiramente no norte nem inteiramente no sul, está, entretanto, nessa linha média que é, a um tempo, norte e sul. Esse determinismo físico lhe empresta condições verdadeiramente privilegiadas.

Daí a variedade de seu clima. Do calor intenso das baixadas do Itapemirim pode-se chegar às neves eternas do Pico da Bandeira na serra do Caparaó. Num percurso de alguns quilômetros tem-se as mais variadas altitudes.

Essa variedade de climas, assim como de altitudes, possibilita ao espiritosantense o desenvolvimento fácil das mais diversas culturas. Daí o se encontrarem, em seu território, coqueirais como os nordestinos, cacauais como os baianos, cafezais como os paulistas, canaviais como os fluminenses, parreirais como os gaúchos.

E quem desejar conhecer, de perto, a geografia do Brasil basta segui-la nesta sua maravilhosa síntese que é a geografia do Espírito Santo.

Nem mesmo uma visão do Amazonas ou dos pampas do Rio Grande lhe faltaria. No velho Rio Doce, a deslizar amplo e majestoso por entre matas virgens, e nas planícies de Linhares e S. Mateus, ele sentiria uma e outra.

Talvez seja por isso que o brasileiro de qualquer procedência logo se identifica e tão rapidamente se prende à terra espírito-santense. E que aqui ele encontra sempre alguma coisa que lembre ou recorde a terra distante.

A sua capital está numa ilha. E essa ilha, pela sua formação geológica, como pela sua conformação geográfica, resume, também, toda a geologia e geografia do Estado.

Na verdade, nas suas baixadas como nas suas elevações, no recorte de suas enseadas como na exuberância de sua vegetação, ela representa uma miniatura caprichosa do que vai por todo o território além.

Vitória. Batizaram-na, de uma feita, a “Cidade Presépio”. E o apelido ficou. Assentando na parte sul da ilha de S. Antônio, ela se insinua pelas elevações do amplo anfiteatro verde que lhe cinge os flancos, à moda dos presépios. Já não se pode conter no seu leito primitivo.

Cresceu. E hoje o seu centro urbano se prolonga e se espraia pela orla da ilha e em seu derredor. E novos núcleos residenciais surgiram com vida intensa e florescente: Santo Antônio, Caratoíra, Paul, Argolas, S. Torquato, Jardim América, Jucutuquara, Maruípe, Praia Comprida, são arrabaldes que se desenvolvem em ritmo acelerado.

Chamou-se primitivamente Vila Nova. E assim se distinguia de Vila Velha, o primeiro núcleo de civilização espírito-santense. Foi em 8 de setembro de 1551 que recebeu o nome de Vitória.

É que nesse dia se obtinha, sobre as incursões constantes dos indígenas indomáveis, definitiva vitória. Da velha Capixaba, antigo arrabalde e seu primeiro aglomerado urbano, já agora incorporado à cidade, tirou-se o nome por que são hoje conhecidos todos os espírito-santenses.

Cidade irregular, como todas as nossas primitivas cidades, não tem a monotonia geométrica dos traçados prévios. E essa mesma irregularidade vem constituindo um dos seus mais ricos motivos ornamentais.

Elevações e ladeiras graciosas e ajardinadas, escadarias artísticas ligam a cidade baixa à sua parte alta.

E como na Acrópole da velha Helade, lá estão, nessa parte alta, os grandes edifícios, sede dos poderes públicos: o Palácio do Governo, antiga construção jesuítica, considerado um dos mais belos do país, o Palácio do Congresso e o da Justiça.

E no mesmo plano, como sede principal dos poderes espirituais, a majestosa Catedral Diocesana.

O seu porto assemelha-se ao de Santos pela segurança de seu ancoradouro interno e à Guanabara pela sua beleza panorâmica.

Como porto exportador é o quarto do Brasil. E para maior semelhança com a baía do Rio de Janeiro, não lhe falta sequer o Pão de Açúcar.

