Hamilton Gangana | Desculpe nossa falha

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Desculpe nossa falha

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O dono não entrou porque o funcionário da recepção o barrou. 

COLUNA MÍDIA AO MOLHO | Todas as mídias

ESPECIAL, DIRETO DE BELZONTE/MG

Hamilton Gangana

Hamilton Gangana

A atração na telinha da tv, em Belo Horizonte, era um jogo de futebol, a bola rolando no estádio Independência, o gigante do Horto.

O narrador chamou a atenção dos “prezados amigos e telespectadores” para uma notícia desagradável, que seria dada naquele momento: um torcedor, de meia idade, que assistia ao desenrolar da partida, na arquibancada, teve um mal súbito e acabou falecendo.

Constatou-se que foi um enfarto fulminante. Sem ainda possuir dados precisos, o narrador noticiou que a vítima do infarto era o “seu Joaquim”…Joaquim de tal…e que, dentro de alguns instantes, daria a informação completa.

Segue o jogo. Naturalmente, o telefone da emissora disparou a tocar. Os familiares de muitos Joaquins, todos aflitos, perguntando: Joaquim de quê?… pelo amor de Deus…informem qual Joaquim… Meu pai é Joaquim… Joaquim de quê?

A informação apressada e incompleta do profissional sacrificou, temporariamente, dezenas de Joaquins que saíram felizes de casa, com destino ao estádio, para torcer pela vitória de seu time “do coração” e comemorar.

Muitas famílias, que tinham um Joaquim, ficaram angustiadas, até a notícia ser transmitida corretamente, com nome completo, idade, profissão e outras referências do torcedor falecido repentinamente.

Para uma daquelas famílias, certamente, foi um um domingo trágico, para ser esquecido.

O assunto na cidade, em casa, nas rodas de conversas e no trabalho, era a disputa acirrada por compradores de quotas de propriedade dos clubes sociais Iate Tenis Clube e Pampulha Iate Clube – este em campanha publicitária de lançamento.

O primeiro, não estava disposto a perder a sua condição de pioneiro e um dos mais conceituados clubes de BH, plantado na parte mais nobre do admirado conjunto arquitetônico da Pampulha, criado por Oscar Niemeyer.

Cada um procurava destacar seus principais apelos de vendas, em reclames de página inteira, nos grandes jornais. Aproveitando o bom momento, alguns empreendedores decidiram entrar na fogueira com uma terceira opção: o Jaraguá Country Club, a ser erguido em vasta área próxima do aeroporto da Pampulha.

O clima esquentou ainda mais, com as novas e tentadoras opções apresentadas. Coube a uma das mais renomadas agências de propaganda de Minas cuidar da campanha de lançamento do Jaraguá.

Sob intensa expectativa, foram lançados os reclames da campanha do novo centro de lazer e entretenimento. Com a preocupação de garantir melhor qualidade e sigilo, num segmento já em ebulição, os clichês de impressão passaram a ser produzidos em São Paulo.

A empresa fornecedora do trabalho ficou incumbida de localizar um passageiro, em trânsito para BH, e acertar a entrega da encomenda a um receptor devidamente identificado, no aeroporto da Pampulha, como já havia sido feito algumas vezes, sem problema.

Mas aconteceu um imprevisto e a tristeza tomou conta dos envolvidos na empreitada. Numa edição de domingo, apareceu o texto impresso no rodapé da página reservada no principal jornal: espaço reservado para um anúncio do Jaraguá Country Club.

A encomenda havia sido entregue, por engano, no aeroporto de São Paulo, a um ilustre passageiro com destino à cidade de Goiânia. São passados mais de 60 anos, e a ”caixa preta” ainda não foi localizada.

O dono da agência de propaganda falou diretamente com um de seus redatores, por telefone, e passou os dados necessários para a criação de um convite para um evento de interesse de um cliente da casa.

Recomendou atenção especial. Ficou faltando apenas nomear as pessoas que seriam homenageadas, o que seria feito depois. O texto e a ideia do trabalho foram aprovados, por telefone, tendo em vista a sua urgência.

No dia seguinte, a peça foi entregue e a agência elogiada pela agilidade e presteza. Só que foi tudo para o lixo. Os nomes dos homenageados, colocados no texto, eram apenas provisórios, todos fictícios e listados para sugerir o espaço necessário.

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3 de novembro de 2024
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480 por 353 píxeisNão havia mais tempo para refazer. Um tiro no pé. O empresário viajou a Belo Horizonte para prestigiar as festas de aniversário da sua emissora e inaugurar os novos e potentes transmissores de 10 kW, instalados em uma das curvas com aterro da lagoa da Pampulha.

Por conveniência, ficou hospedado bem perto, no Grande Hotel, na esquina de rua da Bahia com a avenida Augusto de Lima, espaço depois ocupado pelo arrojado conjunto Arcangelo Malleta.

