O esvaziamento de uma esperança: Lula, PT e o futuro da política brasileira

Compartilhe:

Esvaziamento de uma Esperança

Esvaziamento de uma Esperança

Esvaziamento de uma Esperança, decepção com Lula e o PT 

COLUNA PANO DE FUNDO |

edilson-lucas-do-amaral-coluna-pdo-1-300x159-1-1-1-1-esta-e-que-vale-1.jpeg 27 de setembro de 2023 9 KB
edilson lucas do amaral

POLÍTICA \ BASTIDORES

Edilson Lucas do Amaral

Em 2024, quase vinte anos após sua morte, as palavras de Leonel Brizola ainda ressoam com uma atualidade quase desconcertante.

Em seus últimos escritos, o líder gaúcho expressou uma profunda decepção com Luiz Inácio Lula da Silva, o operário que se tornara presidente.

Naquela época, Brizola já percebia o que muitos viam como uma acomodação de Lula frente aos mecanismos de poder que, historicamente, oprimem as classes populares.

O que Brizola talvez jamais imaginasse era que, duas décadas depois, Lula ainda estaria à frente do país, navegando pelas mesmas águas turvas de um sistema que ele, um dia, prometera transformar.

O texto de Brizola – veja aí num print – era um retrato claro da desilusão. Ele havia apoiado Lula em sua primeira candidatura vitoriosa, conduzindo uma transferência de votos no Rio de Janeiro jamais vista, oferecendo-lhe um apoio absoluto e inquestionável.

 

exto-de-brizola.jpg 12 de novembro de 2024 111 KB

Naquele momento, Brizola acreditava na esperança que Lula representava: uma promessa de mudança radical, um sopro de renovação em uma estrutura econômica e política asfixiante.

Mas, como Brizola apontava, Lula “não teve valentia”. Em vez de confrontar o sistema, Lula se acomodou, aceitando os limites impostos pelos grupos dominantes, tanto nacionais quanto internacionais.

O que vemos hoje é, em grande medida, o produto dessa escolha. Lula e o PT, que emergiram das lutas populares e das margens da sociedade, tornaram-se parte do status quo, jogando o jogo de poder que um dia prometeram desafiar.

A alternância entre uma política econômica de “torneira aberta” e outra de “torneira fechada” marcou os governos petistas e consolidou um ciclo que, até hoje, parece difícil de romper. Para muitos, essa adaptação representou a sobrevivência política do partido; para outros, foi a traição de uma esperança.

É nesse contexto que emergem figuras como Jair Bolsonaro e o movimento conservador que ele capitaneou. Muitos analistas e cidadãos reconhecem, ainda que a contragosto, que a onda conservadora que varreu o Brasil nos últimos anos é, em parte, uma reação à decepção com o próprio PT.

Quando a promessa de transformação deu lugar ao pragmatismo, abriu-se espaço para uma divisão profunda na sociedade brasileira — uma divisão que não é apenas política, mas também cultural e moral, refletindo em comportamentos, ideologias e valores que polarizam o país até hoje.

Talvez a maior contribuição de Lula e do PT para a história política brasileira seja justamente esta: a criação de um ambiente de disputa ideológica intensa, que expôs as fraturas da sociedade.

Essa divisão, antes latente, tornou-se visível e pública, criando um cenário no qual a democracia brasileira pode, finalmente, se confrontar com suas próprias contradições e fragilidades. Entre esperanças desfeitas e novas alianças, o que permanece é a incerteza sobre o futuro e o questionamento sobre se essa divisão pode, enfim, levar à verdadeira transformação estrutural que o país tanto almeja.

Hoje, o Brasil se encontra em um ponto de inflexão, confrontado com suas próprias escolhas, divisões e expectativas. No entanto, resta saber se, no final, essa disputa política, econômica e ética nos conduzirá à tão sonhada mudança ou se permaneceremos presos em um ciclo onde as esperanças são periodicamente renovadas, apenas para serem novamente adiadas.

Esvaziamento de uma Esperança

Edição, Don Oleari – [email protected] | https://twitter.com/donoleari

http://www.facebook.com/oswaldo.oleariouoleare

Cariacica | Trinta e um bairros recebem o fumacê desta segunda até quinta-feira

Sportotal | Botafogo vacila, Vasco despenca e Fluminense flerta com Série B

Museu de Arte do Espírito Santo apresenta a exposição itinerante ‘Favela é Giro’

Sportotal | Flamengo é campeão da Copa do Brasil | Gabigol vai embora: vai fazer gols pelo Cruzeiro no Fla

Siga nossas redes:

Compartilhe:

Picture of Don Oleari - Editor Chefão

Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham