Um Donatário
23 de maio de 1535 | Quando tudo começou na Vila do Espírito Santo
ARTIGO |
Manoel Goes Neto
Nascido em 1488, Vasco Fernandes Coutinho já tinha 45 anos quando desembarcou nas terras que viriam a ser da Vila do Espírito Santo, hoje nossa querida Vila Velha/ES.
Aportando com seus 60 homens aventureiros, de índole duvidosa, conhecidos como degredados – indesejáveis em solo lusitano – Coutinho também contava com a presença dos fidalgos de sua confiança, além de especialistas em ouro e pedras preciosas, dada a descoberta do ouro nas Minas Gerais.
Assim começou a história de todos nós, espírito-santenses e canelas-verdes.
Após a travessia atlântica, Coutinho ancorou na Bahia, em busca de um lugar seguro e abrigável onde pudesse tomar posse de sua Capitania, doada pelo Rei D. João III – terras virgens onde a natureza falava por si só, na plenitude de sua exuberância.
Uma mata deslumbrante, com árvores gigantescas balançando seus galhos seculares nas margens da baía, como se beijassem o mar conforme o fluxo das marés. A floração das árvores tingia de verde as florestas que literalmente tomavam suas praias.
Terras sem rei, onde não havia um senhor entre a fauna, pois o domínio já pertencia ao homem que ali estava, manifestando-se em sua forma mais primitiva – nossos povos originários, verdadeiros brasileiros.
Ele era, de fato, o rei absoluto. Mandava e determinava tanto que seu sangue ainda corre em nossas veias, como um elemento intrínseco do tipo brasileiro.
Iniciou-se uma grande saga de 26 anos em uma vasta capitania que urgia ser povoada. Coutinho retornou diversas vezes a Portugal em busca de recursos para explorar também o ouro do sertão (Minas Gerais).
Nessas ausências, sem sua liderança e justiça, os indígenas Goytacazes se revoltaram, destruindo quase tudo, o que levou Coutinho a reconstruir sua empreitada por mais de uma vez. O velho capitão Vasco Fernandes Coutinho faleceu, mas seus esforços não foram em vão.
Um Donatário sem túmulo
As duas povoações que ele iniciou, Vitória e Vila Velha, hoje são motivo de orgulho para nós, os espírito-santenses. Coutinho foi provavelmente enterrado em sua própria residência (hoje Praia do Ribeiro, Praia da Costa), conforme o costume da época.
Em 23 de maio de 2024, comemoramos os 489 anos da Colonização do Solo Espírito-santense, marcando o dia da chegada de Vasco Fernandes Coutinho em 1535 ao litoral de sua capitania, doada pelo rei em 1º de junho do ano anterior. Fidalgo da Casa Real, Coutinho se destacou nas conquistas portuguesas na África e Ásia, o que lhe rendeu o título e a doação da capitania.
Pouco mais de cem anos após seu falecimento, Francisco Gil Nunes, primeiro Donatário da Capitania do Espírito Santo, após esta ter sido vendida pelos descendentes de Vasco Fernandes Coutinho, mandou refazer a Casa da Câmara em Vila Velha e deu uma sepultura digna aos ossos de Vasco Fernandes Coutinho, que estavam enterrados em uma arca.
Existem controvérsias sobre este fato. Historiadores contemporâneos afirmam que os ossos do velho capitão Vasco Coutinho estavam em Vitória, na Casa da Misericórdia, que foi demolida para dar lugar à sede da Assembleia Legislativa do Espírito Santo
Ou possivelmente em um cemitério ao lado da Casa da Misericórdia, sendo posteriormente removidos para o Convento de São Francisco, conforme informado em 1910 pelo então engenheiro responsável pelas demolições e construções, André Carloni.
Como observamos nos relatos históricos, é duvidosa a afirmação de que Coutinho morreu na miséria, dada a sua família ter permanecido à frente da Capitania do Espírito Santo por quase 140 anos, enfrentando imensas dificuldades e, mesmo assim, alcançando algum progresso.
Brasão de Vasco Fernandes Coutinho
Um Donatário
Fonte: escritos de Willis de Faria (Manoel Goes).
Manoel Goes Neto – escritor, produtor cultural e membro do IHGES
Foto de capa: ilustração do artista gráfico Jeferson de Oliveira | Foto da estátua: Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha/ES.
Ambas estão em exposição permanente na Casa da Memória de Vila Velha, na Prainha, Vila Velha/ES.
Edição, Don Oleari – [email protected] –
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Um Donatário
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