Para abrilhantar as festas comemorativas, vieram especialmente de São Paulo vários artistas como Mazzaroppi, Hebe Camargo, Lolita Rodrigues, Hélio Ribeiro, entre outros.

Convidado para abrir a programação oficial, o “Velho Capitão” dispensou acompanhantes e subiu a rua da Bahia, sozinho – o curto quarteirão, de 120 m, entre o Grande Hotel e a sede da emissora, no terceiro piso da antiga edificação onde está o Museu Inimá de Paula.

Tudo pronto, em cima da hora de começar o evento e nada, nenhuma notícia do poderoso chefão.

Preocupado, o gerente da emissora decidiu ir atrás e aconteceu algo surpreendente: avistou o dono da rádio postado, de pé, no salão de recepção do prédio, impedido de tomar o elevador pelo respeitoso ascensorista, que o barrou por não apresentar o convite impresso.

Interpelado de imediato pela direção, o funcionário disse que apenas cumpriu, à risca, as ordens expressas que havia recebido do senhor gerente:

“Sem convite, nem o dono pode entrar”!

Tarefa cumprida. Com receio de ser demitido com o imbróglio, o tristonho funcionário abriu um largo sorriso no final, ao receber a notícia de que foi elogiado pelo patrão famoso, por sua competência e coragem. Um final feliz.

Como se sabe, avenidas, ruas e praças de BH, são originalmente identificadas com nomes dos estados brasileiros e personalidades; cidades mineiras, datas importantes, minérios e pedras preciosas; flores e povos indígenas.

Inicialmente, a avenida se estendia desde o antigo Mercado até o cruzamento com a Avenida Brasil. A partir desse ponto, ela se transformava em um caminho de terra que levava ao antigo Cruzeiro. Posteriormente, foi ampliada até o cruzamento com a Avenida Paraúna, muito próxima ao Cruzeiro, que era o ponto final da avenida de acordo com o plano de 1895.

Avenida-Afonso-Pena-1911-e1730678541132.webp 3 de novembro de 2024 219 KB 500 por 322 píxeisNos anos 70, a Avenida Afonso Pena era um local charmoso para passear. O tráfego ainda era bem controlado, e a cidade vivia um período de grande progresso. A avenida estava cercada por prédios modernos, lojas diversas com vitrines amplas e bem cuidadas, cinemas, cafés, hotéis, empresas de destaque, bancos, consultórios médicos e uma população elegante que transitava pela região.

Avenida Afonso Pena, Amazonas, Pedro II; rua São Paulo, praça Raul Soares, Sete de Setembro; rua do Ouro, Níquel, Rubi, Magnólia; rua Tupinambás, Carijós, Caetés; Três Corações, Coromandel.

Ao bairro Floresta foram destinados nomes de tribos indígenas tupi-guarani: Tocantins, Itambé,Tapuias,Tabaiares,Guararapes, Sapucaí e Itatiaia.

Tão logo inaugurou o edifício “Palácio do Rádio”, a sede própria, com novos estúdios da TV Itacolomi e Alterosa; rádios Guarani e Mineira, localizada na avenida Tocantins, bairro Floresta, cuidou-se de trocar o nome original de avenida Tocantins por avenida “Assis Chateaubriand”.

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avenida assis chateaubriand

Só que, a espaçosa edificação tinha também uma entrada secundária, pelo outro lado, a rua Itatiaia, e esse nome incomodava.

A Câmara Municipal aprovou a troca do nome Itatiaia por “Geraldo Teixeira da Costa”, em homenagem ao eminente ex-diretor geral dos Associados, em Minas.

Terminada a solenidade oficial, no salão nobre da Câmara, uma ação inesperada: o vereador e radialista Aldair Woyames Pinto, com destacada atuação na rádio Guarani, da cadeia Associada, e, naquela época contratado do elenco da Itatiaia, apresentou, em seguida, uma proposta, imediatamente aprovada pelo plenário.

A tradicional rua Coromandel, no bairro Bonfim, onde era instalada a sede da rádio Itatiaia, a partir daquele momento, passava a ter a denominação de “rua Itatiaia”, conforme decreto assinado e referendado.

O dono da emissora, o jornalista Januário Carneiro, comentou o fato no dia seguinte, no Jornal da Itatiaia. Mas ficou uma pergunta no ar: afinal de contas, onde foi parar a remanescente rua Coromandel? A conferir (Hamilton Gangana).

Hamilton Gangana, publicitário, é ex-presidente da Associação Mineira de Propaganda.

assis-chateaubriand-inaugura-tupi-de-sp-2.jpg 24 de abril de 2024 29 KB
assis chateaubriand inaugura tupi de sp

Foto de capa: Assis Chateaubriand, o criador da TV Tupi de São Paulo, a quarta emissora de televisão então existente no mundo.

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Don Oleari - Editor Chefão

Radialista, Jornalista, Publicitário.
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