Técnica cirúrgica que remove tumores em estágio inicial foi conduzida em parceria com IBCC Oncologia – São Camilo
A fertilidade pode ser comprometida devido aos procedimentos e tratamentos que essas pacientes são submetidas durante o tratamento da neoplasia. O mês de maio, mês das Mães desperta em algumas mulheres o desejo ou sonho de engravidar. Esse sonho pode ser mais difícil para aquelas diagnosticadas com câncer de colo de útero.
Mas uma pesquisa clínica proposta pela Universidade do Texas – MD Anderson Cancer Center, que contou com a participação de pacientes do IBCC Oncologia – São Camilo – no Brasil, mostrou, por meio do estudo ConCerv, que é possível aumentar as chances de gestação e preservar a fertilidade nessas mulheres.
Fertilidade
A pesquisa avalia a segurança e viabilidade da cirurgia conservadora e os resultados desse estudo, publicado em um dos mais importantes periódicos científicos da área, International Journal of Gynecological Cancer, constatou que essa técnica segura e viável pode preservar a fertilidade de mulheres com estágio inicial e baixo risco de câncer do colo do útero.
“Esse estudo, pioneiro no mundo, tem como proposta realizar uma cirurgia menos radical que o tratamento atual, que, além da infertilidade, também pode causar disfunção urinária, sexual e complicações próprias da cirurgia”, destaca o médico do departamento de ginecologia do IBCC Oncologia – São Camilo, Dr. André Lopes.
De acordo com o Dr. André Lopes, quando a mulher é diagnosticada com câncer de colo do útero em fase inicial, o tratamento habitual para preservação da fertilidade é uma cirurgia com probabilidade de gravidez entre 20% e 50%, além de um risco de perda fetal e parto pré-termo.
O especialista, que também é um dos investigadores da Pesquisa Clínica do IBCC Oncologia – São Camilo, afirma que o projeto recrutou 100 mulheres com diagnóstico em estágio inicial de câncer restrito ao colo do útero (tumores de até 2 cm). Ele explica que as participantes realizaram uma cirurgia de conização, com preservação do útero.
“O procedimento consiste na remoção dos tumores em formato de cone, sem a necessidade de retirar o órgão.”
Para a paciente Candy Maria Garcia, 38 anos, o sonho de ser mãe só foi possível graças ao estudo. Ela foi diagnosticada com o tumor há cinco anos, em um exame de rotina. Apta a participar da pesquisa, realizou a cirurgia e foi acompanhada de perto pelos especialistas envolvidos.
“Saber que seria um procedimento menos agressivo e que conservaria meu útero, pronto para receber um bebê, parecia um sonho diante de um pesadelo”, lembra. Candy teve sua primeira filha em fevereiro de 2021, dois anos após a realização da cirurgia.
“Sempre agradeço a Deus por ter me colocado no lugar certo, na hora certa, e por ter colocado os médicos do IBCC Oncologia – São Camilo em meu caminho, sem isso eu não estaria com meu milagre em meus braços hoje”, conta.
Para o médico, estudos clínicos como este reforçam a importância da pesquisa para o futuro da medicina em prol do bem-estar da humanidade.
“Investir na ciência, em busca do constante aprimoramento das técnicas e procedimentos médicos, é parte fundamental para nossa evolução, cujo resultado é a melhoria da qualidade de vida”, ressalta.
No Brasil, cerca de 51 mil mulheres terão câncer de colo de útero até 2026, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), sendo que 90% dos casos podem ser prevenidos com a vacina nonavalente do HPV. O Brasil terminou o ano passado sem cumprir a meta de vacinar 80% do público entre nove e 14 anos contra o papilomavírus humano (HPV).
“Acredito que eu tenha sido um instrumento para participar deste estudo e possibilitar que muitas outras mulheres se sintam mais acolhidas e fiquem menos angustiadas ao descobrir o diagnóstico do câncer. Apesar da notícia tirar o nosso chão, existem profissionais sempre em busca de meios para que nosso sonho de ser mãe não seja tirado de nós”, finaliza Candy.
Como participar de um estudo clínico?
Para fazer parte de uma pesquisa, não é necessário ser paciente da instituição, basta que se enquadre nos critérios estabelecidos pelo Centro de Pesquisa Clínica do IBCC Oncologia – São Camilo.
Os interessados devem encaminhar o relatório médico e os exames que comprovam seu diagnóstico para o e-mail [email protected]. Caso o paciente esteja apto a receber o tratamento com segurança, a equipe de recrutamento entrará em contato, agendando uma consulta, onde será feita a orientação e o encaminhamento para o estudo clínico proposto.
Vale frisar que, durante todo o estudo, o paciente receberá acompanhamento assíduo, sempre alinhado ao tratamento padrão, não oferecendo, portanto, quaisquer prejuízos à sua saúde.
O IBCC Oncologia – São Camilo
Fundado em 1968, o IBCC Oncologia – São Camilo é conhecido por ser um Centro de Tratamento Oncológico de alta complexidade e possuir um Centro de Pesquisa Clínica renomado. É pioneiro no combate ao câncer de mama e ginecológico e trouxe o primeiro mamógrafo para o Brasil em 1971.
Durante a década de 70 e 80, atuou com o maior programa de prevenção do câncer do colo uterino e de mama já realizado por uma instituição, com atendimento a mais de 2 milhões de pessoas, tendo trazido o primeiro mamógrafo para o Brasil, em 1971. Foi considerado pela Secretaria de Saúde do Estado de SP o melhor hospital em atendimento humanizado e classificado entre os 10 melhores hospitais do estado, assim como, entre os anos de 2004 a 2007, recebeu, consecutivamente, o Troféu “Hospital Best” na categoria Instituição Filantrópica e desde 1995 o IBCC é detentor da Campanha “O Câncer de Mama no Alvo da Moda”.
Edição, Don Oleari