Terezas
ESPECIAL MULHER | ARTIGO
Manoel Goes Neto
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha foi reconhecido pela ONU em 1992.
Ele foi criado para fortalecer a união entre as mulheres no combate ao racismo e ao machismo enfrentados pelas mulheres negras, não só nas Américas, mas também ao redor do globo.
A Lei 12.987/2014 estabeleceu no Brasil o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, celebrado em 25 de julho.
Além de compartilhar os princípios do Dia Internacional estabelecido em 1992, essa data tem o propósito de dar visibilidade ao papel da mulher negra na história brasileira através da figura de Tereza de Benguela.
Terezas
Tereza foi uma líder do Quilombo Quariterê, localizado no atual estado do Mato Grosso, onde lutava contra o governo escravista e coordenava as atividades econômicas e políticas do quilombo.
Assim como outras heroínas negras, Tereza de Benguela é um dos nomes esquecidos pela historiografia nacional.
Nos últimos anos, devido ao engajamento do movimento de mulheres negras e à pesquisa ou resgate de documentos anteriormente não estudados, há um esforço para recontar a história nacional e multiplicar as narrativas que revelam a formação sociopolítica brasileira.
Tereza viveu no século XVIII e foi casada com José Piolho, líder do Quilombo do Piolho até ser assassinado por soldados do Estado.
O Quilombo do Piolho, também conhecido como Quilombo do Quariterê, localizava-se na atual fronteira entre Mato Grosso e Bolívia e foi o maior do Mato Grosso.
Com a morte de José Piolho, Tereza assumiu a liderança e, sob sua direção, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas.
O Quilombo do Quariterê abrigava mais de 100 pessoas, com significativa presença de negros e indígenas. Tereza navegava com barcos imponentes pelos rios do pantanal e era conhecida como “Rainha Tereza”.
O local, de difícil acesso, proporcionou a Tereza coordenar um forte aparato de defesa e um parlamento para decisões comunitárias.
A comunidade subsistia do cultivo de algodão, milho, feijão, mandioca, banana, e da venda dos excedentes.
Atualmente, é significativa a participação das mulheres quilombolas e das mulheres de comunidades periféricas de casas tradicionais de matriz africana na proteção das tradições culturais, na defesa da titulação das terras de suas comunidades e na busca pelo desenvolvimento e direitos sociais fundamentais como educação formal e saúde.
Essas mulheres dão visibilidade e inspiração ao papel da mulher negra na história brasileira.
Temos muitas “Terezas” e que venham outras mais, na luta contra o racismo, intolerância e machismo, em identidade ímpar com a líder quilombola Rainha Tereza de Benguela. Sagrada ancestralidade!
Manoel Góes Neto é escritor, produtor cultural e diretor no IHGES.
Terezas
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