Imigração Italiana
Os “oriundi” de Aracruz e de João Neiva descem para a festa de navio, revivendo a história dos ancestrais imigrantes que chegavam de navio e eram desembarcados em Benevente, Vitória, entroutras regiões da antiga colônia.
NEC = Nota do Editor Chefão, Don Oleari, um neto de italianos da Emilia Romagna e de negros de Condeúba, na Bahia. Apelando um tiquim para o humor, ia começar dizendo quinenqui alguns fazem na maior cara de pau: – “eu não tenho palavras para…”
Ora, ora, minha senhora, se não tem palavras, caramba, mió calar a boca, nememo? Não é o caso, neste momento. Tenho um milhão de palavras de agradecimento ao meu irmão mais novo José Coco Fontan por ter aceito a intimação pra escrever um textim sobre os festejos da imigração.
Fontan é autor de vários livros, um micro-historiador que tem resgatado muitos elementos da história da Região Serrana, desde a Estrada do Rubim e da Trilha Imperial. Falo mais sobre ele na coluna que vai estrear no Don Oleari Portal de Notícias nestes dias.
Outro milhão de palavras são pra agradecer à nossa colaboradora Alda Maria Pessoti por ter sido a primeira a dizer há vários dias: “seu jornal tem que fazer alguma coisa sobre a imigração italiana, afinal um fato de extrema relevância histórica”. Devemos aos dois o excelente material que entregamos ao nosso leitorado (Don Oleari).
Italianos, 150 anos de Espírito Santo e de Brasil
José Coco Fontan & Alda Maria Pessotti
Neste sábado, 17 de fevereiro de 2024, o Brasil, em especial o Espírito Santo, comemoram festivamente a chegada dos primeiros imigrantes italianos. Dia 21 próximo, quarta-feira, é o “Dia Nacional do Imigrante Italiano”, uma referência à Expedição Trabacchi de 1874.
Foram 388 desembarcados do navio La Sofia pela expedição Pietro Trabacchi, conforme contrato celebrado com o Ministério dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Brasil.
Fixados na região de Santa Teresa, deram início à profícua presença no território do Espírito Santo. Sucessivamente, outras levas de imigrantes italianos foram assentadas noutras regiões do estado e do país.
Especificamente no Espírito Santo essa presença se irradiou pelas cercanias de Santa Teresa, mas também, com densidade populacional, pela região dos chamados “territórios” de Alfredo Chaves, Guarapari, Rio Novo do Sul, Iconha, e demais municípios já do centro sul.
O desenvolvimento da economia estadual foi alavancado pela cafeicultura, e nessa atividade sobressaiu a mão de obra do imigrante italiano.
À época, fins do século XIX e primeiras décadas do século XX, a região hoje conhecida como “das montanhas capixabas” era inóspita, desabitada, sem destaque socioeconômico.
Porém, com a conclusão e com base na Planta Geral do Núcleo Costa Pereira, levada a termo em 1890 pelo agrimensor Dr. Túlio de Alencar Araripe, foi possível ao governo provincial projetar as primeiras políticas públicas para efetivamente ocupar e desenvolver essa região.
Esse momento coincide com a chegada dos italianos migrando dos “territórios” e do vale do Rio Itapemirim para os atuais municípios de Marechal Floriano, Distrito de Aracê (Domingos Martins), Venda Nova do Imigrante, Conceição do Castelo, Afonso Cláudio, Brejetuba, Castelo, Muniz Freire e adjacentes.
É meritória a celebração festiva e cívica do 150° aniversário da chegada dos primeiros imigrantes.
Mesmo porque, na raiz da formação da população do hoje Estado do Espírito Santo, a miscigenação registra 60% com a descendência italiana e na retrospectiva do “italiano” no Brasil, com louvor, temos sua edificante contribuição à economia, à cultura e à formação também do povo brasileiro.
Nós, os descendentes, orgulhosamente brasileiríssimos, devemos nos curvar em respeito à memória desses antepassados, familiares ou não.
Curvarmo-nos diante da coragem, do sangue, suor e lágrimas dedicados por eles no limiar dessa história.
Mérica, Mérica, Mérica…(José Coco Fontan).
Aí estão minha avó paterna, Elvira Tose, viúva de Ernesto Fontan, e o casal Matheus Cocco e Maria Fiorese, meus avós maternos.
Os “oriundi” de Aracruz e
João Neiva descem para a
festança deste sábado, 17, de navio
Eles embarcam em navios maiores, seguidos de outros menores, e vão para o Porto de Vitória. Ancoram mais ou menos em frente ao Palácio Anchieta. Desembarcados, eles sobem pela Escadaria Bárbara Lindenbergh, a que dá acesso ao Anchieta, e seguem para a Catedral Metropolitana para acompanhar a grande missa.
A história registra que os navios que traziam os italianos ficavam em alto mar. No século 19 não existiam portos, era tudo altamente precário.
O de Santos, para citar um grande porto, não existia. Foi muito posterior o Porto de Santos, depois de 1880. Vitória já era capital.
Os imigrantes eram desembarcados através de embarcações menores e levados para a Aduana, que era Imperial. Eles eram transportados pelos navios de cabotagem que vinham do Rio de Janeiro e passavam por Benevente, Vitória, Santa Cruz, São Mateus, no nosso território, e iam até Caravelas, na Bahia.
Conduziam italianos e mercadorias nesse longo trajeto e voltavam com mercadorias da Bahia, fazendo o caminho de volta para o Rio de Janeiro.
Esses registros estão todos no Arquivo Público do Espírito Santo. Eu os pesquisei pacientemente e digo aos que se interessam por essa nossa rica história que tudo está disponível no nosso Arquivo Público. Vale a pena conhecer mais.
Quando meu bisavô Giuseppe Pessot chegou em 23 de setembro de 1877, havia uma epidemia de varíola em Vitória. Ele morou sempre em Demétrio Ribeiro, João Neiva.
Giuseppe teve dez filhos homens, dos quais seis foram para a região de Guaraná, Aracruz.
Aqui, uma foto dele das Bodas de Ouro com Maria Polese. A família Polese é única no ES, de Barra do Triunfo, João Neiva. Faleceram os dois com 85 anos
Meu bisavô Giuseppe conheceu Maria Polese no navio, vindo para o Brasil. Ele com 21 e ela com 20 anos.
Pessot é família única e Polese também é família única no ES. Todos os Pessotti descendem de Giuseppe Pessot. E todos os Polese descendem de Francesco Polese (Alda Luzia Pessotti).
Imigração Italiana
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