Carnaval
DA REDAÇÃO DON OLEARI PN
COLUNA DIA A DIA
KLEBER GALVEAS
Em 1976, o príncipe Charles esteve no Brasil.
Circulou pelo país, falou sobre ecologia, nossas riquezas, belezas naturais e, encantado com a alegria e tranquilidade do nosso povo durante o Carnaval.
Arriscou alguns passos de samba com Pinah (Maria da Penha Ferreira), uma negra exuberante, de cabeça raspada, vestida com a fantasia que usou no desfile da escola de samba Beija-Flor.
Uma foto dos dois dançando foi publicada com destaque durante anos em jornais e revistas, tanto no Brasil quanto no exterior.
Esse momento com a bela Pinah pode ser visto na internet: https://globoplay.globo.com/v/955144/.
Todo o restante que o nobre inglês fez e falou no Brasil ficou em segundo plano e foi esquecido.
Naquela época, o significado da palavra “ecologia” era quase desconhecido por nós, e a violência era apenas um caso de polícia.
O príncipe, descontraído, caminhou pelas antigas ruelas estreitas e sinuosas da favela, sem segurança aparente, sendo festejado pelas crianças que o cercaram com carinho.
Ao final de sua visita ao Brasil, Charles derramou elogios sobre o país, destacando a convivência pacífica e a boa índole do povo.
No entanto, com todo o cuidado e elegância próprios de sua posição, não deixou de criticar a mídia nacional que, em entrevistas, insistia em abordar apenas aspectos negativos.
Não me recordo de suas palavras exatas, mas a mensagem foi clara: em um país tão interessante, com tantas coisas formidáveis acontecendo e um povo gentil e alegre, surpreendeu-o que o jornalismo local insistisse em ser tão severo e em destacar apenas os problemas nacionais.
Fatos desagradáveis acontecem durante o Carnaval. Neste ano, talvez tenham afetado diretamente 10 mil pessoas, em um universo de milhões que se divertiram intensamente.
O renascimento dos blocos de rua, a exuberância dos desfiles na Sapucaí – organizados com precisão em espaços próprios e tempos cronometrados – as performances impecáveis, os carros alegóricos, a energia das baterias, as fantasias deslumbrantes, as músicas que embalaram multidões, o amor no ar, os banhos à fantasia no mar ou no rio, em paisagens paradisíacas. Tudo isso fez parte da festa.
Ainda assim, o Carnaval de 2018 ficou marcado pela violência. Uma mulher assaltada no Leblon foi destaque na mídia, repetido incessantemente, muito mais do que os foliões alegres e criativos que tomaram as ruas do país com seus blocos e batucadas.
Afinal, a violência é um “prato” apimentado que nos é servido diariamente.
Não sei se extrapolou durante o Carnaval, mas assumiu o protagonismo na mídia. Acredito que, se a polícia tratar desses casos com rigor e eficiência, a luz da arte e da alegria retomará seu espaço no noticiário, iluminando a festa.
O sentimento de felicidade dos milhões que brincam em paz será ainda mais completo.
Não se trata de minimizar a gravidade da violência, mas sim de dar a ela o devido tratamento policial e o espaço adequado na mídia.
Para a alegria, devemos abrir as portas dos nossos corações e mentes, ainda que a propaganda negativa tente nos conduzir ao contrário. Não se reprima.
Carnaval
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