Joe Biden ou Donald Trump?
O jornalista, professor, pesquisador Alexandre Caetano pega o embalo da condenação do atual candidato Donald Trump para expor seu desânimo. Para ele, Trump e Biden são um mal maior para a humanidade.
ARTIGO | Internacional
Alexandre Caetano
As ações de Joe Biden e dos Democratas na Casa Branca, como legítimos representantes do establishment imperialista, mostram que a ideia de que eles poderiam ser um “mal menor” em comparação com o republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA de 2018 não passou de balela.
Basta fazer um balanço do governo Biden e compará-lo com a gestão de seu ruidoso e polêmico antecessor na Casa Branca para ver que a diferença entre eles é que Trump foi menos intervencionista que Biden. Isso, contudo, não significa que ele seria uma opção melhor.
Donald Trump ressuscitou, em parte, o isolacionismo dos EUA em questões de geopolítica internacional, uma postura que marcou o imperialismo estadunidense até a Segunda Guerra Mundial e que impediu o país de se filiar à antiga Liga das Nações, embora sua criação tenha sido proposta pelo então presidente dos EUA, o democrata Woodrow Wilson, após a Primeira Guerra Mundial.
Ao contrário de Biden e os democratas, durante seu governo, Trump passou a exigir dos seus aliados mais do que simples apoio às ações intervencionistas patrocinadas pelo imperialismo estadunidense.
Ele exigiu que eles também arcassem com os custos econômicos e financeiros dessas intervenções, algo que nem todos estavam dispostos a fazer, pois contrariava seus próprios interesses e tinha um alto risco político junto à opinião pública interna, especialmente nos países europeus imperialistas (Grã-Bretanha, Alemanha, França e Itália).
Os democratas podem até ser mais sensíveis às bandeiras identitárias, de natureza politicamente liberal, e a gastos sociais bancados pelo Estado, numa abordagem remotamente neokeynesiana.
Porém, o governo Biden não tomou iniciativas ousadas nesse campo, como fez Barack Obama com seu programa de assistência médica.
No que se refere aos interesses da indústria armamentista e da guerra, Biden foi ainda mais intervencionista do que se esperava: envolveu a Europa e o mundo ocidental numa sangrenta guerra na Ucrânia para aumentar a influência da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que, em tese, nem deveria mais existir.
Na Palestina, Biden financiou com entusiasmo e presteza ainda maiores que Trump — que chegou a reconhecer Jerusalém como capital de Israel, contrariando todas as resoluções da ONU desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967 — a carnificina em curso na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada.
É irônico pensar que, no início da década de 1980, o republicano ultradireitista Reagan agiu firmemente para conter os impulsos genocidas do governo israelense do primeiro-ministro Menachem Begin, do mesmo partido de extrema-direita de Benjamin Netanyahu (Likud), após os massacres de Sabra e Chatila, campos de refugiados palestinos no Líbano, agravados por um atentado com carro-bomba que matou centenas de soldados estadunidenses em Beirute.
Enquanto isso, Joe Biden continua despejando bilhões de dólares em ajuda militar e usando a própria máquina de guerra dos EUA para patrocinar o genocídio nos territórios palestinos ordenado por Netanyahu, ao mesmo tempo em que faz cínicos apelos pela preservação das vidas de civis na Palestina.
Biden não alterou em nada o bloqueio econômico cruel e criminoso de mais de seis décadas contra Cuba, nem reverteu medidas adotadas por Trump, que representaram um retrocesso às pequenas concessões feitas por Barack Obama. Pelo contrário, Biden agravou ainda mais as restrições, causando sérios prejuízos ao povo cubano, especialmente durante a pandemia de Covid, devido à falta de produtos básicos, como seringas.
Em relação à China, principal preocupação dos EUA na disputa por hegemonia econômica, Biden conseguiu ser ainda mais belicoso e militarista do que Trump.
Desde o início de seu governo, os democratas vêm aumentando as tensões na região, revertendo a política pseudopacifista do Japão desde o fim da ocupação militar dos EUA (1945-1952), fazendo com que o país se tornasse um dos maiores compradores de armas dos EUA.
As ações militaristas se estenderam para Taiwan e Coreia do Sul, mas a cereja do bolo foi o tratado militar firmado pelos EUA com Austrália, Nova Zelândia e Japão, com o objetivo claro de cercar militarmente a China e criar mais um front para pressionar o regime de Vladimir Putin, que ressuscitou o pan-eslavismo e a política expansionista da antiga Rússia czarista.
As pressões e provocações militares contra o Irã também continuaram, embora a carnificina atual promovida por Israel nos territórios ocupados na Palestina tenha exposto todo o cinismo das pressões estadunidenses sobre a suposta ameaça representada pelo Irã ter se aproximado da capacidade de dispor de um arsenal atômico, sem aceitar a fiscalização de suas instalações nucleares por agências internacionais.
Afinal, Israel possui reconhecidamente pelo menos 50 ogivas nucleares, sem nunca ter permitido acesso desses mesmos organismos internacionais cuja fiscalização é exigida ao Irã. E é Israel, não o Irã, que frequentemente viola a Carta das Nações Unidas e tratados internacionais, realizando ataques militares e atentados terroristas patrocinados pelo Mossad, como no ataque contra a embaixada iraniana em Damasco, na Síria.
Para quem, na década de 1980, violou o espaço aéreo de três países para destruir uma usina nuclear no Iraque, uma agressão a um país soberano sem declaração de guerra, isso não é nada. Falar em “direito de defesa” de quem invadiu o Líbano com tropas militares também ignorando todas as convenções internacionais sobre a declaração de guerra entre nações soberanas é repugnante.
O governo de Biden conseguiu acelerar o relógio do apocalipse nuclear. Nomear negros, filhos de imigrantes mexicanos e porto-riquenhos, mulheres e homossexuais para cargos no governo, e fazer os EUA voltarem a ocupar um lugar central nos organismos internacionais não tornou o mundo melhor nem menos perigoso.
Pelo contrário, desde o início, o governo Biden só fez aumentar as tensões, assumindo o já desgastado papel de polícia do mundo, que não convence nem a opinião pública dos EUA. Tanto é verdade que, mesmo ameaçado de condenações judiciais e com acusações que desmoralizariam qualquer candidato, Donald Trump está mais próximo da Casa Branca do que Joe Biden (Alexandre Caetano).
Joe Biden ou Donald Trump?
Edição, Don Oleari – [email protected] | https://twitter.com/donoleari
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