Barra de São Francisco
Coluna PANO DE FUNDO |
Edilson Lucas do Amaral
Dinastia dos Anjos, os Pereira e os novos do cenário, Firmino, Gustavo e o líder religioso conservador Denilson.
Nas terras férteis e serenas do noroeste do Espírito Santo, ergue-se Barra de São Francisco como um potro indomado, galopando em direção ao futuro. Seu potencial eleitoral é notório, colocando nomes influentes na política do ES e consolidando-se como âncora em uma região que abraça mais de dez municípios.
Às margens da confluência dos rios Itaúnas e São Francisco, uma calmaria aparente esconde a efervescência política que aflorou após a democratização do país, em 1982. Ninguém imaginaria que dessa tranquila paisagem brotaria uma das maiores oligarquias eleitorais do Espírito Santo, encabeçada por figuras emblemáticas como Enivaldo dos Anjos e a família Pereira, do saudoso Bigode.
Edinho Pereira, prefeito por três legislaturas, e seu filho Luciano, que sucedeu ao pai por mais de um mandato, uniram-se para obter três mandatos de deputado estadual. Enivaldo dos Anjos, por sua vez, estendeu seu poder a diversos cargos políticos, como secretário de governo, conselheiro de tribunais de contas, obtendo cinco mandatos de deputado estadual.
Além disso, levou seu filho ao posto de deputado e seu sobrinho a ser considerado um verdadeiro “coronel” na política francisquense.
Essa oligarquia política impregnou a cidade e todo o município com seus costumes e tradições, entranhando-se na cultura local. Enquanto o poder político se fortalecia, a vida cotidiana fluía harmoniosamente, com os moradores apegados a suas preciosidades que se destacavam no cenário como a antiga e emblemática Igreja Matriz.
No entanto, nos últimos anos, novas lideranças políticas emergiram, mudando o panorama político do município, transformando-o em um caldeirão fervente.
Um desses novos líderes é Firmino, um policial militar reformado, cuja surpreendente votação o colocou em pé de igualdade com Enivaldo. Embora Enivaldo tenha se tornado prefeito, o desentendimento com seu vice, Gustavo Lacerda, gerou um novo opositor que o venceu nas eleições de 2022 no município, superando até mesmo o deputado eleito Mazinho dos Anjos, membro da família oligárquica dos Anjos.
Esse fato hoje une Firmino e Gustavo, mas ambos no íntimo querem ser o candidato do grupo, e Firmino, mesmo com rumores de impossibilidade jurídica, garante sua pré-campanha.
Barra de São Francisco viu-se em meio a uma efervescência política, onde novas lideranças como Gustavo e Firmino emergiram, rivalizando com a longeva influência dos Pereiras e dos Anjos.
Contudo, Luciano Pereira, um comunicador sempre disposto a entrar na disputa eleitoral, permaneceu em silêncio, podendo, a qualquer momento, ressurgir e invocar a densidade eleitoral que marcou o passado de sua família.
Além das disputas locais, a eleição presidencial também ecoou na cidade, com Bolsonaro obtendo uma votação expressiva, superando Lula com uma ampla margem. Nesse contexto, um líder religioso evangélico com perfil conservador, Denilson Feirante, declarou-se como pré-candidato e não pretende abrir mão de sua aspiração política.
“Não posso sempre abrir mão”, declara Denilson.
Entretanto, Enivaldo não está isento de desafios. O aumento na folha salarial com novos cargos comissionados, legislações questionáveis em benefício de aliados como um recente tratamento dentário, e advertências do Tribunal de Contas por gastos excessivos com pessoal geraram desgastes em sua imagem.
Pela primeira vez, seu coronelismo parece estimular adversários e criar expectativas para uma eleição nunca antes vista na cidade, com quatro ou cinco candidatos com reais chances de vitória.
Nesse cenário, uma eleição acirrada poderia, em teoria, facilitar a reeleição de Enivaldo, já que a divisão dos votos favorece a máquina da situação. No entanto, a realidade é bem diferente em Barra de São Francisco.
Denilson busca o apoio do PL e mantém sua candidatura firme, enquanto Gustavo e Firmino, mesmo formando uma aliança, nutrem o desejo de concorrer ao pleito. Luciano, por sua vez, aguarda em silêncio, um experiente estrategista político que pode surpreender e recuperar a densidade eleitoral de sua família a qualquer momento.
Assim, Barra de São Francisco se prepara para um momento histórico em sua política, onde novos desafiadores emergem em meio às águas dos rios que a criaram, que há muito tempo forjaram o destino dessa próspera região de rochas.
O futuro é incerto, mas as próximas páginas dessa emocionante saga estão prestes a ser escritas. E, tal como a Cachoeira do Pão e a Igreja Matriz, os valores e símbolos locais permanecerão enraizados na cultura e no coração dos franciscanos, guiando-os em meio ao turbilhão político (Edilson Lucas do Amaral).
Barra de São Francisco
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