O Penedo que, como aquele, se ergue à entrada e à esquerda do porto tem realmente a mesma configuração.

No traçado gracioso de suas ruas e praças, na beleza florida de seus parques e jardins, encontra a capixaba o ambiente próprio e a moldura adequada ao realce de seus encantos físicos.

Na verdade, a graça da cidade se reflete na graça de suas mulheres. Vitória é hoje um grande centro de estudos e de irradiação cultural.

Entidades culturais

O escritor Eurípedes Queiroz do Vale anota diversas entidades nesse cenário, a saber:

-A sua velha Faculdade de Direito, hoje federalizada, as suas Escolas de Odontologia, Comércio e Agricultura, os seus Institutos Técnicos e de Assistência Social, os colégios e ginásios, as suas instituições culturais.

Entre estas se destacam o Instituto Histórico e Geográfico, a Academia de Letras, a Academia dos Novos, a Academia Feminina, a Arcádia, as Associações de Imprensa, de Juristas, de Professores.

Mais: os Centros de Estudos de Folclore, de Esperanto, de Genealogia, de Línguas, os grêmios literários estudantis. Todos atestam esta atividade que se reflete nos livros, estudos, jornais, periódicos e revistas ilustradas que se publicam.

“O voto secreto, a escola ativa, o escotismo, a alfabetização de adultos, o salário mínimo, os serviços sociais e de assistência e conquistas outras que se costuma atribuir ao progresso moderno já existiam, de há muito, no Espírito Santo, na sua legislação. Quando o Governo Federal os adotou e regulou, já os espírito-santenses fruíam os seus benefícios. O voto secreto, verbi-gratia, vem de 1892, do governo Muniz Freire. E foi este espírito-santense que, como senador da República, apresentou o primeiro projeto a respeito, como atestam os anais.”

A sua organização pedagógica é, ainda hoje, considerada modelar. Não queremos nos referir aqui às altas expressões de cultura e saber que já projetaram, além-fronteiras, o nome espírito-santense.

A cidade se prepara para festejar o seu IV centenário de fundação. É uma oportunidade que terão os brasileiros de visitá-la e de poder sentir, de perto, as vibrações de seu progresso e de sua prosperidade.

E assim poderão ver que o capixaba é vivo, arguto e empreendedor. Sentirão que ele representa, por assim dizer, uma resultante da influência de seus vizinhos mais próximos e que as características destes como que nele se precipitaram para a formação de um tipo novo e interessante.

E notarão, então, nele, a vivacidade do baiano, a argúcia do fluminense e a capacidade de trabalho e de resistência do mineiro.

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13 de janeiro de 2025
34 KBQueiroz do Valle

Eurípedes Queiroz do Valle, ou simplesmente Queiroz do Valle, como gostava de ser tratado nos últimos tempos por seus companheiros de magistratura e de imprensa, nasceu em Benevente, hoje município de Anchieta, litoral sul do Espírito Santo, a 28 de janeiro de 1897.

Diplomou-se pela Faculdade de Direito da Bahia em 1918. De retorno a seu Estado, exerceu os cargos de Juiz de Direito e de Chefe de Polícia.

Desembargador do Tribunal de Justiça, foi vice-presidente e presidente por duas vezes.

Também exerceu o cargo de vice-presidente e presidente do Tribunal Eleitoral do Estado do Espírito Santo. Foi Diretor da Faculdade de Direito, professor de Português e Literatura e de Direito e Policiologia.

Carregar mais Detalhes do anexo balao-destaque-de-linhas-de-texto-1-e1729617356701.jpeg 20 de outubro de 2024 82 KBQuer saber mais sobre Eurípedes Queiroz do Vale? Taió, vai nesse aí:

https://morrodomoreno.com.br/materias/euripedes-queiroz-do-valle-por-elmo-elton.html

(***) Grupo de Fábio Pirajá Estúdio – Áudio, Rádio e Podcast

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Quarto Centenário

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham