Manoel Goes | Espírito Santo Italiano: 150 anos

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“A primeira expedição de italianos para o Espírito Santo foi batizada com o sobrenome do seu idealizador, Pietro Tabacchi.

De acordo com o sociólogo Renzo M. Grosselli, no livro “Colônias Imperiais na Terra do Café”, da Coleção Canaã do APEES, Tabacchi era um italiano oriundo de Trento.

goes-capa-do-livro-grosselli.jpg 17 de fevereiro de 2024 26 KBEle já se encontrava no Espírito Santo desde o início da década de 1850, onde adquiriu uma fazenda no município de Santa Cruz, atual Aracruz.

Ao observar o interesse do Brasil pela mão de obra europeia ele decidiu oferecer terras para os imigrantes em troca do direito de derrubar 3,5 mil jacarandás para exportação.

Após um longo período de negociação, o Ministério da Agricultura autorizou a Província a firmar contrato com Tabacchi, que, por sua vez, enviou emissários ao Trentino (Tirol Italiano), à época sob o domínio austríaco.

O objetivo era capitanear famílias daquela região e do Vêneto (***). Assim, no dia 3 de janeiro, às 15 horas, partia do porto de Gênova o “La Sofia”.

(***) Conforme registro  da matéria que publicamos ontem, assinada por José Coco Fontan e Alda Maria Pessotti, os avós de Fontan vieram do Vêneto.

José Coco Fontan & Alda Maria Pessotti | Imigração Italiana: Os 150 anos dos italianos no Espírito Santo e no Brasil – https://donoleari.com.br/imigracao-italiana/

A chegada ao Espírito Santo ocorreu no dia 17 de fevereiro e o desembarque se prolongou até 27 do mesmo mês. Em 1 de março começou a viagem até o porto de Santa Cruz, em direção à propriedade de Tabacchi.

Foi a primeira expedição em massa de camponeses da Itália para o Espírito Santo e daria início à epopeia imigratória dos italianos para o Brasil.

Porém, os colonos logo perceberam que foram enganados pelas falsas promessas de Tabacchi. Não havia terras preparadas e a situação nos alojamentos era caótica.

Esses fatos, somados a uma difícil travessia pelo Atlântico, foram ingredientes que culminaram na primeira revolta. O descontentamento era grande e a rebelião só foi contida pela ação da força policial.

Por outro lado, os imigrantes obtiveram informações sobre as colônias oficiais, nas quais teriam melhores condições de trabalho e a oportunidade de serem donos dos seus lotes”, registra o Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – APEES.

O “Dia Nacional do Imigrante Italiano” é comemorado em 21 de fevereiro (***), em referência à chegada em 1874 da Expedição de Pietro Tabacchi ao Espírito Santo, que inaugura a imigração em massa de italianos para o Brasil.

(***) O Dia do Imigrante foi criado pelo Senador Gerson Camata, autor da Lei Federal 11.687, de 2 de junho de 2008. 

Ao todo, foram 388 camponeses – trentinos e vênetos – que embarcaram no navio à vela “La Sofia” e chegaram ao porto de Santa Cruz em busca de oportunidades, trabalhos e vivências.

Para celebrar a data temos uma ampla programação, uma grande missa na Catedral Metropolitana de Vitória, na Cidade Alta, com atividades culturais que envolvem músicas, danças, religiosidade e comidas típicas.

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rosa maria maioli, da comunitá, giuliano nader e cilmar franceschetto

Uma demonstração da importância da imigração na história e desenvolvimento do nosso Espírito Santo, divulgando assim nossa rica cultura para todo o país e para o mundo.

 arquivo-publico-do-es.jpg 17 de fevereiro de 2024 14 KBSão eventos realizados pela Associação Federativa Italiana do Espírito Santo (Comunità), cuja presidente é Rosa Maioli, e do Arquivo Público do Espírito Santo (APEES), cujo diretor geral é o ativista das causas italianas no ES Cilmar Francischetto, com a colaboração de diferentes entidades.

Recomendo a leitura do excelente livro, um documento histórico, “Imigração – A moderna ocupação e povoamento do Brasil e do Espírito Santo”, do mestre historiador Gabriel Bittencourt

 goes-capa-do-livro-do-zettiry.jpg 17 de fevereiro de 2024 32 KBE também o livro relato histórico “Viagem às colônias italianas do Espirito Santo”, de Arrigo De Zettiry, tradução de Nerina Bortoluzzi Herzog, edição APEES.

Nesse livro, o autor relata em detalhes a visita do exigente e sério Comissário da Emigração, Dr. Arrigo de Zettiry, que em 1902 visitou núcleos de colonização e antigas fazendas escravocratas onde se encontravam famílias italianas.

No seu relatório final ele revelou a situação dos italianos e seus descendentes no interior do Espirito Santo, após o quarto de século do início da colonização.

Sua vinda ao ES se deveu ao boato que corria na Itália e que chegou ao governo de que muitos dos italianos que haviam imigrado – desde 1874 até o fim daquele século XIX – estavam passando por sérias dificuldades financeiras e que não cumpriam com o acordo feito com as autoridades italianas.

É inestimável a contribuição dessas obras, que agregam muito valor à historicidade dos colonos italianos e dos seus descendentes.

Manoel Goes Neto – produtor cultural, diretor no IHGES, escritor

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham