134 anos
Cariacica e seus 134 anos recheados de história e seu ciclo de crescimento
AQUI CARIACICA | Grande Vitória/ES
Ronaldo Chagas Vieira
Cariacica foi desmembrada definitivamente de Vitória, tornando-se um município independente em 30 de dezembro de 1890. Veja porque os 134 anos são comemorados em junho.
A origem de Cariacica remonta ao contato, à integração entre população indígena, negros escravos e imigrantes europeus. Com influências das culturas negra e europeia. Cariacica é a imagem da miscigenação brasileira.
O primeiro nome do município foi Carijacica, que na língua tupi significa “chegada do homem branco”.
Na foto, os primórdios da cidade sede.
Até hoje, alguns indivíduos, inclusive no mundo da política, utilizam termos depreciativos, mas isso só desrespeita a própria história da cidade.
O Editor Chefão do DOPN, jornalista Oswaldo Oleari, que morou 21 anos em Jardim América, conhece essa história. Carijacica era o nome de um rio que descia do Monte Moxuara até desaguar na atual Baía de Vitória.
O nome identificava o porto onde desembarcavam os imigrantes. Com o tempo, a linguagem popular abreviou o nome para Cariacica. No livro “Cariacica” de Ormi Leal Bezerra, o autor conta em detalhes a história da cidade.
Não conheci Ormi, que foi vereador de Cariacica e depois de Cachoeiro de Itapemirim, mas convivi por muitos anos com a professora Mirtes Leal Bezerra, que muito me contou.
Desde o século XVIII, documentos fazem menção a Cariacica como um lugar de importante produção agrícola.
Das terras cariaciquenses saía grande parte dos alimentos consumidos em Vitória, já capital naquela época. Mas foi somente em 1890 que Cariacica se tornou município independente, separando-se de Vitória/ES.
A história do povoamento de Cariacica se confunde um pouco com a de Viana. No final do século XVI e início do século XVII, os portugueses fizeram incursões pelo rio Jucu, partindo de Vila Velha e atingindo o atual território de Cariacica.
Assim, foram formando fazendas de cana-de-açúcar e implantando engenhos. As localidades de Ibiapaba e Maricará se destacam na produção de cachaça, até os dias de hoje.
Rodrigo Pereira é descendente de uma família tradicional na produção do aguardente e mantém o negócio da família com a histórica cachaça “Jóia”.
Na sua história, Cariacica era conhecida como a fazenda que abastecia a capital e as cidades vizinhas, principalmente nas regiões de Roças Velhas, Ibiapaba e Maricará.
Destacava-se a produção de cana-de-açúcar, abastecendo os engenhos. Lembro que, quando criança, onde hoje é o bairro Vila Merlo, havia uma grande plantação de algodão.
Por curiosidade, perguntei ao saudoso ex-combatente Jonas Rocha, que me confirmou que o algodão era enviado diretamente para as fábricas na Inglaterra.
A cidade sede e o município reúnem o urbano e o rural em plena harmonia e de forma sustentável. O centro urbano abriga grande área comercial e cerca de 96% da população.
A região rural se estende por uma ampla área do território – 54% do município – e é marcada pela diversidade natural, sendo o maior produtor de banana orgânica da América Latina.
No município também se destaca a produção de café, leite, hortaliças. Recentemente, deu um salto na produção de tilápia, através de um programa da a Secretaria Municipal de Agricultura, notadamente na gerência de pesca.
Importante frisar que o nome Cariacica é uma abreviação de Carijacica, palavra indígena que significa chegada do homem branco.
Digo isso pelo fato de ser comum as pessoas associarem o nome do município a pejorativos. Quando se busca o sentido do nome de nosso município, basta buscar por Carijacica.
Carnaval de Congo
O Carnaval de Congo de Máscaras de Roda D’Água, realizado no mês de abril, é uma manifestação da cultura afro-brasileira com grande influência indígena, que resiste ao tempo.
O Carnaval de Congo de Cariacica é um antigo gesto em homenagem à padroeira do Espírito Santo. Contam os descendentes que, no passado, diante da dificuldade de locomoção até o Convento da Penha, os moradores decidiram homenagear Nossa Senhora da Penha, saindo pelas ruas em procissões animadas por tambores de congo.
Com o passar dos anos, a festa cristã organizada pelos brancos misturou-se às raízes negras e indígenas, dando origem ao carnaval.
Conta-se ainda que os negros usavam máscaras para não serem reconhecidos por seus senhores, originando-se daí o uso de máscaras.
O Carnaval de Congo de Cariacica promove a integração entre as bandas de Congo do município e bandas convidadas. É uma importante festa popular, bem arraigada na comunidade, que atrai milhares de visitantes todos os anos.
“Quintal de Vitória”
A praça atual e a matriz, quase um século e meio depois.
Definitivamente, Cariacica deixou de ser o “fundo de quintal” da Grande Vitória, ao chegar aos seus 134 anos.
Antes, os governantes levavam para a terra do Moxuara apenas presídios, hospitais de hanseníase, casa de menores infratores, hospital psiquiátrico, lixões, dentre outros projetos que não cabiam na capital.
Hoje, com uma administração planejada e competente, Cariacica passou a ser um município empreendedor, gerando emprego e mão-de-obra qualificada.
134 anos
Completando 134 anos em de 30 de dezembro, um vereador teve a ideia de juntar as comemorações com a data do padroeiro do município.
O então vereador Antonio Ribeiro Bessa, quando presidiu o poder legislativo, cuidou de oficializar o que o povo já praticava, unindo a festa do município com a do padroeiro São João Batista.
Afinal, o nome freguesia de São João Batista, onde está localizada, também faz parte desta rica história.
Don Oleari Pesquisa
Cariacica se tornou município independente em 30 de dezembro de 1890, quando foi desmembrada definitivamente de Vitória. O governador do Estado do Espírito Santo era Constante Sodré.
A história do povoamento de Cariacica se confunde um pouco com a de Viana. No final do século XVI e início do século XVII, os portugueses fizeram incursões pelo Rio Jucu, partindo de Vila Velha/ES, e foram atingindo o atual território de Cariacica.
134 anos
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