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Política | “De pai para filho: homens e herdeiros políticos são maioria no Senado”

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COLUNA PANO DE FUNDO | Política | bastidores

Don Oleari com Lucas Pordeus León – Agência Brasil – https://agenciabrasil.ebc.com.br/

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Desde a redemocratização, 2 em cada 3 senadores eleitos tiveram familiares em cargos políticos.

A velha Casa política completou 200 anos no dia 25 de março passado.

O Senado Federal completou 200 anos dia 25 de março passado, com predominância de parlamentares homens e herdeiros políticos. Desde a redemocratização até a última eleição, cerca de dois em cada três senadores eleitos vieram de famílias políticas.

Além disso, nove de cada dez eleitos são homens. Apenas quatro mulheres negras foram eleitas para o Senado entre 1986 e 2022.

Dos 407 mandatos disputados nesse período, 274 deles, o equivalente a 67% dos cargos, foram ocupados por pessoas com vínculos familiares com políticos já eleitos.

Com isso, os senadores acabam herdando o capital político da família e se elegem apoiados pelo sobrenome. Esse levantamento é parte da pesquisa do cientista político Robson Carvalho, doutorando da Universidade de Brasília (UnB).

“A condução das instituições públicas é tratada como se fossem capitanias hereditárias, distribuídas e loteadas para quem apoia aqueles grupos político-familiares e também tratam os gabinetes como se fossem a cozinha de suas casas”, destacou.

Além disso, das 407 vagas disputadas, 363 foram ocupadas por homens, o que representa 89% dos mandatos disputados nas urnas.

Apenas 44 vagas foram ocupadas por mulheres. Já as mulheres negras foram apenas quatro: Marina Silva, eleita duas vezes pelo PT do Acre, Benedita da Silva (PT-RJ), Eliziane Gama (PSD-MA) e Fátima Cleide (PT/RO).

Para Robson Carvalho, a pesquisa mostra que o Senado é majoritariamente ocupado por famílias poderosas. “Parecem suceder a si mesmas, como numa monarquia, onde o poder é transmitido por hereditariedade e consanguinidade”.

Segundo o analista, isso traz prejuízos à representação democrática do povo brasileiro.

“Grupos que lá também poderiam estar representados: mulheres, negros, quilombolas, indígenas, indivíduos de origem popular, de movimentos sociais, dentre outros. Isto ocorre em detrimento do acesso, quase que exclusivo, de homens brancos, empresários, originários de estratos superiores da pirâmide econômico-social e de famílias políticas”, afirma o artigo.

Segundo o cientista político Robson Carvalho, o fenômeno do familismo “está presente nos mais diversos partidos de todos o espectro político, da direita à esquerda”, mas nem por isso deve ser naturalizado.

Entre os políticos que estiveram no Senado entre 1986 e 2022 com ajuda da herança política estão Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro; Lobão Filho (MDB-MA), filho do ex-senador Edison Lobão.

Também estão na lista Renan Filho (MDB-AL), filho do atual senador Renan Calheiros; Ronaldo Caiado (União-GO), neto de Antônio Totó Ramos Caiado, ex-senador por Goiás na década de 1920; e Rogério Marinho (PL-RN), neto do ex-deputado federal Djalma Marinho.

Outros parlamentares que entraram Senado no período e são de famílias de políticos eleitos são Flávio Dino (PSB-MA), Roberto Requião (MDB-PR), Flávio Arns (PSB-PR), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

Romeu Tuma (PL-SP), Espiridião Amim (PP-SC), Jorginho Mello (PL-SC), Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), Otto Alencar (PSD-BA) e Davi Alcolumbre (União-AP) também são herdeiros.

Todas as regiões

A pesquisa destaca que a herança política é uma realidade de todos os estados e de todas as regiões do país. “Não é uma característica só do Nordeste, como muita gente acha, ligada ao coronelismo lá na região”, destacou o doutorando.

No estado de São Paulo, por exemplo, dos 15 mandatos disputados para o Senado entre 1986 até 2022, nove foram de pessoas identificadas como de famílias-políticas. Mesmo número do Rio de Janeiro, o que representa 60% do total de mandatos disputados na urna.

No Paraná, 13 dos 15 senadores eleitos no período são de famílias políticas. O Rio Grande do Sul tem o menor percentual de eleitos com ajuda do capital político da família.

