Renato Fischer | De política e xoxota

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Pensando, pensando, pensando!

ARTIGO |

renato-fischer-a-da-assinatura.jpg 16 de novembro de 2023 40 KB
renato fischer

Renato Fischer

De manhã, na minha rotina quase que rotineira, peguei minha magrela e fui pedalar até a feira livre de Jardim da Penha.

Apinhada de políticos e pretensos políticos, cabos eleitorais, farta distribuição de “santinhos”, até uma fanfarra apareceu.

A feira livre de Jardim da Penha, pra mim, é uma volta feliz ao passado. Vivi naquele bairro durante todo o tempo de faculdade e mais um pouco.

Boas lembranças dos beijos na boca, do fervor de uma época em que eu não tinha sono. Das corridas de submarino na Praia do Iate Clube, que elegemos como local de namoro, dando origem ao nome da Praia dos Namorados e, mais tarde, à Praça dos Namorados.

Fazia o curso de Medicina que me exigia estudar “full time” e tinha fôlego pra trabalhar como repórter e redator no Jornal A Tribuna e na querida Rádio Espírito Santo. E ainda me metia na política em seus mais variados espectros.

A ditadura militar sendo combatida e aos poucos se abrindo e dando espaço pra reabertura do muito que havia sido fechado. Eu me entusiasmava com isso.

O mundo se abria pra mim e eu caía dentro. Assim foi que, ao lado de brilhantes colegas do jornalismo, como Tinoco do Anjos, Rogério Medeiros, Jo Amado, nosso Editor Chefão, Osvaldo Oleari, Chico Flores e vários outros, reabrimos o Sindicato dos Jornalistas.

Ao lado de Vitor Buaiz, Osvaldo Pignaton, Penha Davila, Nilton Baiano, Gabriel Oliveira, Geraldo Queiroz, etc., ainda estudante, participei ativamente da reabertura do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo em 1980.

Me entusiasmei com a ideia de mudar o cenário político brasileiro, colocando como atores do mesmo os trabalhadores, já que até então só víamos as “elites” participarem do processo.

Fui a campo junto com Perly Cipriano, Vitor Buaiz, Otaviano de Carvalho, João Coser, Graça Andreata e muitos outros “companheiros” pra fundar o PT no Espírito Santo.

Sobrou tempo pra política estudantil e para participar da diretoria do DCE em 83/84.

Jardim da Penha foi meu “front” mais frequente. Ao lado de Otaviano de Carvalho, Lízia, Rita de Cássia Machado, Alexandre Passos, mais uma turma de “meninos” e alguns coroas, participei da fundação da Associação dos Moradores (Amjap) e da sua primeira diretoria.

Ali também fiz campanha política, assim como vi hoje muitos outros fazendo, inclusive pedindo votos pra mim mesmo.

A ideia de me fazer candidato a deputado pelo PT veio do amigo (da onça) Perly Cipriano. Não aceitei. Já tinha afazeres demais e disse: não levo jeito pra político. Fui dormir certo de que a ideia havia morrido e acordei, na manhã seguinte, com meu nome registrado.

Já que é, vamos à luta. Vamos à campanha. Era uma terra sem lei. As campanhas eram muito aguerridas. Mas não belicosas. Não valia dar porrada. Nem cadeiradas.

Valia ser doido. No PT havia vários. A começar por nós mesmos. Perly, um desconhecido recém saído da prisão política, candidato a governador.

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perly cipriano com andré moreira

Eu, um menino, candidato a deputado. No carro, a caminho do interior pra fazer comício, o Perly consentiu nossa paranoia.

“O Carlito (Von Schilgen) e o (Gerson) Camata trabalham duro na campanha porque têm chances de ganhar. Nós sabemos que vamos perder e mesmo assim estamos aqui. Só doido!!”

Só Freud pra explicar.

Havia também alguns malucos literais. Como o Délio, figura patente em qualquer reunião do partido. Lá chegando, sempre se inscrevia pra falar. Até tentávamos dissuadi-lo, mas não tinha jeito. E suas falas eram quilométricas e tortuosas.

Em campanha na Praça Oito, o candidato a vereador Tarcísio Ligeirinho colocou sobre uma mesa seus santinhos e um megafone.


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3 de novembro de 2024
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450 por 303 píxeisEnquanto conversava com eleitores, chega o Délio, pega o megafone e dispara a gritar palavras de ordem, tipo “morte à ditadura”, “morte aos generais”, etc.

Com um pouco de custo, Tarcísio o convenceu a entregar o megafone. Mas o Délio não se deu por vencido. Enrolou um jornal em forma de cone e, usando como um megafone, continuou sua gritaria pela praça.

Até parar um ônibus, onde dormia um trabalhador cansado, com a cabeça encostada na janela entreaberta. Délio encostou seu “megafone” próximo ao ouvido do dorminhoco e soltou o grito de “abaixo a ditadura” com todos os decibéis que o pulmão podia imprimir.

O sonâmbulo acordou num salto e no outro já estava na rua correndo atrás do Délio, que escapuliu pela escadaria Maria Ortiz e foi se esconder no bunker do PT na rua Nestor Gomes.

Não era proibido produzir sujeira. E a gente se esmerava. Os postes de energia, as paredes, muros, enfim, tudo que estivesse na vertical, era alvo pra colagem de propagandas ou pichações. Com direito a pichar a pichação dos adversários.

Às vezes, com bom humor moleque. Como numa pichação feita pelos cabos eleitorais do candidato a senador Max Mauro, que encontramos por terminar num muro.

Escreveram o nome do candidato na vertical e iniciaram um tipo de palavra cruzada. No M completaram com Moralidade.

No A, com Austeridade. Penso que não encontraram adjetivo pro X e o deixaram em branco.

Passei por perto com minha brocha e mandei: Xoxota.

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
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