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Eustáquio Palhares: o Brasil de setembro de 2022 (II)

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eustaquio palhares
  • – Outra  conhecida estratégia da Esquerda é valer-se da Democracia como espaço de expressão da livre opinião até que ela, a Esquerda, alcance o poder, quando então a Democracia é suprimida. Ela é sempre a segunda vítima. A primeira é a Verdade.

Eustáquio Palhares

Parece que a mais reconhecida vocação do Brasil numa divisão internacional do trabalho – a de provedor de alimentos e energia – está por se afirmar não por mérito dos brasileiros, mas pelo berço esplêndido em que o país nasceu.

Não temos a decantada produtividade chinesa, ou a tecnologia norte americana, ou os engenheiros que a Índia produz às toneladas, mas temos insolação quase permanente e extensão territorial, além de uma tecnologia de alimentos desenvolvida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) – – no Espírito Santo, Incaper – que nos coloca em situação privilegiada, no momento. E como dizia um cético fazendeiro: o mundo não come chip ou circuito impresso, necessita de arroz, feijão, carne, comida…

Um fator preocupante numa eventual vitória de Lula é que Lula não é o pensador da esquerda. Lula é, por seu indiscutível apelo carismático para alguns, o macaco do realejo que é tocado pelo José Dirceu. Este, sim, tem estofo ideológico onde a fisiologia é uma moeda de troca válida, legítima, no entendimento de que os fins justificam os meios.

Dirceu é o arauto de um socialismo continental e foi o mentor da política expansionista do Brasil de financiamento de ativos por toda América do Sul e África. Tem a exata noção da distinção de que Governo é diferente de Poder. O STF hoje comprova o quanto foi decisivo a corte ser integrada majoritariamente por ministros indicados pelo petismo.

O Brasil está sequestrado pelo STF, principalmente o Congresso, cujos integrantes portam  fichas criminais que os tornam  reféns, logo, mero homologadores dos caprichos absolutistas de Alexandro Moraes, seu grupo ou  seu voto monocrático. A sanha imperialista de Zé Dirceu não se arrefeceu mesmo com as provações que ele experimentou, passando a operar virtualmente na clandestinidade.

Lula ganhando não resta dúvida de que ele será o homem forte do Poder e tentará afirmar a consistência da tese socialista. Mesmo que não tenha funcionado em qualquer lugar do mundo. Talvez a sociedade brasileira tenha que pagar para constatar isso e só assim o canto de sereia da Justiça Social da Esquerda seja relegado ao arquivo dos estelionatos políticos.

 

No contraponto, a alternativa direitista, no caso o presidente Jair Bolsonaro. Sua reeleição não extinguirá as infatigáveis e até criativas narrativas da esquerda que primam por uma estratégia conhecida: imputar ao adversário as suas próprias práticas.

Tenta-se, ultimamente, o clichê da corrupção e com a cumplicidade dos cartórios midiáticos tradicionais perpetra-se fakes news que mesmo aos que se colocam como isentos, os fora das bolhas, os que não subscrevem a polarização, soam convincentes e, por isso, representam uma ameaça pela capacidade de engendrar uma ficção conveniente.

É o caso da recente “denúncia” das propriedades adquiridas pelo clã Bolsonaro. Razamente levantou-se o sobrenome de todos que portam o mesmo sobrenome como evidência de formação de uma quadrilha que se locupletou dos recursos públicos para constituir seu patrimônio imobiliário. É uma manipulação tão grotesca que não mereceria discussão, não tivesse sustentado manchetes do consórcio jornalístico que reitera advertências sobre o risco democrático que Bolsonaro se constitui.

É fato que a persona do Bolsonaro não inspira simpatia aos que prezam modos mais refinados, corteses ou mesmo apenas intelectuais (embora não se possa esperar também isso de Lula). Suas metáforas às vezes grotescas, rudimentares, só fazem alimentar essa aversão. Mas também é verdade  que a truculência do seu estilo parece agradar ao senso comum, às pessoas para quem a rispidez se confunde com uma desejável franqueza.

A outra conta que se debita a Bolsonaro é sua origem militar e, por isso, seu permanente flerte com o quartel, de onde é egresso. Pessoas que exercitam a vida pública tendem a trazer fortes condicionamentos de suas carreiras profissionais. Engenheiros, gestores, técnicos, advogados, jornalistas, etc. No Brasil, a anistia de 1979 foi parcial, não alcançou no imaginário popular os que se alinharam com o Regime Militar, identificados legitimamente com seus propósitos, com a formação de Direita, com a fobia ao comunismo.

jose-dirceu-12-1.jpgCompetente em construir narrativas, a Esquerda não vai deixar a ameaça do arbítrio dissipar-se, sempre o associando ao militarismo. Na verdade, não há um momento na história da Velha, da Nova e da Novíssima República – proclamada por Tancredo Neves em 1984 – em que os militares não estiveram presentes, inaugurando essa presença com a deposição do imperador Dom Pedro II com um golpe do qual a população esteve inteiramente alheia.

Tanto assim que o imperador e família foram desterrados de madrugada, ante o temor de que a população se revoltasse. Desde sempre a milicada rugiu. Garantindo posse de presidentes, a crise de 1930, o golpe de Estado de Getúlio, a posse de Juscelino e rosnou ante a posse de João Goulart em 1961 com a renúncia de Jânio Quadros, até a quartelada de 1964. Aí, apoiada pela unanimidade da Grande Imprensa de então, Roberto Marinho à frente, ciosa da necessidade de repelir a onda comunista que começava a se irradiar a partir do Nordeste com as Ligas Camponesas.

Isso é uma coisa. Outra é prezar os valores de formação,  cabendo considerar outros critérios, como senso de disciplina, autoridade, formação moral, competência e patriotismo. Não por acaso, os centros acadêmicos militares são referências de excelência.
Mas aí entra o sofisma das narrativas: prezar os valores militares é cortejar o arbítrio, o autoritarismo.

Assim foi fácil para a Esquerda generalizar o blefe de que quem gosta de militar conspira contra a democracia. O que se vê do ânimo militar é que as gerações do quartel  que sucederam às de 1964 lidam com a demonização do golpe. Mencionar quartelada ou golpe para muitos equivale ao dito do “falar de corda em casa de enforcado”, pela discriminação social com que lidaram depois da restauração da Democracia.

Outra  conhecida estratégia da Esquerda é valer-se da Democracia como espaço de expressão da livre opinião até que ela, a Esquerda, alcance o poder, quando então a Democracia é suprimida. Ela é sempre a segunda vítima. A primeira é a Verdade.

Brasil de setembro

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Leia o primeiro e o segundo aí:

Eustáquio Palhares: o Brasil de setembro de 2022 (I)

 

Don Oleari - Editor Chefão

Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
Don Oleari Corporeitcham

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