Apenas 4 dos 15 mandatos foram ocupados com a ajuda da herança política das famílias no estado gaúcho, o que representa 26% do total. Dois estados aparecem com 100% de eleitos com vínculos político-familiares: Paraíba e Piauí.

Robson Carvalho destacou ainda que o fato de nascer em famílias com grande capital político já constitui uma vantagem, “tendo em vista a herança simbólica, o acesso a diversos capitais, construídos desde a infância, no espaço em que o agente se encontra posicionado”.

Mulheres

Outro recorte da pesquisa é o de gênero, que mostra que o Senado foi, e ainda é, dominado por homens, que ocuparam 89% dos cargos disputados entre 1986 e 2022.

Os estados do Amapá e Piauí, por exemplo, nunca elegeram uma senadora.

Quem mais elegeu mulheres foram Mato Grosso do Sul (MS), com quatro mandatos: Marisa Serrano (PSDB), Simone Tebet (MDB), Tereza Cristina (PP) e Soraya Thronicke (Podemos), sendo que apenas a última não possui vínculos político-familiares, de acordo com a pesquisa.

Os estados de Sergipe (SE) e do Rio Grande do Norte (RN) elegeram mulheres três vezes. No caso de Sergipe, foram três vezes a mesma mulher: Maria do Carmo Alves (DEM), marcada pela presença de capital político-familiar.

O Rio Grande do Norte elegeu três mulheres, duas com capital político-familiar, Rosalba Ciarlini (DEM) e Zenaide Maia (PROS) “respectivamente membro de longevas e entrelaçadas famílias políticas (Rosado e Maia) e Fátima Bezerra do PT, professora, de origem popular e sem conexões com famílias políticas”.

“Considerando os dados por região, o Nordeste elegeu mais mulheres por mandato, chegando a 13, seguido das regiões: Norte, com 12; Centro-Oeste, com 10; Sudeste com 5; e, por último, a região Sul, elegendo apenas quatro mulheres”, acrescenta o estudo.

Robson Carvalho conclui que essa realidade enfraquece a democracia brasileira.

“Como é possível pensar em República sem representação de negros e mulheres que são a maioria da população, de índios que são os povos originários da nação e de cidadãos de origem popular que são a grande maioria dos brasileiros?”, questiona.

 

“De pai para filho: homens e herdeiros políticos são maioria no Senado”

Predominância de herdeiros políticos e homens no Senado:

  • 9 em cada 10 senadores são homens.
  • Apenas 4 mulheres negras foram eleitas para o Senado entre 1986 e 2022.

Consequências da herança política:

  • Desigualdade na representação: Grupos como mulheres, negros, indígenas e pessoas de origem popular são sub-representados.
  • Falta de pluralidade: O Senado se torna menos democrático e menos conectado com a realidade da população brasileira.
  • Concentração de poder: Famílias políticas poderosas perpetuam sua influência, em detrimento da renovação política.

Exemplos de herança política:

  • Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho de Jair Bolsonaro.
  • Lobão Filho (MDB-MA), filho de Edison Lobão.
  • Renan Filho (MDB-AL), filho de Renan Calheiros.

Herança política em todo o país:

  • Fenômeno presente em todos os estados e regiões.
  • Estados com maior herança política: Paraíba e Piauí (100% dos senadores).
  • Estado com menor herança política: Rio Grande do Sul (26% dos senadores).

Mulheres no Senado:

  • Sub-representação: Mulheres ocupam apenas 11% dos cargos.
  • Estados com mais mulheres eleitas: Mato Grosso do Sul (4) e Sergipe (3).
  • Falta de representatividade: Apenas uma das mulheres eleitas no Rio Grande do Norte não tem vínculos familiares com políticos.

Conclusão:

  • Herança política e falta de representatividade de mulheres e minorias enfraquecem a democracia brasileira.
  • É necessário buscar maior representatividade e igualdade de oportunidades na política brasileira.

Informações adicionais:

  • O estudo foi realizado pelo cientista político Robson Carvalho, doutorando da Universidade de Brasília (UnB).
  • Os dados analisados abrangem o período entre 1986 e 2022.

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Edição, Don Oleari – [email protected] | https://twitter.com/donoleari

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Com Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil – Brasília

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
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