Zumbi
Tiradentes em Ouro Preto, nas Minas Gerais; Zumbi em Palmares, na Capitania de Pernambuco, atual União dos Palmares, estado de Alagoas. Dois visionários lutando pelo mesmo futuro com um mesmo trágico fim.
NEC = Nota do Editor Chefão, Don Oleari |
Ainda sob o eco do dia 21 de abril deste 2024 e às vésperas do dia 13 de Maio, dedicado à Abolição da Escravatura, caminhemos com nosso pesquisador Rubens Pontes pelas trilhas e vielas que nos levaram a movimentos libertários e – por que não? – à suposta independência do Brasil Varonil Céu de Anil. Uma reprise válida. Rubens Pontes sabidascoisa, quinemqui diz sempre o Editor Chefão (Don Oleari).
COLUNA
AQUI RUBENS PONTES
MEUS POEMAS DE SÁBADO
O mês de novembro comporta datas significativas na História do Brasil.
05 – Dia da Língua Portuguesa.
14 – Dia do Bandeirante.
15 – Dia da Proclamação da República.
19– Dia da Bandeira.
20 – Dia da Consciência Negra.
22 – Dia de Ação de Graças.
28 – Dia do Soldado Desconhecido – FEB 1945.
Dia da Consciência Negra
Don Oleari Portal de Notícia tem abordado temas aluisivos a datas pertinentes e o destaque desta coluna é o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, efeméride Instituída pela Lei 12.519, de 10 de novembro de 2011.
O Dia da Consciência Negra tem relação umbilical com a imagem da figura fascinante do líder quilombola Zumbi de Palmares, no Nordeste brasileiro, que passou à História brasileira como inspirador do Movimento Unificado contra a Discriminação Racial.
Seu nome é sugerido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, para abordagem nas aulas de ensino básico como exemplo da luta dos negros por maior espaço na vida brasileira (Lei 10639).
Maior e mais relevante espaço
Na Redação do Don Oleari Portal de Notícias são lembrados nomes de destaque na literatura brasileira que poderiam ter tido maior dificuldade para conquistar espaços e obter troféus no podium do pensamento criativo, não fosse o exemplo de vida e ação deixado por um quilombola nascido nos rincões do sertão alagoano.
Vejam. É um elenco de peso.
Machado de Assis, mulato nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro; Maria Firmina dos Reis, escritora negra nascida em São Luiz do Maranhão; Carolina Maria de Jesus, nascida na Favela do Canindé, São Paulo; Cruz e Sousa (conhecido como Dante Negro) jornalista e escritor no Rio de Janeiro, introdutor do Simbolismo no Brasil.
Mas temos outros: Joel Rufino dos Santos, nascido em Cascadura, Rio de Janeiro, prêmio Jabuti de Literatura; Elisa Lucinda dos Campos Gomes, de Cariacica, Espírito; Elizandra Souza, nascida no Jardim Iporanga, periferia da zona sul de São Paulo; a brasileira Mel Audin, nascida em Washington, cidade onde seus pais se exilaram durante o regime militar; Fátima Trinchão, nascida em Salvador.
Zumbi dos Palmares
Don Oleari Portal de Notícias não teria estimulado o Colunista a esse levantamento se seu propósito maior não fosse destacar o papel em vida escrito pela singular passagem de Zumbi dos Palmares, um quilombola que se dedicou a lutar pela liberdade de culto e religião colonial e pelo fim da escravidão no Brasil durante seus ásperos tempos de vida.
Conta-nos Juliana Bezerra, professora de História, ser Zumbi sobrinho do líder Ganga Zumba, filho da princesa Aqualtune dos Jagas, povo africano de tradições militares conceituados como grandes guerreiros.
Zumbi nasceu em 1655 no Quilombo dos Palmares, na então Capitania de Pernambuco (atual União dos Palmares, Alagoas).
Aos seis anos, foi aprisionado por expedição portuguesa e entregue aos cuidados do padre Antônio Melo em Porto Calvo, batizado como Francisco e aprendendo português e latim.
Aos 15 anos fugiu e voltou para o Quilombo, desafiou seu tio Gamba Zunga e assumiu seu lugar como líder de Palmares.
Mobilizou forças e ganhou notoriedade ao defender o quilombo dos ataques portugueses, resistência que levou à contratação dos bandeirantes Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo para combatê-lo e à destruição da “Cerca do Macaco”, capital de Palmares.
Zumbi conseguiu escapar, até que, delatado por um dos seus capitães, foi capturado e morto. Tinha 40 anos de idade.
O capitão português que o matou recebeu do Imperador Pedro II, como prêmio, 50 mil réis, uma fortuna na época.
Tiradentes
Como a cidade de Vila Rica, em Minas Gerais, e o Rio de Janeiro iriam testemunhar no futuro então distante a cabeça decepada de Tiradentes, em Palmares o episódio foi o mesmo: Zumbi teve a cabeça decapitada, salgada e levada ao governador da época, Melo e Castro.
Homenagens
O reconhecimento do movimento negro no Brasil desde então é tão significativo que deixou marcas irmanadas ao nome do líder quilombola:
Entidade superior de ensino foi criada como Faculdade Zumbi dos Palmares – FAZP – em São Paulo; o Aeroporto Internacional de Maceió foi inaugurado em 2005 com seu nome; o primeiro prêmio alcançado pela Escola de Samba da Vila Isabel, no Rio de Janeiro, teve como enredo “Kizomba, Festa da Raça.”
Dia Nacional da Consciência Negra: 20 de Novembro
Nos associamos à data, todos nela envolvidos direta ou indiretamente, homenageando a personalidade de Zumbi dos Palmares e os que, superando arraigados preconceitos, fazendo eco, cumpriram seu papel na sociedade como poetas, escritores, jornalistas, políticos, homens do Mundo.
Nessa destacada relação, inserido como prêmio aos que igualmente reverenciam o pecúlio de bravura e os sonhos de futuro mais seguro buscados por Zumbi de Palmares, a poeta Elisa Lucinda fecha a Coluna deste com seu poema Chegada do amor.
Rubens Pontes, jornalista
Capim Branco, MG
Revisão: Márcia M.D. Barbosa
Chegada do amor
Elisa Lucinda
Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis um amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão do amanhecer.
Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis um amor
que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultrassonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o “garantido” amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contassem.
Ah, eu sempre quis um amor que amasse.
Poesia extraída do livro “Eu te amo e suas estreias”, Editora Record – Rio de Janeiro.
Veja aí, informações sobre o Parque dos Palmares, situado a 84 km de Maceió, capital de Alagoas.
Zumbi
Edição, Don Oleari – [email protected] –
https://www.facebook.com/oswaldo.oleariouoleare
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